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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

«Danser sa vie» - Roger Garaudy











«Danser sa vie»
    Roger Garaudy

Préface de 
Maurice Béjart

Èditions du Seuil
Paris - 1973
197 pags.

Capa: 
G.Donn et T.Bari em «Les vainqueurs».
ballet de Maurice Béjart. Photo Roger Pic.


«Danser sa vie, consiste nesse prazer que reside no âmago das coisas, exatamente no ponto donde jorra um futuro prestes a nascer, e participar na sua invenção»

A dança é abordada por Roger Garaudy, neste livro, como símbolo do acto de viver, como fazendo parte da resposta às questões colocadas pela modernidade. Uma nova maneira de dançar procura-se, quando uma fratura da história impele o homem a procurar uma nova maneira de existir!

A dança moderna - graças a Isadora Duncan, Ruth Saint-Denis, Ted Shawn, Martha Graham, Jerome Robbins, Maurice Béjart - liga-se com o que foi em todos os povos e em todos os tempos: não apenas uma arte, antes uma arte de viver, um modo de exprimir intensamente as relações do homem com a natureza, a sociedade, seu futuru, seus deuses.

Ao ler este ensaio de Roger Garaudy, Maurice Béjart escreveu: «Tenho a impressão de ver exprimir tudo aquilo em que creio!


Índice

Prefácio

A dança na vida

Os pioneiros

Os criadores da dança moderna

A dança depois de 1950

Bibliografia




terça-feira, 18 de novembro de 2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

«Para uma Teologia do trabalho» - Marie-Dominique Chenu, O.P. e «O Compromisso Temporal Liberta o Cristão» - Salgado Vaz




  «POUR UNE 
    THÉOLOGIE 
    DU TRAVAIL»
´PARA UMA TEOLOGIA 
  DO TRABALHO´
 Marie-Dominique Chenu  O. P.
Livre de Vie - 53
Éditions du Seuil
Paris - 1955
D. L. 1er  T. 1965 - Nº 1663
119 páginas
Capa:
Foto Robert Doisneau (Rapho)


É aqui reeditado, tal como foi publicado ('L' Esprit', janeiro 1952), um ensaio sobre a Teologia do trabalho. A evolução da conjuntura dá sentido a estas reflexões mesmo onde seriam ultrapassadas.
Acrescentam-se dois artigos, através dos quais se visaria tornar sensível a indispensável ligação entre uma reflexão doutrinária sobre o trabalho e uma teologia da história, que vá além do mais ininteligível dos moralismos.
Uma nota, em apêndice, dá a conhecer um texto, muito significativo apesar do seu aparente arcaísmo, de um teólogo grego cristão da Antiguidade,Máximo Confessor!

- Para uma teologia do trabalho
- O ´Homo oeconomicus e o cristão`

Nota complementar:
Um texto de São Máximo sobre a
relação do homem com a natureza.





O trabalho ocupa um lugar cada vez maior nas preocupações dos filósofos e dos sábios, e então os homens aí veem o elemento dominante da nossa civilização. Ora, se existe uma Teologia da guerra, ainda não existe uma Teologia do trabalho. Para a sua fundação, há coisas que se impõem, que dizem respeito ao próprio homem, à sua relação com a natureza, com o seu papel na história.
O Padre Chenu, cujos trabalhos, ocupam neste domínio como em muitos outros, uma enorme importância, nomeadamente no Concílio, apresenta aqui as grandes linhas duma reflexão cristã sobre o trabalho, as relações do homem e da economia, e com o devir social,. Como lhe escrevia um crítico a quando da publicação deste livro: ´Apresenta os verdadeiros problemas da nossa época.` 









                    O 
          Compromisso 
           Temporal 
       Liberta o Cristão
 Carlos Nuno Salgado Vaz
Prefácio de Marie-Dominique Chenu
Tese de doutoramento apresentada 
na Pontifícia Universidade Gregoriana)
Braga - 1974
2664 páginas

Doutorado em Teologia, enviado especial ao
Terceiro Sínodo dos Bispos em 1971, Jornalista,
colabirador da imprensa diária e periódica.



Na teologia de Máximo Confessor encontra Chenu uma boa explicação da recapitulação que o homem deve efetuar da natureza. S. Máximo parte da unidade concebida no sentido metafísico da palavra: Deus é a Unidade suprema. - o Uno. O que de melhor podemos dizer de Deus é que Ele é a unidade, em si mesmo; é o poder unitivo inserido em todas as coisas como um gérmen racional. A obra da unificação é, portanto, a mais fundamental. Impossível atingir a perfeição sem realizar a unificação.
A economia (dinâmica na história) cristã realiza a unidade de Deus e do mundo porque Cristo é o recapitulador que respeita a originalidade de cada natureza que Ele quer conduzir à Unidade Suprema. A unidade do homem, corpo e alma, em imanência recíproca, realiza-se segundo as leis das duas naturezas no universo: o homem é um ser prolongado numa natureza cósmica. Mais ainda, a natureza cósmica é interior ao homem. Por isso o homem é um microcosmo.
À semelhança do Deus Criador, também o homem é fabricante do universo. Assim conseguimos a reunificação do universo na unidade de que ele e o próprio homem procedem por criação. A missão nobre do homem face ao mundo como microcosmo e demiurgo é expressa por S. Máximo com uma palavra muito significativa:'ergasterio' que, tendo a mesma raiz da palavra trabalho, significa o acto pelo qual o homem afronta, transforma e conquista a natureza, realizando-a por meio de uma unificação que, para a mentalidade grega, representa o cerne da perfeição atingida por uma coisa.
O homem é no mundo, uma oficina em acção permanente sobre todos os seres. É o homem o artesão que faz a unificação de todos os seres, de todas as realidades, observando, todavia, as diversificações das mesmas. Poderia parecer que o homem não é muito indicado para realizar tal unificação, uma vez que ele mesmo está dividido em macho e fêmea. Todavia, o homem possui, também por natureza, uma virtude de totalização que se estende a todos os extremos por meio de uma propriedade: a copulação. O plano unificador do homem manifesta-se realizando o grande mistério do plano divino de pôr em coerência mútua os seres opostos, conduzindo deste modo, ao retorno progressivo na unidade de Deus. "O homem recapitula nele mesmo, e segundo a sua natureza, as coisas mais distintas e várias entre si. Ele conduz todas as coisas a Deus como à sua causa, reunindo-as, primeiramente, na unidade, a partir da autonomia e divisão próprias, e fazendo-as progredir, depois, para Deus, graças a conexões ordenadas, numa ascensão exaltante e unificante, onde já não existe qualquer outra divisão".
Os Padres gregos discernem no homem a existência de uma relação fundamental à natureza. Chamam-lhe 'technê' e significam com ela a relação própria do homem à natureza como espírito incarnado. O trabalho, por conseguinte, é o acto próprio do homem enquanto que espírito incarnado.

´O Compromisso temporal liberta o cristão`


C. N. SALGADO VAZ .


GENERAL DWIGHT DAVID EISENHOWER


DOS HOMENS QUE SERVIRAM OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA QUE, PELO SEU EXEMPLO, DIGNIDADE, DEMOCRATICIDADE CODUZIRAM AS PESSOAS DE BOA VONTADE DE TODO O MUNDO A RESPEITAR A GRANDE FEDERAÇÃO NORTE-AMERICANA!... QUEM MAIS ME MARCOU FOI SEM DÚVIDA EISENHOWER!... 


                      Dwight Eisenhower (1890 -1969) 

'Dwight "Ike" Eisenhower (apelido que ganhou ainda na infância), nasceu em Denison, Texas, a 14 de outubro de 1890. A sua carreira militar só começou a decolar em 1930, quando um estudo seu sobre estratégia chegou às mãos do general Douglas Mac Arthur, então chefe dos exércitos. Foi levado para o Washington, onde ficou até 1935. Em 1942, já como o general, Eisenhower foi enviado a Londres para estudar o campo para as operações do exército dos estados unidos na Europa e ganhou o posto de comandante da campanha naquele continente. Em novembro de 1942 passou a chefiar também as tropas francesas e inglesas no norte da África e, em maio do ano seguinte, conseguiu a rendição de alemães e italianos na região. Daí foi comandar as invasões da Sicília e da parte continental da Itália. Eisenhower assumiu o posto de Comandante-Supremo aliado na Europa ocidental em dezembro de 1943 e coube-lhe aceitar a rendição incondicional dos alemães. 
Após a rendição dos alemães, maio de 1945, o general Dwight David Eisenhower foi aclamado como o grande vencedor das segunda guerra. Em Paris, Londres, Moscovo, Nova York, Washington, mais de um milhão de pessoas saíram às ruas para vê-lo passar em carro aberto como resposta aos aplausos, acenava com os dedos com "V", gesto ainda emprestado do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que o transformou em marca pessoal à medida que as forças aliadas venciam os alemães. O mesmo "V" da vitória foi o gesto que ele escolheu para comemorar por duas vezes a sua eleição à presidência dos estados unidos (em 1952 e 1956), pelo Partido Republicano. Durante dezassete anos - da etapa final da segunda guerra até a metade do seu segundo mandato como presidente -, popularidade que antes dele, nos EUA, só George Washington tinha experimentado. Em 1948, recusou a candidatura à presidência. Em 1950, as 12 nações que formavam a «Organização do Tratado do Atlântico Norte» (OTAN) e escolheram para comandar suas forças militares, com a missão de manter a paz na Europa, única cargo que exerceu até 1952, quando aceitou disputar a sucessão do presidente Truman. Em 1956 conquistou facilmente o segundo mandato, mas em 1960 seu prestígio estava bastante abalado e o seu candidato, Richard Nixon, perdeu para John Fitzgerald Kennedy, do Partido Democrata. O desgaste foi atribuído em parte à chegada da televisão - diante das câmaras ele se mostrava inseguro - correntemente se perdia em frases desconexas. Morreu em 28 de março de 1969, após muito tempo doente.

domingo, 16 de novembro de 2008

«Weltanschauug» ('Mundividência', 'Cosmocopia' )



Por «Weltanschauung», expressão imperfeitamente traduzida para o português como conceção do mundo ou visão da vida e do cosmos, entende-se uma forma de sentir e perceber o real e reagir em face da vida, que apresenta uma série de soluções ordenadas para os problemas capitais que nos ocorrem e solicitam. 

Ora, isso tanto nos pode dar o conhecimento vulgar, e é o que habitualmente ocorre com a maioria dos homens, os mais refinados a tal se referindo como sua «filosofia de vida», os menos, como seu «modo peculiar de ver as coisas»: -como a arte, a religião, a ciência ou a filosofia. Esta última implica uma «Weltanschauung», que  para a diferenciar da que nos proporciona a arte, a religião, a ciência ou o conhecimento empírico, devemos rotular de filosófica, aparecendo como tal, com todas as características do pensamento filosófico e pois identificando-se com a filosofia. 

Apenas, uma «Weltanshauung», mesmo a do filósofo, não será exclusivamente filosófica, senão que incluirá uma preferência artística, talvez um credo religioso, determinadas bases de conhecimento científico e, -por que não?- uma forte dose de saber empírico. Assim, se «Weltanschauung« e filosofia se não identificam, têm, entretanto, em comum este ponto: que ambas são formas de enfrentar, conceber e sentir o real e a vida, embora aquela habitualmente incorpore uma visão extra filosófica desses objetos.


'Liturgia' e 'Culto'

                                                LITURGIA E CULTO 


Em grego clássico «liturgia» significava 'obra pública' ou 'serviço social'; por exem­plo a construção de uma nave cujo custo se imputava a um particular opulento. A palavra adquire sentido cultual na tradição grega do Antigo Testamento chamada dos LXX. S. Paulo usa o termo 'liturgo' para designar uma função social quando se refere aos cobradores de impostos (Rom 13,6); em linguagem moderna dir-se-ia 'funcionário'. No Novo Testamento, quando os tempos litúrgicos se referem a judeus ou a pagãos, designam ações rituais: são sacrifícios o de Abel (Heb 11,4),os que se ofereceram ao bezerro de ouro (Act 7,41) e os do sacerdote de Zeus em Listra (Act 14,13); é 1iturgia o serviço de Zacarias no templo (Lc 1,23), e mencionam-se utensílios litúrgicos (Heb 9,21); são culto os Jejuns e orações de Ana no templo (Lc 2,37), ou as cerimónias rituais dos judeus (Rom 9,4). Mas quando o Novo Testamento aplica estes termos aos cristãos, liturgia, culto e sacrifício são a própria vida; nunca nos evangelhos nem nas cartas dos apóstolos se usa para indicar uma celebração em comum (só em Act 13,2 se dá uma exceção possível: o verbo derivado de liturgia emprega-se em ligação com um jejum, sem mais precisar a que se refere ). Não há dúvida que os cristãos celebravam juntos a eucaristia, mas o nome que lhe davam não era 'culto', antes 'fração do pão', expressão hebraica que significa 'comer juntos': 'pão' designa todo o alimento, e o facto de o 'partir' indica que se 'reparte' entre os comensais. O culto, o sacrifício e a 1iturgia do cristão são, pois, a fé e o amor fraterno, a entrega a Deus e a dedicação ao próximo. Em outros termos, sua vida concreta e inteira, projetada em duas coordenadas: fé e caridade. A projeção de uma realidade em duas coordenadas não a fende. A fé-caridade é a sístole­-diástole da vida cristã. A fé é o ponto de vista claro que orienta a perceção da realidade inteira. Ensina a ver o mundo como campo de ação do amor de Deus; é olhar surpreendido que descobre Deus num mundo translúcido, onde ele está presente e atua. O amor de Deus por cada um revela-se como uma concretização matizada e original do seu amor por todos. A resposta do homem há de ser global: não se articulam o sim a Deus com o não ao homem; não colhe sentir-se perdoado, sem perdoar, nem sentir-se amado sem amar. Na frase de S. João: "Amar o Pai significa amar os que são seus filhos", isto é todos os que creem (l Jo 5,1). O culto a Deus no Novo Testamento não ocupa um sector da existência; antes toda a existência; não se exercita com ritos especiais, mas com o próprio viver; não requer atividades peculiares, antes a criatividade e a dedicação próprias do interesse mútuo. «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas", (Mt 7,12). É um culto e um sacrifício existencial, no qual o homem se oferece a si mesmo na sua circunstância histórica. Enquanto existencial, é um reflexo do sacrifí­cio de Cristo. O cristão unido pelo batismo ao Bom Pastor, vivendo a fé recebida, trabalhando pela construção de um mundo melhor, sem injustiças, sem desigualdades, sem divisões, prolonga no presente o triunfo do Ressuscitado.

«O Silêncio dos Animais» - Elisabeth de Fontenay




                                                   Capa: Marc Chagall, ´L'étable`, 1917





       «LE SILENCE 
          DES BÊTES» 
´La philosophie à l´épreuve 
     de l'animalité`
Elizabeth de Fontenay

´O SILÊNCIO DOS ANIMAIS`
´A filosofia posta à prova pela animalidade`
Ouvrage publié avec le concours du Centre national du livre
Fayard
Paris, 1998
784 págs.
Depósito legal: 
Janeiro de 1999
Nº de edição: 3362  
Nº de impressão: 1889V
ISBN: 2-213-60045-7
35-26-0245-04/7


Foi precisamente uma entrada sobre as injustiças cometidas contra os animais que me levou a referir um livro que encomendei há uns 7 anos, de Paris.

Vi uma referência a uma obra assinada por uma autora que me era familiar desde a década de 70: Elisabeth de Fontenay, professora de Filosofia na Sorbonne, de quem tinha lido uma obra interessantíssima - «Les Figures Juives de Marx»( 1973). 

Essa obra intitula-se: «Le Silence des Bêtes»  
´La philosophie à l'épreuve de l'animalité`

A autora ao longo de 780 págs., reflete sobre a «condição animal»; fala do que se pensava sobre essa condição na Antiguidade, do sacrifício oferecido aos deuses mas, de apesar disso, os animais terem um estatuto de seres «Animados»; os animais pensam? são dotados de razão? têm uma sensibilidade semelhante ao homem? deverá poder legislar-se a fim de impedir que sirvam de refeição? mas porque permanecem silenciosos?

Desde que Deus se fez homem, que Cristo se ofereceu em sacrifício qual cordeiro, quer dizer, desde a era cristã, a condição animal mudou radicalmente! Daí em diante os filósofos colocam o acento sobre o homem, chegando os animais a ser tidos como máquinas (Descartes) ou comparados a batatas (Kant).

Houve sem dúvidas exceções; Michelet denunciará profeticamente a injustiça feita aos animais e anunciará que persegui-los é perseguir a democracia.

No século XX, uma certa literatura compara o modo como encaramos os animais, com o modo como os homens se tratam uns aos outros; a desumanização pelo racismo, a doença, a velhice, a perturbação mental...
Este livro expõe com clareza o modo como as diversa tradições filosóficas ocidentais, dos Pré-Socráticos a Derrida, abordaram o enigma da animalidade!...

http://skocky-alcyone.blogspot.pt/2012/06/as-figuras-judaicas-de-marx-les-figures.html 

PESQUISA SOBRE A «AGINTER PRESS»







REPETE-SE:


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http://phpdev.dev.isn.ch/collectionshttp://phpdev.dev.isn.ch/collections/


SOLICITA-SE À «FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES» QUE FACULTE AOS PORTUGUESES O QUE É SUBTRAÍDO...PARA QUE A PESQUISA INICIADA POR PESSOAS COMO A SAUDOSA HELENA VAZ DA SILVA E OUTROS A SEGUIR AO 25 DE ABRIL POSSA CONTINUAR!...

«Idade sexo e tempo» -- Alceu Amoroso de Lima

Para
Maria  Helena  e Silvia
minhas colaboradoras







               «IDADE, 
   SEXO E TEMPO»
´        'Três  Aspectos  da 
         Psicologia Humana'
      Alceu Amoroso de Lima 
      (Tristão de Atahyde)

Livraria José Olympio Editora
2ª edição
Rio de Janeiro  
Novembro de1938


A nossa autonomia psíquica é sempre condicionada por elementos intrínsecos e extrínsecos. Pertencem os primeiros à própria natureza do nosso funcionamento psíquico. Não existe absoluto arbítrio livre nesse funcionamento. Sentimos, pensamos e queremos livremente, mas dentro de limites que nos são impostos pelo próprio modo de ser da nossa espiritualidade incarnada.
Além desse condicionamento 'intrínseco' e «permanente» da nossa vida mental, existe ainda um condicionamento «extrínseco» e 'acidental'. Esse último pode ainda ser «interior» e dependente de condições próprias à nossa evolução vital, como a «idade» ou à nossa condição psicológica, como o 'sexo', ou 'exterior' e dependente das posições ou dos ambientes em que vivemos e das repercussões que têm sobre o nosso funcionamento psíquico, como o «tempo».

Muitas outras categorias extrínsecas de repercussão psicológica seriam de ter em conta, como a «profissão, a 'nacionalidade', a 'raça', a 'rença', etc. Porém, detenho-me aqui sobre três condições essenciais da nossa vida psíquica -a 'idade' o 'sexo' e o 'tempo'.

O homem vive sempre em situações concretas. Pode dominá-las, mas não de todo fugir a elas. Pode inverter a sua ordem e combiná-las de modo mais ou menos livre. Não temos, por exemplo, 'necessariamente' a idade que a nossa certidão de idade nos indica. Há homens sem infância, gerações sem infância e juventude, velhos que não se resignam à sua idade, e assim por diante. Podemos também viver uma idade em outra idade.

A própria sexuação biológica não corresponde rigorosamente à psicológica...E há homens que vivem 'fora' do seu tempo ou 'contra' o seu tempo. Existe mesmo uma variação no grau de intensidade dessa repercussões. Há homens mais 'intemporais' que outros. Observamos, em muitos, uma psicologia marcada pelo sexo, ao passo que outros se apresentam indistintos, chegando quase à neutralidade psicosexual.

O mesmo se observa quanto à idade. Há a família dos que apresentam bem vivos os traços das idades que possuem-crianças bem crianças, jovens que manifestam a idade que têm, velhos que são a mais bela incarnação da velhice psicológica - e todos conhecemos a família dos indecisos que não são bem isto ou aquilo, adolescentes mornos, homens maduros que oscilam entre a juventude e a velhice, crianças sem infância, velhos que escondem a idade. É tarefa da 'caracterologia' estudar essas variações indefinidas nos temperamentos individuais.


                                                           I N D IC E

                                                            PARTE I
                                                          AS  IDADES


Introdução

Cap.          I - A Infancia
Cap.         II - A Adolescencia
Cap.        III - A Mocidade
Cap.        IV - A Velhice


                                                             PARTE II
                                                            OS  SEXOS

Cap.         VI - O Homem e a Mulher


                                                              PARTE III
                                                              O  TEMPO

Cap.          VIII  - O Homem Moderno
Cap.              IX - O Homem Eterno



«Revolta» - Visconde de Porto da Cruz - Madeira





     «Revolta»
       ´Romance´
Visconde de Porto da Cruz
Da ´Academia Brazileira de 
Ciências e Políticas`
Ofic. Gráf. Augusto Costa & C.º L.da
Braga - 1954
535 págs.







«A Política, para a grande maioria daqueles que a lidam, não passará de um meio para se instalarem na vida, cuidando em firmar as boas posições que tenham conseguido ocupar, para alargarem, cada vez mais, a esfera de influências com que fazem por se ´servirem bem`, à custa dos legítimos interesses coletivos, em vez de terem em conta o ´dever social` que indica a cada indivíduo que tem de empregar o maior esforço para ´bem-servir` os direitos comuns.»

in 'Introdução, ao Romance' , cuja ação gira em redor de ´Patrício de Moura, aluno do Colégio de Campolide, da Companhia de Jesus. 
(As instalações do Colégio já serviram, depois da implantação do Regime Republicano, para albergar Caçadores 5, sendo agora uma dependência da Universidade Nova.)

O ´Romance` intitula-se «Revolta» e tem como autor o Visconde de Porto da Cruz (Da ´Academia Brasileira de Ciências Sociais e Políticas). Era um Madeirense de Lei, sendo o livro firmado em Santa Clara, Funchal, Agosto 1955.

A obra reflete o ideais do Integralismo Lusitano, seus membros, desavenças e cisões!

NOTA: Esta obra já consta em referências de catálogos elaborados na Madeira


«O Anjo e o Homem» - 'Para uma Angeologia' - Cahiers de l'Hermetisme


«Cahiers de l' Hermétisme»

Éditions Albin Michel

DIRECTEURS

ANTOINE FAIVRE - FRÉDÉRICK TRISTAN

COMITÉ DE RÉDACTION
Ernst Benz, Henry Corbin, Gilbert Durand, Mircea Eliade,Henri-Charles Puech, Jean Servier, 
Jean Tourniac, Rolf Christian Zimmermann, Elemire Zolla





  «L'Ange 
et l'Homme»

por
Henry Corbin, Armand Abecassis,
Marie-Magdeleine Davy, Bernard Gorceix
e
Pierrea Demage, Alain Montadon, Nicole Jacques-Chaquin,
Jean-Louis Vieillard-Baron, François Marquet

Éditions Albin Michel, 75014 
Paris - 1978
ISBN 2-226-00599-4
238 páginas


Na lista de livros recenseados ou simplesmente referidos neste espaço, vem indicado um dos «Cahiers de l'Hermetisme», cadernos dedicados a temas específicos, sendo cada tema abordado por um grupo de pessoas com provas dadas nessa área do conhecimento e aceites pelos seus pares.
O caderno por mim escolhido aborda uma temática que me foi sugerida pelo que li num dos «espaços» que habitualmente frequento! Trata-se de um dos «Cahiers de l'Hermétisme», com o interessante e belo título «L'Ange et l'Homme».
Este ´caderno` quer ser uma primeira tentativa contemporânea de abordagem da Angeologia - que se situa no próprio centro, no coração, do pensamento e da espiritualidade ocidentais. Esforça-se antes de mais por referenciar, dar indicações precisas, sobre os temas essenciais, esboçando as grandes linhas, os vetores, da tripla tradição abraâmica (Judia, Cristã e Islâmica) relativa à noção e à presença do Anjo.
O diálogo entre o anjo e o homem surge então, tanto como o conhecimento de Si e do Ser, quer como a tentativa de libertar a ´Centelha Divina` que se manteve presente em cada homem apesar da «Queda». Pelo anjo, é a própria alma que reencontra as suas asas. Analogamente, a luta com o anjo representa um apelo à purificação, à passagem para além, ao Retorno do ser para o interior de Ser, da centelha ao Fogo, da identidade perdida e reencontrada.

(Sobre ´l'Ange et l'Homme`, Cahiers de l'Hermétisme, Albin Michel, Paris.)



Raymond Abellio - «Para um novo Profetismo» e o «Fim do Esoterismo»

                  'Mon Maître disait: Toute parole que tu jettes sur le papier est une lumière qui s'éteint'







«Para um novo Profetismo»
  Raymond Abellio

Arcádia, Lisboa, 1975.

«A construção da filosofia final do Ocidente constitui para Abellio, uma obra admirável, e a sua convergência com a Tradição, mesmo que o Ocidente ainda não tenha consciência disso, «será uma das características maiores da próxima assunção». Os tradicionalistas orientais há muito que saíram da história; os ocidentais, pelo contrário, têm ainda que vivê-la. Os primeiros são de certo modo os depositários da tradição; os segundos são obrigados a conquistá-la por um esforço autónomo. Os esoteristas 'antiocidentais', como Guénon e Evola, comprazem-se, assim, segundo Abellio, «em denúncias reacionárias que nada mais são que o produto da sua impotência para viver as complementaridades e desposarem dialeticamente o poderoso movimento compressivo da idade 'negra'

Contra a simples crítica externa dos textos, e em contraposição ao carácter noturno das vias 'Mística' ou 'Devocional'L, Abellio reabilita a Razão como instrumento dialético de progressão gnóstica, para tal se fundamenta no método fenomenológico husserliano. Husserl teria assim ultrapassado a própria razão e projetado para além da lógica 'natural' uma 'lógica transcendental' que em nada se distinguirá do 'supramental' de Aurobindo ou da intuição iluminativa de Guénon. 

A história do Ocidente, desde que este se tornou autónomo com Galileu e Descartes, é caracterizada pela revolução da razão que nos faz passar de Descartes a Husserl, que se liberta definitivamente do antigo dualismo cartesiano para conquistar a unidade de um 'Eu' e de um mundo transfigurados. Ora a Transfiguração do mundo no Homem constitui precisamente o problema chave e o 'fim do esoterismo...

Esta convergência de Ocidente e Oriente prepararia assim uma espécie de unidade planetária das manifestações do espírito. Que o mundo tenha, pois, entrado num período de reintegração é o que para Abellio não oferece dúvidas, apesar das confrontações internas por que esse mundo ainda terá de passar e que serão, porventura, as mais convulsivas da sua história.

R.G.F.


'As religiões desempenham hoje, nos dois polos telúricos, um papel de unificação das massas. 

'A pouca distância do epicentro espiritual, a Igreja Católica vê, pelo contrário, a sua massa dividida . 
A crucifixão da Igreja Romana fundará a sua verdadeira catolicidade e assinará o nascimento da verdadeira religião de Cristo do período de evolução pós-diluviano.










Quando, em 1907, a encíclica «Pascendi» quis condenar o modernismo católico, definiu-o como o 'local de encontro de todas as heresias'. Esta expressão foi seguramente introduzida pelos redatores da encíclica, sem que lhe pesassem o sentido, que aliás não devemos forçar, e, no entanto, se nele refletirmos, como ela adquire uma ressonância singular! O que caracteriza propriamente uma heresia? É ser um ramo adventício que cresceu no tronco de uma ortodoxia. 
Toda heresia é, porém, exclusiva, e não condena somente a doutrina reinante, mas também a doutrina vizinha; dez, vinte ramos heréticos não chegam a formar um tronco, não se pode juntar num feixe disciplinado e de peso esta floração de indisciplinas. Mas eis que a encíclica afirma precisamente o contrário, ao parecer observar que teria sido possível, nesse início do século XX, erigir em sistema o próprio conjunto das proposições heréticas que brotaram desde há dois mil anos de todos os nós profundos do Cristianismo; isto como se um resultado tão espantoso não implicasse um poder de síntese de tal maneira novo que estaria seguramente destinado ao êxito. Êxito esse que condenaria a própria condenação. 
É ir longe de mais. Na realidade, o modernismo jamais teve força para se fundar como sistema, limitando-se a suscitar um estado de espírito crítico, um 'anti'. Pouco importa, foi um símbolo! 
O Ocidente conteve 'sempre' um conjunto de tendências - que poderíamos agrupar sob a designação de espiritualidade 'libertária' - essencialmente intelectuais, ativistas e, por conseguinte, pré-luciferinas ou pré-sáttwicas (conforme os homens), que até agora a Igreja de Roma só pôde conter ou fazer sobreviver de maneira latente nos seus mosteiros, enquanto não tivessem chegado os tempos últimos. Perante elas, a sua reação foi fatalmente variável, pois não podia nem destruí-las, nem organizá-las.





«Cavalgar o Tigre» - Julius Evola

«Orientações existenciais para uma época da dissolução»

'No meio de ruínas'
'Imperativo'
'Urgente'
'Aprender a cavalgar o tigre'






      «CAVALGAR O TIGRE»
   «CHEVAUCHER LE TIGRE»
'Orientações existenciais para 
  uma época de Dissolução'

          Julius Evola


Traduzido do italiano por
   Isabelle Robinet

Litterature et Tradition - 12

La Colombe
Éditions du Vieux Colombier
Paris- 1964
283 págs.
 
«Cavalcare il Tigre`
Edizioni Mediterranee
D-L. , 2-1964
Editor, nº 896
Impr., nº 3.346


'É inútil criar ilusões com as quimeras de qualquer otimismo: encontramo-nos hoje no fim de um ciclo. Desde há séculos que, primeiro insensivelmente, depois com a rapidez de uma massa que se desmorona, variados processos têm vindo a destruir no Ocidente todo e qualquer ordenamento normal e legítimo dos homens e a falsear as mais elevadas conceções do viver, do agir, do conhecer e do combater. E ao motor desta queda, à sua vertigem, à sua velocidade, foi chamado «progresso».
O que hoje conta é isto: encontramo-nos no meio dum mundo de ruínas. E o problema a pôr é este: existem ainda homens em pé no meio destas ruínas? E que é que eles podem e devem ainda fazer?
Julius Evola, «Orientamenti», Roma.

'Cavalgar o tigre'
A fórmula escolhida, por Julius Evola, «Cavalcare il Tigre» (Cavalgar o Tigre), é extremo-oriental. É o título dste famoso livro!

Cavalgar o tigre significa que se, paradoxalmente, alguém for bem sucedido ao montá-lo, impede desde logo o tigre de se lançar sobre si, e se conseguir manter-se nele montado, tirar partido dessa proeza. Quer dizer que quem vive neste tempo sombrio (Kali-Yuga), e tem disso consciência, pode descobrir «orientações existenciais para uma época de dissolução» ou , o que é o mesmo, «manter-se em pé no meio de ruínas».
Este simbolismo aplica-se em vários planos: Pode referir-se a uma linha de conduta a seguir no que respeita à vida interior, mas também à atitude que convém adotar quando certas situações críticas se manifestem no plano histórico e coletivo.
É este o caso. O homem «tradicional» (entenda-se espiritual) deve enfrentar os problemas do mundo moderno, da sua incoerência, do seu niilismo radical, da sua louca «complexidade». Um homem novo deve emergir do descalabro duma civilização votada à morte, um homem novo numa sociedade harmoniosa.



sábado, 15 de novembro de 2008

Só os ´Ventos da História` - Conferência de Baku - 1920, ou Salazar com o «Acto Colonial» tornou inviável o desígnio de Norton de Matos?!... (I)




                                                            «A NAÇÃO UNA»

                                                          EXORTAÇÃO AOS NOVOS
                                                             DE PORTUGAL











´Conceito de Ato Colonial`

Ato Colonial é a designação pela qual ficou conhecido do decreto lei n.º 18570 de 8 de Julho de 1930, o qual definia a forma como se deviam processar as relações entre a metrópole e as colónias portuguesas ao nível político, económico e administrativo. Através do Ato Colonial foi colocado um fim à autonomia financeira das colónias e foi decretada a unificação administrativa de cada colónia sob a chefia de um administrador. Esteve em vigor entre 1930 e 1951, ano em que uma nova lei o substituiu e alterou o termo colónia por província ultramarina.

Ato Colonial  (1930)

Diploma emitido pela Ditadura Nacional (decreto com força de lei nº 18 570, de 18 de Junho), quando Salazar, então ministro das Finanças, ocupava interinamente a pasta das colónias e pelo qual se extinguiu o modelo dos Altos Comissários, instituído em 1920. Invoca-se o facto de alguma opinião internacional propor a distribuição da gestão das colónias portuguesas e belgas pelas grandes potências. Será integrado na Constituição de 1933. Consagra a colonização como da essência orgânica da nação portuguesa. À maneira britânica, cria o Império Colonial Português. Sofre, de imediato, virulentas críticas de Francisco da Cunha Leal. Também Bernardino Machado publica uma crítica em ´O Ato Colonial da Ditadura`, onde considera que há dois nacionalismos diametralmente opostos, um liberal, democrático, pacífico, outro reacionário, despótico, militarista. Salienta que o diploma o brandão incendiário dum 'ukase' colonialista, invocando a circunstância da República ter continuado a política dos liberais monárquicos. Proclama que a nacionalização das colónias só se faz pela íntima cooperação com a metrópole, e não é para ditaduras; que o problema colonial consiste, como todo o problema social, numa questão de liberdade. Reconhece que a alma da nação é indivisível e que Portugal entrou na guerra por causa das colónias.


No dia 25 de Abril de 2007, tive a oportunidade de referir noutro espaço o livro, hoje remetido para o olvido, «A Nação Una», do General Norton!
Figura de alto gabarito das Forças Armadas, do Estado, da Oposição Democrática e da Maçonaria, o Senhor General Norton de Matos foi também um grande patriota!
Atualmente, talvez por acharem incómoda à «situação» política criada após 1974, a sua obra «A Nação Una» (Organização Política e Administrativa do Territórios do Ultramar Português), quase nunca é mencionada e muito menos, a «Exortação» -  ´Aos Novos de Portugal`, redigida há muito pelo autor e que precede o corpo da sua exposição. Tendo sido uma leitura fundamental para mim, desde a infância, dispus-me a deixá-la aqui para poder ser lida por quem se interesse pelo todo e não só pelas parte; em suma, para quem goste de beber pelo seu copo!...

´Introdução`

Redigi estes nove artigos há muitos anos, tendo no pensamento a conservação e o engrandecimento de Portugal. Adotei-os, no seu conjunto, como divisa indicadora de um procedimento nacional que a todos e a tudo abrangesse. Creio ter traduzido a vontade do povo a que pertenço. Por isso os trago para aqui.
Norton de  Matos

`Exortação`


´Aos Novos de Portugal`

I - Que a vossa principal tarefa seja o engrandecimento da Pátria, dignificando-a. Lego-vos o pouco que durante mais de cinquenta anos, consegui fazer com este alto intuito, para que continueis a minha modesta e humilde obra, sublimando-a.

2 - Não deixeis que ninguém toque no território nacional: - conservar intactos na posse da nação os territórios de Aquém e Além-mar é o vosso principal dever. Não ceder, vender ou trocar, ou por qualquer outra forma alienar a menor parcela do território, tem de ser sempre o vosso mandamento fundamental.

3 - Se alguém passar ao vosso lado e vos segredar palavras de desânimo, procurando convencer-vos de que não podemos manter tão grande império, expulsai-o do convívio da Nação.

4 - Para a realização da vossa obra contai principalmente convosco. Se homens de outras nações quiserem vir trabalhar de boa fé ao vosso lado, recebei-os como associados e não como inimigos. Mas se as suas intenções não forem puras e se pretenderem encobrir, com falsos propósitos humanitários ou civilizadores, a traição que planearam, fechai-lhes todas as entradas, mantendo-as bem cerradas por todos os meios ao vosso alcance.

5 - Proclamai sempre bem alto, por forma que todo o mundo vos ouça, que nunca consentireis que os territórios de Além-mar, onde há cinco séculos trabalhamos e sofremos, sejam considerados «terras de ninguém», onde outros povos se possam estabelecer livremente, ou onde se queiram fazer ensaios utópicos de quaisquer internacionalizações. Esses territórios, dizei-lhes, constituem províncias tão portuguesas como as da metrópole, a Nação é só uma, e qualquer horda demográfica ou capitalista, que quisesse invadir Angola ou Moçambique, seria recebida por nós como se tentasse ocupar Lisboa.

6 - Não confieis cegamente nos cidadãos que escolherdes para guias e chefes. Os princípios basilares da formação da Nação têm de brotar da alma nacional, e ao povo, que tantas provas tem dado do seu admirável instinto de conservação, compete indicar aos que governam as linhas gerais da sua vontade e das suas aspirações nacionais.

7 - Tomai a peito o desenvolvimento paralelo dos territórios portugueses: - que a totalidade dos recursos e das energias nacionais seja aproveitada para a organização da Nação Una, que a todos toquem os sacrifícios e as vantagens. «Tudo para todos» deve ser a vossa divisa. Nunca deis, no vosso esforço, a impressão de que olhais somente para um aspeto da questão nacional, para o desenvolvimento de uma região com exclusão de outras. Quebrarieis assim a «unidade nacional» sem a qual nada conseguiremos, nada seremos.

8 - Se afirmais, como eu pensei sempre e como já o pensavam meus pais e meus avós, que «a pessoa humana é o mais alto valor moral e que todas as instituições sociais devem ter por fim aperfeiçoá-la e servi-la», tende sempre a coragem de ser lógicos e de obedecer até ao fim aos princípios da doutrina que nos rege. Os milhões de habitantes de cor que vivem nos nossos territórios esperam de vós a redenção completa, nunca o esqueçais.

9 - Conseguindo fazer tudo isto, meus filhos, sereis realizadores, o maior triunfo material que um homem pode ambicionar; se virilmente tentardes realizar sem o conseguir, sereis precursores, o maior triunfo espiritual a que um homem pode aspirar.


Norton de Matos


in «A Nação Una» - ´Organização Política e Administrativa dos Territórios do Ultramar Português), General Norton de Matos, com um Prefácio do Prof. Egas Moniz (Prémio Nobel), Paulino Ferreira, Filhos, Lda, Lisboa, 1953.
Apresentado o texto da obra à ´Academia das Ciências de Lisboa, para concurso a prémio, por maioria não foi considerado merecedor!...Claro...o «Estado Novo» estava amarrado  ao ´Acto Colonial`!...


As palavras da «Exortação 3» foram inscritas na estátua erigida em Nova Lisboa (Huambo) -, cidade fundada pelo General Norton de Matos, no Huambo, Angola; a estátua foi autorizada depois da nomeação de Adriano Moreira como Ministro do Ultramar - 1961).

«QUATRO SÉCULOS DE POLÍCIA SECRETA RUSSA»





 






       
    «QUATRE SIÈCLES 
   DE POLICE SECRÈTE 
           RUSSE»
«QUATRO SÉCULOS DE POLÍCIA SECRETA RUSSA» 
     Michel TANSKY

Editions Colbert, 1968
255 págs.
Depósito legal nº 374
1º trimestre de 1968
29-10.0012-01

OUTRORA (JADIS):

En 1565, la première police politique est créée,  c'est l'Opritchnina.
(Em 1565, é criada a primeira polícia secreta, é a Opritchnina.)

O reinado de Ivan IV é um capítulo à parte na História da Rússia. Órfão de pai aos três anos e de mãe aos oito (supostamente assassinada), Ivan IV sofreu muito nas mãos dos Bielsky e Shuisky, famílias da aristocracia russa que ficaram com o poder enquanto ele ainda era criança. Ele deixou relatos que afirmavam que teria passado grandes privações, inclusive fome, enquanto as duas famílias se matavam (literalmente) pelo poder e roubavam os cofres públicos. Conta-se também que era obrigado a assistir a sessões de tortura e execuções. Possivelmente, esses são motivos que explicam por que ele foi um dos tiranos mais cruéis de toda a História, recebendo a alcunha de Ivan  “o Terrível”.
Coroado aos 16 anos, Ivan fez um bom começo de reinado, com medidas de interesse público, como incentivar a impressão de livros, a tradução de manuscritos russos para outros idiomas e instituir o ensino obrigatório de música nas escolas. Mas, após a misteriosa morte de sua esposa Anastasia, Ivan tornou-se um ditador violento e cruel. Maníaco quanto à possibilidade de estar sendo traído, comandou uma polícia secreta chamada 'Opritchnina', com a finalidade de torturar e matar qualquer suspeito rebelde. Conta-se que os 'Opritchniks' eram, na verdade, um grupo de criminosos que juraram eterna lealdade ao tsar. Chegaram a acabar com um povoado inteiro, o de Novogorod, acusado de rebelar-se contra ele. Ivã IV tinha ataques violentos e, num deles, golpeou um dos filhos — acusado de o estar traindo — até a morte. Morreu em 1584 e, apesar do trono ter ficado com o filho mais novo, Fyodor, não foi ele quem efetivamente exerceu o poder: este, de facto foi exercido pelo cunhado, Boris Godonov, que para garantir sua permanência no cargo, matou Dimitri, o filho de Fyodor. Porém, apareceram dois “Dimitris” reivindicando a paternidade de Fyodor. Depois de muita confusão, o trono não foi para nenhum deles: foi entregue a Mikhail Romanov, que tinha parentesco com Anastasia, esposa de Ivã.

* En 1736, sous la tsarine Anne, la réseau d'informateurs comprenait 25.000 titulaires et 100.000 auxiliaires.
(* Em 1736, sob a tsarina Ana, a rede de informadores compreendia 25 000 titulares e 100.000 auxiliares.)
* La censure au XIX siècle: Pouchkine, Gogol, Tolstoï sont surveillés par le Troisième bureau.
(*A censura no século XIX: : Pouchkine, Gogol, Tolstoi são vigiados pelo Terceiro organismo.)


ONTEM (HIER):

* L'assassinat de Raspoutine et la guerre des services secrets.
(* O assassinato de Rasputine e a guerra dos serviços secretos.)

* Entre 1918 et 1921, 90 pour 100 des exécutions ont été le fait de la Tchéka: quelles étaient ses méthodes?
(* Entre 1918 e 1921, 90% das execuções foram levadas a cabo pela Tcheka: quais eram os seus métodos?)

* Le Guépéou (G.P.U.), son organisation et ses activités en Russie et à l'étranger.
(A Guêpêou (G.P.U.), a sua organização e as suas actividades na Rússia e no estrangeiro.)

* L'enlèvement de Koutiepov à Paris (29 janvier 1930).
(*A sublevação de Koutiepov em Paris (29 de janeiro de 1930) 

* Les polices secrètes de Hitler et de Staline ont-elles travaillé ensemble?
(* Será que as polícias secretas de Hitler e de Estaline actuaram conjuntamente?)

etc., etc...

DEPOIS ( APRÈS ): 
M.V. D. - N.K.V.D. - K.G.B.

                             
                                                ÍNDICE

I. - IVAN O TERRÍVEL E A 'OPRITCHNINA
II. - A ÉPOCAPERTURBDA DOS FALSO DIMITRI
III. - DE MIGUEL ROMANOV A PEDRO O GRANDE
IV. - DA GUERRA DOS BARBUDOS OU A POLÍCIA SOB PEDRO 
        O GRANDE
V. - HECATOMBE DOS TZARS (1725-1825)
VI. - A RESSURREIÇÃO DA POLÍCIA SECRETA SON NICO-
         LAU 1.º (1825-1855)
VII. - OS REINADOS DE ALEXANDRE II E DE ALEXANDRE III
          (1855-1894)
VIII. - DE NICOLAU II A KERENSKI (1894-mARÇO DE 1917)
IX - O SUCESSO DE UMA INSURREIÇÃO MUDA A FACE
        DO MUNDO
X. - O SURGIR DA TCHEKA (NASCIMENTO)
XI. - 'COMPLOT' DA TCHEKA CONTRA LENINE
XII. - O TERROR DURANTE A 'GUERRA CIVIL'
XIII. - DA TCHEKA À G.P.U.
XIV. - A GUEPEOU AO SERVILO DE ESTALINE
XV. - A GUEPEOU INTENSIFICA A SUA ATIVIDADE NO ESTRANGEIRO
XVI. - A ALIANÇA ESTALINE- GUEPEOU
XVII. - IAGODA, MARECHAL VIRTUAL DA POLÍCIA SOVIÉTICA
XVIII. - O ASSASSINATO DE KIROV
XIX. - A «GRANDE PURGA»
XX. - O PROCESSO TOUKHATCHEVSKI
XXI. - O ASSASSINATO DE TROTSKI E A GUERRA
XXII. - A MORTE DE ESTALINE E A EXECUÇÃO DE BÉRIA


Michel Tansky, spécialiste des questions slaves, auteur d'une biographie de Joukov, n'a voulu faire le procès ni de de la politique ni des méthodes policières russes. Il a tenté simplement de brosser le tableau de quatre siècles d'histoire, dont le grand public connaît seulement la toute dernière période, résumée par des noms qui font frémir: Tchéka, G.P.U., N.K.V.D.

(Michel Tansky, especialista em assuntos eslavos, que é autor de uma biografia do Marechal Jucov (Zukov), não pretendeu elaborar o processo, quer da política, quer dos métodos policiais russos. Tentou apenas esboçar o quadro de quatro séculos de história, dos quais o grande público apenas conhece período mais recente, que se resume por nomes que fazem estremecer: Tcheka, G.P.U., N.K.V.D.)

«A mistificação das massas pela propaganda política» - Serge Tchakhotine







    «A Mistificação das massas 
       pela propaganda política»
       Serge  Tchakhotine


Tradução: Miguel Arraes
Capa: Marius Lauritzen Bern
Perspectivas do Homem - 15
Direcção de Moacyr  Felix
Civilização Brasileira
Rio de Janeiro - 1967
609 pags.
Título do original francês:
«Le viol des foules par la propagande politique»
Editions Gallimard, 1952


Dedicatória feita pelo Professor  Serge Tchakhotine, no frontespício da sua obra:

Dedico esta obra à memória de dois homens que me inspiraram na sua execução:
Meu grande mestre I. P. Pavlov, o genial pesquisador dos mecanismos sublimes do pensamento, e meu grande amigo H. G. Wells, o genial pensador do futuro.

PROPÓSITO

«A aliança entre a ciência e os trabalhadores, esses dois polos extremos da sociedade, que por sua união podem libertar de todo o entrave a civilização - eis o fim a que decidi votar a minha vida, até ao meu último suspiro!»
(Discours sur «La science et le travail», de Ferdinand Lassalle)

«Deve ser necessariamente a obra, em primeira lugar, de uma ordem de homens e mulheres, animados de espírito combativo, religiosamente devotados, que se esforçarão para estabelecer e impor uma nova forma de vida à raça humana.»
Frase final do livro de H.G. Wells, 
«The Shape of  Things to Come, the Ultimate Revolution»)

DO PREFÁCIO DO AUTOR À 2ª EDIÇÃO

Este livro tem uma história bastante movimentada. Já a sua 1ª edição, em 1939, na França, dois meses antes da guerra, não se fez sem incidentes. Depois de todas as correções, o autor recebeu as últimas provas - para autorizar a impressão - sem que viessem acompanhadas das anteriormente corrigidas. Para sua grande surpresa, verificou que o livro tinha sido censurado (na França! onde a censura não existe!): todas as passagens desagradáveis a Hitler e Mussolini estavam suprimidas (e isso dois meses antes da guerra), da mesma forma que a dedicatória, assim redigida: «Dedico este livro ao génio da França, por ocasião do 150º aniversário da sua Grande Revolução.». Soube-se, em seguida, que a censura havia sido feita pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, então o Sr. Georges Bonnet, no que respeita à dedicatória. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Terceira República achou que «estava fora de moda»! E isso no ano em que o mundo inteiro festejava esse aniversário!

Mediante protesto do autor que, firmado na lei francesa, reagiu, as frases e as ideias suprimidas foram recolocadas e o livro apareceu na forma original. Dois meses depois da sua aparição, quando a guerra já estava declarada, a polícia de Paris apreendeu-o nas livrarias. Finalmente, em 1940, tendo os alemães ocupado Paris, confiscaram-no e destruíram-no.

Nesse ínterim edições inglesas (entre outras, uma popular feita pela secção editorial do 'Partido Trabalhista'), americanas e canadianas, difundiram as ideias enunciadas e, depois da guerra, uma nova tiragem francesa se impôs. Aparece esta edição, totalmente revista e ampliada, uma vez que a ciência da psicologia objetiva, base deste livro, havia acumulado um grande número de novos factos de primeira importância e os acontecimentos políticos tinham mudado consideravelmente a face do mundo. O autor achou útil ilustrar esta nova edição com uma vasta bibliografia, com gráficos, que facilitam a compreensão dos factos e das leis científicas enunciadas, além de um copioso índice que permita melhor consulta dos nomes dos autores e sobre os problemas ventilados.

Poder-se-ia talvez reprovar o autor, por não se ter limitado a expor as ideias e as demonstrações científicas essenciais do principio da « violação psíquica das multidões», bem como por se haver arriscado a fazer referências à atualidade política do momento histórico em que vivemos e, até mesmo, por tomar posição (um critico, aliás benevolente, acusou-o de ser 'sistemático'). Justificando-se, o autor desejaria dizer que, na sua opinião, a melhor demonstração da justeza das ideias enunciadas, que transforma a «hipótese» em «teoria», é precisamente a possibilidade de fornecer provas extraídas do passado (nesse caso, por exemplo; a história da luta de 1932, na Alemanha) e esboços do futuro, corroborando essas ideias, seguindo logicamente a aplicação das leis enunciadas, nas realizações pressupostas, pode verificar-se o valor das primeiras.

Por outro lado, a análise da existência possibilitada atualmente, por meio das novas normas, dá a impressão da «tomada ao vivo» da realidade concreta. Além disso, parece-nos que, fazendo uma crítica puramente abstrata, teórica, abandonamos o leitor a meio caminho, insatisfeito, pensativo. A crítica deve vir sempre acompanhada de propostas de soluções práticas, para ser construtiva. Enfim, cada acto humano deve ter, em nosso entender, um elemento social, um incitamento à acção, dirigido a outrem - se quisermos - um pouco de psicologia, que promova, que crie o ´Élan` otimista, fonte do progresso.

Ah!, o mundo está hoje dividido em dois campos hostis, que têm mútua desconfiança, que se preparam para se arrojar um sobre o outro e transformar esta terra maravilhosa que viu a aventura humana e onde tantos milagres do pensamento, da arte, da bondade se transformarem em um braseiro que só deixará ruínas fumegantes.

Ah!, tudo se polariza hoje em uma ou outra direção. Este livro procura ser obetivo, imparcial, e denunciar aos dois campos os factos sem escapatórias, perseguindo dois únicos objetivos: a verdade científica e a felicidade de todo o género humano. Pode-se, deve-se alcançar isso!

O autor sente-se feliz em agradecer cordialmente aos seus amigos M. Ch. Abdullah, M. St. Jean Vitus, que o ajudaram a rever o manuscrito, no que respeita à redação em língua francesa.

Paris, 1º de Setembro de 1952. Serge  Tchakhotine


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