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sexta-feira, 30 de julho de 2010

«Economia Internacional» - Bernard Guillochon - Adaptação, atualização - Francisco Corrêa Guedes





    «ECONOMIA 
INTERNACIONAL»
BERNARD GUILLOCHON
ADAPTAÇÃO, ACTUALIZAÇÃO E
COMPLEMENTAÇÃO ANALÍTICA E PEDAGÓGICA DE
´FRANCISCO CORRÊA GUEDES`
PROFESSOR CATEDRÁTICO DE «ECONOMIA INTERNACIONAL» 
DA UAL
TRADUÇÃO: 
FRANCISCO CORRÊA GUEDES

CAPA: ESTÚDIOS PLANETA
REVISÃO: GLÓRIA RIBEIRO 
PLANETA EDITORA  
LISBOA - 1995

TÍTULO ORIGINAL: ´OMISSO`
DUNOD, 1993, PARIS
Depósito legal nº 92347 / 95
ISBN 972-731-036-2

Este livro analisa o conjunto de questões de economia internacional, que se ligam com o comércio de mercadorias e os problemas monetários e financeiros.

Obra útil, destina-se particularmente aos estudantes dos cursos de Ciências Económicas e Empresariais, Gestão e a todos que desejem compreender os mecanismos das relações económicas internacionais contemporâneas.

O original foi adaptado, atualizado e complementado com vários desenvolvimentos.

Já tivemos oportunidade de neste espaço referir obras do eminente Prof. Francisco Corrêa Guedes, aqui tradutor e adaptador.





quarta-feira, 28 de julho de 2010

«A Oração da Coroa» - Demosthenes - Terceira Edição - 'Imprensa Nacional' - 1914







     
         DEMOSTHENES
   «A ORAÇÃO DA COROA»
    Versão do Original Grego

PRECEDIDA DE UM ESTUDO 
                   SOBRE
´A CIVILISAÇÃO DA GRECIA` 
                  POR
   J. M.LATINO COELHO

     TERCEIRA EDIÇÃO 
     PUBLICADA PELA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
   IMPRENSA NACIONAL 
             1914

INTRODUÇÃO:  

CDXVII - páginas
OBRA:105 páginas








       «A ORAÇÃO DA COROA» 
                      DEMÓSTENES

VERSÃO RECENTE COM 
PREFÁCIO DA EMINENTE HELENISTA 
MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA
ESTUDOS GERAIS - SÉRIE UNIVERSITÁRIA
IMPRENSA NACIONAL - CASA DA MOEDA
LISBOA - FEVEREIRO DE 1987
CÓD. 215 013 000
ED. 12.610. 160


Nota: Lamentamos a não referência à edição mais conhecida pelas pessoa da minha geração.
Foi lapso e indica-se a obra:

      DEMÓSTENES
«ORAÇÃO DA COROA»

VERSÂO DO GREGO
PREFÁCIO E NOTAS
    PELO PROFESSOR
VIEIRA DE ALMEIDA
'COLECÇÂO CLÁSSICOS
  SÁ DA COSTA'
      LISBOA - 1956
95 páginas

           ÍNDICE

Prefácio da Obra -     IX

Carta-prefácio do Discurso da Coroa -    CCXLV

Oração da Coroa        95 páginas





sexta-feira, 23 de julho de 2010

"As Dores do Tempo" por Nuno Nabais

AUTORIA DA FOTOGRAFIA: SARA MATOS



Segunda-feira, Novembro 12, 2007
"As Dores do Tempo"

Foi nas Jornadas do ESCA "Escola e Clínica (Pro)motores de Bem-Estar: Como lidar com a Depressão e Exclusão na Criança e no Adolescente", que pude assistir à comunicação do Prof.º Nuno Nabais. Neste espaço coube o pensamento filosófico, um contributo fundamental. Absorvi, ou pelo menos tentei absorver o máximo desta comunicação.

A doença é uma experiência do tempo, existindo uma dimensão histórica: as doenças têm a sua história própria: o seu início, desenvolvimento e desfecho. Introduzir o tempo como constituinte significa simbolizar o tempo como o modo como nós inscrevemos instantes nele da eternidade.
O sofrimento tem uma condição temporal, o que torna possível retirar às dores do tempo a dimensão temporal para a considerar parte da condição humana.

Na experiência temporal podemos caracterizar os seguintes tempos:

- Tempo binário: tempo do antes e do depois, tempo da espera/tempo do demasiado tarde

- Tempo ternário: é um tempo complexo; tempo onde se distingue o passado, o presente e o futuro; pressupõe a construção de duas experiências completamente novas: processadas através da memória e da imaginação (o futuro sendo aquilo que está para fazer).
Para uma criança, o tempo do passado e a imaginação do futuro são difíceis de construir.
Por sua vez, o tempo ternário supõe o tempo a um tempo ou tempo unário – tempo do presente – que se manifesta exuberante, onde só o presente está, monótono, que não tem ritmos, onde não há oscilações, nem antecipações/nem o demasiado tarde. O tempo do presente é o mais paradoxal, o único tempo real, o único tempo que existe é o tempo dos encontros, das partilhas. O tempo do presente remete-nos ainda para qualquer coisa de gratuito, é-nos oferecido, estamos sempre neste tempo, sendo a única forma de tempo que habitamos e em que estamos sempre lá. O tempo presente com presente é ainda ambivalente, tem uma dimensão espacial, opondo-se ao ausente. O presente é ainda aquilo que já foi (passado) e o que ainda não é (futuro). Por último, o tempo presente também comporta o eterno, p.ex quando queremos designar o eterno e o divino utilizamos o presente do indicativo como tempo do verbo (Deus é eterno), assumindo aqui uma conotação de ambivalência, pois o que é intemporal revela-se no presente, que portanto, se conjuga com o eterno.
O tempo binário e o tempo ternário são formas do tempo, como se de uma moldura se tratasse e onde se inserisse o tempo.

- Tempo a quatro tempos ou tempo quaternário é o tempo do conteúdo do tempo. Neste tempo podemos distinguir os acontecimentos que nos acontecem, admitindo tais conteúdos três dimensões: dimensão do possível, dimensão do necessário, dimensão do impossível.

Estas quatro tempos ajudam-nos a pensar “as dores do tempo”.

A fenomenologia do tempo introduziu um tema novo na Reflexão do Homem. Só temos para além do corpo uma alma porque somos seres do tempo, uma vez que se só vivêssemos num ritmo biológico seríamos somente corpo. O que faz do corpo uma existência “almada” (com alma) é o facto do corpo se produzir e apreender no tempo, o nosso corpo tem psique. Adquire-se o sofrimento da alma, as dores do tempo.


Podemos mencionar quatro dores fundamentais do tempo:

No tempo unário, tempo do presente inscreve-se a experiência do aborrecimento, do tédio.

No tempo binário, tempo do antes e do depois inserem-se as experiências da espera infinita, do desespero (deixar de esperar, deixar de ter expectativas, incapacidade de investir na ocasião: certamente ter chegado demasiado tarde e desistir da acção).

No tempo ternário, temos a dor como arrependimento, o remorso, fixação num passado que alastra a nossa alma e a cristaliza numa instância do passado que invade o presente e o futuro.

O tempo quaternário confronta-se com os conteúdos possível, necessário, impossível – dor da impotência, tudo acontece sob o registo que escapa à nossa vontade; as coisas acontecem na conversão do impossível, do inevitável necessário, da incapacidade do agir e da incapacidade da resposta – experiências de irritabilidade; permanente resposta à frustração.

Podemos dizer que as “dores do tempo” são os lugares da invenção da condição do tempo naquilo que somos. Mas podem também ser lugares de descoberta e de felicidade.

A nossa aprendizagem do tempo não opera por alargamento, não havendo derivas de um tempo para o outro, a forma da sua constituição ocorre em paralelo, isto é, nem sempre é sistemático.

O tempo da narrativa, a arte de contar histórias, é o lugar onde as quatro dimensões do tempo acontecem em simultâneo na experiência da narrativa. Aliás a história pode mesmo estar condensada na estrutura ternária da frase: sujeito, predicado, complemento do verbo, constituindo só por si este facto o paradigma da relação agente/oponente. Na mais simples aprendizagem de uma frase, uma criança p.ex. depara-se com conflito e desfecho, estando todos nós a apreender um enredo.

Uma segunda dimensão do tempo feliz é a experiência da exuberância do presente – a dimensão da reinvenção do presente. O presente tem nele contido o dom, aparece-nos como oferta. Há quem possa argumentar que oferta estabelece uma relação de troca (expectativa e obrigatoriedade da retribuição), de consumo de bens e, no fundamental a troca não é o paradigma.
Em que medida é que podemos transformar o presente em lugar de dom de oferta, ou seja, em oferta gratuita e partilha autêntica? O que é que constitui o ponto de base de vinculação entre os seres humanos?
Sem dúvida que a experiência fundadora da comunidade humana é a do dom. No dom aquilo que damos é tempo, é o momento entre o momento de dar e o de receber. O que constitui a experiência do dom, em oposição à troca, é o tempo que o outro tem para pensar naquilo que nos vai dar, é o tempo de espera. Não se trata do objecto mas sim do tempo. E desta forma, o presente assume um lugar de dádiva.

A terceira e última dimensão do tempo é a dimensão da reinvenção do possível. Vivemos rodeados de factores que não podemos controlar, inclusivamente não podemos controlar o Outro.
O Outro é aquilo que se está a introduzir na minha vida, a presença do Outro na minha vida. A pluralidade de Outros fazerem parte da existência de cada um. Aquilo que torna possível o meu possível, como acontece na experiência de enamoramento, o Outro passar a ser parte da minha vida, da minha casa, dos meus dias introduz e confere uma dimensão “almada” e feliz.

Texto de Resumo da Intervenção do Prof.Doutor Nuno Nabais na Jornada Organizada pelo ESCA sobre "Depressão". Texto realizado por Maria João Pingarrilho, em http://como-aguarela.blogspot.com











Nuno Nabais no RCP e no dia das mentiras


quarta-feira, 21 de julho de 2010

DE «A RUA DO ADEUS» -AO «ADEUS PORTUGUÊS»

Adeus Português

Alexandre O'Neil

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

«84 CHARING CROSS ROAD» («A RUA DO ADEUS»)


He Wishes For The Cloths Of Heaven

HAD I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.

William Butler Yeats









"84 Charing Cross Road" (1986 - 95m)

SINOPSE
Uma história sobre o amor e o amor pelos livros, A Rua do Adeus tem a presença dos vencedores de Óscars da Academia Anne Bancroft e Anthony Hopkins, nos principais papéis.
Helen Hanff (Bancroft), uma escritora nova-iorquina, envia uma carta para uma pequena livraria londrina, pedindo alguns raros livros clássicos ingleses. Frank Doel (Hopkins), o reservado livreiro inglês, satisfaz-lhe o pedido, iniciando-se assim uma correspondência tocante e bem humorada que atravessa dois continentes e duas décadas.
O espírito entusiástico de Hanff contrasta com o isolado comportamento britânico de Doel, mas a sua paixão mútua pelos livros forma uma união que se aprofunda cada ano que passa. As suas cartas íntimas levam-nos a penetrar nas suas vidas, à medida que Helen e Frank partilham os seus sonhos, as suas tristezas e as suas alegrias.




À guisa de esclarecimento! A 'Judeia Cativa' desde Adriano









          «IUDEA CAPTA»
        (JUDEIA CATIVA)
A PALESTINA ROMANA ENTRE AS DUAS 
        GUERRAS JUDIAS 
                 70 - 132 

Entre 132 e 135 d. C. aconteceu um levantamento de revolta (a última!) de um grupo de judeus dirigido por Bar Kochba.

Era então Imperador de Roma, Adriano.

Irritado decretou a expulsão de todos os Judeus da Judeia.

Para se vingar mudou o nome da Província Romana para 'Philistina' - 'Palestina' , e Jerusalém (Hieroshaloïm) - Sion - Monte Mohriah (Abraão - Isaac - Melquisedeque) passou a chamar-se 'Aelia Capitolina'!

O Judaísmo já endurecido pela queda de Jerusalém e Massada, tornou-se ainda mais duro. Judaísmo que sempre tolerara os «Apócrifos»...

Depois de muita humilhação...caiu a gota que fez transbordar o copo...«O Caso Dreyphus»!

A derrota francesa em Sédan em 1870...e a humilhação francesa de assistir à proclamação por Bismarck na «Galeria dos Espelhos» do «Palácio de Versailles» do II Reich, proclamando Guilherme I da Prússia, Imperador.

Dreyphus, brilhante oficial do «Corpo do Estado Maior» foi degradado na parada, sendo-lhe arrancadas as «Dragonas» e quebrada a Espada. E destino a  «Ilha do Diabo» . Como ´bode expiatório`...um judeu!...

Seguiu-se uma campanha que passados anos conduziu à reabilitação do oficial...nomeadamente devido ao artigo de Émile Zola, «J'Accuse», publicado no «L'Aurore»...

Mas o que se tornou imparável e «irreparável!» foi a criação do movimento Sionista, que tem o seu I Congresso em 1897 em Basileia.

Entre os descendentes dos que para cá ficar tiveram de renunciar à sua «Fé !
Em hebraico a palavra 'emunah' (amen), certeza interior dada pelo Espírito, foi traduzida para 'doxa', que em grego signifia opinião e é usada para exprimir 'Fé', palavra que desvirtua o sentido original!


Do Prefácio de Leonardo Coimbra a «Verbo Antigo», de Ângelo Ribeiro


( Do Prefácio de Leonardo Coimbra)
...........................................................................
Dedicatória do autor
( Ângelo Ribeiro )
A    Leonardo Coimbra
Ao filósofo-artista de «Alegria, a Dor e a
Graça, em que maravilhosamente se canta
a nostalgia das Regiões Mais Altas.
A. R.
...............................................................................
C arta Prefácio

Meu caro Ângelo:
(...)Nesta terra de analfabetos e homens de letras, em geral muito abaixo dos analfabetos, os que pensam com dor e profundeza, os que sentem pensando e pansam sentindo, passam ignorados ou mal conhecidos pela parte episódica da sua vida.
É assim que todo o meu labor filosófico, todo o meu trabalho emotivo, ainda há pouco, você o sabe, foram esquecidos para me emprestarem nos jornais uma fisionomia de político, com amigos políticos ( votos?! ) e tudo.
Isto tem o seu lado trágico: bem mostra como é difícil inscrever no espaço ( «objectivar», em linguagem filosófica ) a verdadeira máscara da nossa intimidade.
Já pensou, meu amigo, como somos diferentes na apreesão alheia e como na opinião que os outros de nós fazem é a mão brutal da fatalidade a deformar o modo essencial do nosso ser?
A flor da consciência é a mais trémula e hesitante, mal pode abrir as melindrosas pétalas no vendaval que a brutaliza.
A sua homenagem é a boa e doce brisa, que toma a flor, que a embala, na repetição acalentadora da sua forma.
Uma luz se acende no Espaço e uma outra responde ao seu apêlo-duas consciências em companhia na imensa solidão e bruteza do ambiente.
(...) o seu livro é uma doce evocação da mais bela e olímpica poesia dos tempos.
O pensamento grego é a atmosfera mediterrânica das almas.
Há doçuras, suavidades, visões e imagens, que só nessa atmosfera podem abrir. Sem esse pensamento, o planeta seria exílio, apenas.
O planeta-jardim, fragmento celeste, bastante alegria de ser, são flores do pensamento helénico e só hoje revivem em tal atmosfera.
Um livro é uma simples massa mecânica ou um formidável condensador de pensamento, como o explosivo que é simples peso ou, diante do reagente próprio, reservatório de energia, arremessando gestos, fragmentando, estilhaçando. Não dorme o fogo no próprio coração das pedras?
Assim os filósofos gregos: cadáveres pulverizados ou astros de sereno e imaculado fulgor.
(...)Onde o artista pousa a alma ressalta uma faísca de animação e vida, como se o nosso olhar, perfurando os olhos de um cego, lhe reacendesse as cinzas amortecidas. É o Fogo de Heraclito animando o universo e, do fundo das coisas, respondendo ao nosso amoroso chamamento.
A arte é uma obra de ressurreição; quando revivemos um artista morto, o seu espectro é ao nosso lado, convivendo e amando.
...............................................................................................................................................................................................................................................
«Os maiores poetas gregos foram os seus filósofos e os seus trágicos-uns pela luz que espalharam, outros pela sua imensa sombra de Fatalidade.
Os filósofos foram os pontos seleccionados e venturosos, onde a flor da consciência foi abrindo, os trágicos os poços, onde a sombra espavorida se foi abrigando. Mas ao alto e no fundo dêsse poço brilha o astro-consciência, atravessando a sombra e a si regressando em serena imagem reflectida.
E a vontade socrática é a força prometaica modelando uma fisionomia caroável à própria Fatalidade.
O meu caro amigo, repetindo, em pura emoção intelectual, em adequado conhecimento, os grandes pensamentos eternos, ergue diante de nós a sonoridade apolínea do «verbo antigo», que é o mais próximo do LOGOS criador.
(...)E tal é o poder criador do pensamento, que revive adequadamente, sob espécie eterna, que você, meu amigo, levanta, diante de nós e no mesmo movimento, a alma e a paisagem helénica. Tanto a paisagem é alma, e a alma é convívio, comunicação natural!
O rio de Heraclito é tanto o rio que flui fora de mim, como este mesmo rio que, entrando-me pelos olhos, é o próprio movimento do tempo discorrendo.
A Imobilidade eleática é a omnipresença divina, a Unidade cósmica, e é a serenidade olímpica do Ar helénico e deste azul extático em que a Vida parou para meditar.
O próprio Diógenes caminhando não perturba essa atmosfera repousada, pois é mais um raciocínio em marcha, a «forma» e «alma» do movimento, que um corpo trocando relações.
E a lira de Pitágoras é para além do som, que só para o homem desatento e estúpido é inexpressivo, a relação numérica, a proporção que liga e une as coisas em fraterno convívio e universal comunicação.
É também o concerto destas vozes que das encostas se levantam, e por cima do rio se chocam em unidade perfeita, subindo aos céus como a prece da Noite, cantando.
A graça, o encanto delicado e incoercível do Amor, que tudo une, tudo «é» e em nada se resume ou esgota, é o verbo de Empédocles e o ar rarefeito e quieto da Montanha, a sua Solidão e Silêncio, cheios de presença divina e sem formas, que aos ouvidos nos murmuram místicas palavras de universal, plácido e repousado sentido.
(...)O seu livro é uma paisagem, e tão doce, serena e pacífica que não deixará de trazer da sua leitura um coração ampliado, tranquilo e contente.
As suas águas deixarão frescura para sempre, porque a água murmurando foge, Heracito a vê correr de tranquilos olhos imortais.
Nossos olhos mergulham na luz sereníssima da Grécia e um delicioso repouso nos acalenta o coração opresso.
A vida foge, transita e morre; mas a memória é de guarda, e na íntima luz do seu firmamento brilham imóveis, fixos e serenos os astros do pensamento eterno.
(...) O meu amigo começa por uma admirável obra de intelectual amor, não faz inúteis, insignificantes gestos de bailarino, entra de pronto no coração da vida e canta-a, revivendo na sua voz os mais sérios e religiosos movimentos de compreensão que a alma humana soube atingir.

Um grande abraço do seu amigo e camarada
Quinta do Tourago 
Amarante, 26-8-1918.
Leonardo Coimbra

KARL MARX



«Tragédia do destino»
"A menina está ali tão reservada,
tão silente e pálida;
a alma, como um anjo delicada,
está turva e abatida...
Tão suave, tão fiel ela era,
devotada ao céu,
da inocência imagem pura,
que a Graça teceu.
Aí chega um nobre senhor
sobre portentoso cavalo,
nos olhos um mar de amor
e flechas de fogo.
Feriu-a no peito tão fundo;
mas ele tem de partir,
em gritos de guerra bramando:
nada o pode impedir".

KARL MARX ( jovem )


«O Liberalismo europeu» - Harold J. Laski







«O Liberalismo 
                  europeu»
                     Harold J. Laski
Tradução: Álvaro Cabral
Revisão: Yara Schramm
Capa de Plano: 
Planejamento e promoções, Lda.
Biblioteca de Sociologia sob 
a direcção do
Prof. José Jeremias de Oliveira Filho
Editora Mestre Jou
São Paulo - 1973
1ª Edição em inglês - 1936
1ª Edição em espanhol - 1953
3ª Edição em inglês- 1958
1ª Impressão desta edição em inglês - 1962
1ªEdição em português - 1973
195 pags.
Título original: 
«The Rise of European Liberalism»
    'An Essay in Interpretation'
George Allen & Unwin, Lyd
Ruskin House Museu Street
London, W.C. I


O liberalismo tornou-se, por excelência, a doutrina da civilização ocidental e o produto ideológico da ascensão ao poder de uma nova classe social: a burguesia. Da Reforma à Revolução Francesa, desenvolveram-se mudanças radicais, na vida económica da Europa, que tiveram como resultado tendências opostas às que imperavam nos tranquilos anos dos senhores feudais.
A partir do século XVI fortalece-se a evolução de conceitos e instituições que haviam sido considerados imutáveis, e tanto as bases jurídicas como o monopólio religioso sofrem profundas transformações. De outro lado, enquanto a ciência substituía a religião e a doutrina do progresso se impunha à inveterada crença no pecado original, o individualismo alcançava, progressivamente, a sua expressão máxima face ao indiscutido controle que, apenas por virtude do nascimento ou da crença, haviam exercido certos grupos sociais.
Harold J. Laski estuda magistralmente o desenvolvimento dessas correntes ideológicas em suas relações com a economia, a posse da terra e as contradições políticas da época, e analisa a participação de alguns notáveis pensadores que contribuíram para consolidar as novas normas directrizes. Porém ante a crise que hoje atravessam essas doutrinas, passado o esplendor que alcançaram no século XIX, faz destacar a necessidade de que sejam efectuados reajustes e criadas normas de maior justiça que tragam, em consequência, ´uma nova ordem social baseada em uma nova relação entre os homens`.

                                                  ÍNDICE GERAL

PREFÁCIO
    I. Os antecedentes
  II. O século XVII
III. A era do Iluminismo~
Conclusão: As consequências
ÍNDICE ANALÍTICO




terça-feira, 20 de julho de 2010

«O Manifesto Comunista de 1848» - Harold J. Laski com um ´Apêndice` de Joseph A. Schumpeter





                            
                            «O 
       'MANIFESTO COMUNISTA' 
                     DE 1848»
             Harold J. Laski
Tradução: 
Regina Lúcia F. de Moraes
Em Apêndice
´A Significação do Manifesto Comunista 
       na Sociologia e na Economia`
de Joseph A. Schumpeter
Tradução de Cássio Fonseca
Capa: Érico
Atualidade
Zahar Editores
Rio de Janeiro - 1967
148 págs.
Título original:
«Communist Manifesto - Socialist Landmark»
Traduzido da quinta impressão, 
publicada em 1961 por
George Allen and Unwin
Londres- Inglaterra


Escrito em 1848, a pedido do ´Comité Central` da ´Liga Comunista` fundada um ano antes, destinava-se o ´Manifesto` a servir como um programa de partido. Marx e Engels, entretanto, preferiram dar ao texto um carácter histórico mais amplo, transformando-o numa análise global da situação operária no mundo. Com isso, produziram um dos documentos políticos mais importantes jamais escritos, no consenso unânime dos historiadores políticos.
Afirma Paul Sweezy que a publicação do ´Manifesto`marca um verdadeiro ponto decisivo na história do Socialismo. Todas as formas de socialismo já haviam, muito antes, desaparecido; a forma marxista , cujas origens podem ser encontradas no ´Manifesto`, gerou um movimento de âmbito mundial, maior e mais poderoso do que nunca. Para ele, a contribuição mais importante do ´Manifesto` foi ter transformado o socialista de pregador em cientista da revolução.
Na ´Introdução`escrita especialmente para esta edição, declara Harold Laski que o ´Manifesto` trouxe á ´Filosofia Social` quatro perspectivas fundamenteis: relacionou a necessidade de uma mudança inevitável com as causas que a provocaram; ligou tal mudança aos estratos da ordem social, cujo antagonismo recíproco é a origem principal do conflito entre os homens; explicou porque era lógico supor que o conflito entre o tipo de vida do capitalismo decadente e o do socialismo nascente seria o último estágio desses conflitos causados por distinções sociais, e porque, com o seu fim, começaria uma relação nova e mais rica de homem a homem, uma vez que haveria, finalmente, a destruição dos grilhões de produção entre a humanidade e o domínio da natureza; por último, mostrou como os homens podem tornar-se conscientes da posição histórica que ocupam, deduzindo a partir daí o necessário conhecimento do próximo passo efectivo na via do seu longo caminho rumo à liberdade.
Além da introdução de Harold Laski, a presente edição do ´Manifesto Comunista` vem acrescida de um trabalho de Joseph Schumpeter sobre o seu significado na sociologia e na economia, permitindo, portanto, uma apreciação a mais completa possível de seu significado histórico, político, filosófico e social.


                                                 ÍNDICE

Palavras Prévias do Partido Trabalhista Britânico
Prefácio
Introdução
Manifesto do Partido Comunista
Apêndice

Nota: Foi a melhor introdução ao 'Manifesto Comunista'
          que nos foi dado ler! Oitenta páginas repletas de
          informação erudita, quer quanto às personalidades,
          movimentos e ideologias as mais diversas!
           


«Fé Razão e Civilização» - ´Ensaio de Análise Histórica`- Harold J. Laski






«FÉ, RAZÃO E 
 CIVILIZAÇÃO»
´Ensaio de Análise Histórica`
Harold Laski

Tradução de Vivaldo Coaracy 
                      e Guido Coaracy
Capa de Raul Barro
Livraria José Olympio Editora
Rio de Janeiro - 1946
245 pags
Título do original inglês:
«Faith, Reason and Civilazaton»
'An  Essay in Hitorical Analysis'


O eminente Professor de Ciências políticas na Universidade de Londres e ex-presidente do Partido Trabalhista Inglês, aponta , nas páginas deste livro, escrito ainda a guerra se achava em curso, que a vitória proporcionaria às democracias condições para estabelecer uma nova forma de liberdade ( ! ). 
liberdade, porém só assentaria sobre o encontro de uma fé comum. Chama-nos então a examinar os elementos espirituais que serviriam para construir o edifício da civilização do após-guerra ( !!! ).
Chegáramos ao fim de uma era. O mundo encontrava-se na mesma posição em que se achava por ocasião da queda do Império Romano. Naquela época, a humanidade necessitava de uma nova ´Fé` e encontrou-a no Cristianismo. 
Laski, interrogava-se, então, onde encontrar essa solução. Não souberam os escritores e pensadores desses dias sugeri-la como Laski demonstra, em brilhante incursão alargada pelos domínios da crítica literária. estudando personalidades como as de Eliot, Joyce e Huxley.
Não enxergava ele, no mundo do seu tempo, nenhum espírito reanimador, a não ser na doutrina de cooperação para o bem-comum que transfigurou a Rússia. Não afirma Laski que esta deva ser a solução definitiva (!). Está longe de insinuar que a experiência russa prometa ao resto do mundo uma solução pronta e fácil para os seus problemas, ou mesmo que a prática da Rússia não apresente erros e falhas (!). 
Neste volume, que é um ´ensaio de análise histórica`, limita-se a indicar o paralelo com uma situação anterior, pela qual passou o mundo ocidental, e a perguntar-se se não é na Rússia que poderemos encontrar a nova ´fé` de que precisamos ( ! ).
A geração que então se encontrava no poder, a geração a que pertence o próprio autor, comparecerá diante do ´Tribunal da História` com a responsabilidade de graves pecados. Só pode ser absolvida, diz-nos o eminente autor, se souber orientar a juventude para uma conceção em que, de novo, os homens ´concordem em relação aos grandes objetivos da vida`.

(Hoje sabemos como saíram goradas as expectativas de tão alto nível !!!)
............

«É impressionante a rigorosa dedução que permitiu ao autor esboçar o quadro que a realidade da época oferecia. Pode discordar-se da solução proposta para os problemas do mundo de então; mas não se pode deixar de reconhecer a precisão da análise das causas profundas, de origem psicológica, quase se poderia dizer espiritual, da crise angustiosa por que passou e ainda mais acentuadamente passa hoje a humanidade.
Nenhuma exposição do ponto de vista do socialismo avançado poderá ser mais honesta e sincera do que a formulada, então, por Laski nas páginas deste livro. O seu conhecimento é necessário para uma imparcial interpretação da época analisada.»

(Do Prefácio dos tradutores)


domingo, 18 de julho de 2010

«Declínio do capitalismo ou declínio da humanidade?» - Jacques Camatte





  «Declínio do capitalismo 
ou declínio da humanidade?»
Estes textos foram traduzidos da revista «Invariance»
Jacques Camatte, B.P.  133. 80 170
Brignoles, France
Tradução:
Miguel L.
João C.
Telma Costa
Capa: António Miguel
António Manuel Correia / 
Edições Espaço
Braga, 1976
142 págs.

Nota: A revista 'Invariance' surge a segur ao Maui de 68.
         'Invariance', consiste numa rutura dentro do quase
          desconhecido «Partido Comunista Internacionai»,
         devido a discordâncias com a avaliacão do que ocorreu
         no levantamento estudantil. Num primeiro momento
        juntou-se ao grupo Roger Dangeville, tradutor da obra
        inédita de Karl Marx. «Grundriss»!
       O «Partido Comunista Internacional» (PCI), foi fundado
       por Amadeo Bordiga, que enfrentou Lenine na questão dos
       Sindicatos! Esteve próximo de Trotsky e escreveua melhor
       crítica, feita de um ponto de vista 'marxista' a Estaline e 
      à União Soviética!
          

INDÍCE:

I - O errar da humanidade 
    Jacques Camatte, Maio de 1973

1. Despotismo do capital
2. Crescimento das forças produtivas, 
    domesticação dos seres humanos
3. Consciência repressiva
4. Comunismo  

II - Declínio do modo de produção capitalista
      ou declínio da humanidade?
     Jacques Camatte, Maio de 1973

III - Sobre o Vietnam
     Danièle Voldman, Maio de 1973

IV - Contra a domesticação
     Jacques Camatte, Maio de 1973



«... No seu estado acabado, o capital é representação. Os momentos de acesso a esta residem na sua antropomorfização, que é ao mesmo tempo capitalização dos homens... Isto pressupõe a integração dos homens no processo do capital e a integração do capital no cérebro dos homens. Autonomização do capital pela domesticação dos homens; depois de ter analisado-dissecado-parcelado o homem, ele reconstrói-o em função do seu processo. O corte sentidos/cérebro permitiu transformar este último num simples computador que é possível programar segundo as leis do capital. É precisamente por causa das suas capacidades cerebrais que os seres humanos são, não só submetidos, mas se tornam escravos consentidos do capital. Toda a actividade dos homens é explorada pelo capital, e podemos retomar a frase de Marx: «Ao acrescentar um valor novo ao antigo, o trabalho conserva e eterniza o capital» (Grundriss-Fondements, t.I, p. 317) , da seguinte maneira: toda a actividade dos homens eterniza o capital. A sociedade burguesa foi destruída, e temos o despotismo do capital. Os conflitos de classe são substituídos por lutas entre bandos-organizações, outras tantas modalidades de ser do capital. Como consequência da dominação da representação, toda a organização que se quer opor ao capital é reabsorvida por ele: é fagocitada. É o fim real da democracia: já não é possível afirmar que haja uma classe que ´represente` a humanidade futura, ´a fortiori` nenhum partido, nenhum grupo; o que implica que também já não pode haver delegação de poder. O capital é representação e perdura porque existe como tal na cabeça de cada ser humano (interiorização do que fora exteriorizado), eis o que aparece cruamente na publicidade. A publicidade é o discurso do capital. Aí tudo é possível, toda a normalidade desapareceu. A publicidade é a organização da subversão do presente a fim de impor um futuro aparentemente diferente. O que Hegel intuíra: a autonomização do não-vivente, triunfa. É a morte na vida que Nietzsche percebeu, Rainer Maria Rilke cantou, Freud quase institucionalizou (o instinto de de morte) , que Dada exibiu sob uma forma burlesca, e que os fascistas exaltaram: 'Viva la muerte'! Nunca a sociedade capitalista conheceu um período tão crítico como o que vivemos. Todos os elementos da crise clássica existem em estado permanente. Assiste-se a uma decomposição das relações sociais e da consciência tradicional. Cada instituição, para sobreviver, recupera o movimento que a contesta (a Igreja Católica já não tem conta do número dos seus ´aggiornamenti`; a violência e a tortura, que deveriam sublevar, mobilizar, todos os homens, estão florescentes e em estado endémico à escala mundial; face à tortura praticada actualmente, a 'barbárie' nazi aparece como uma produção artesanal, arcaica. O Homem está completamente morto. Os seres humanos contemplam as figuras do capital, que se sucedem frente aos seus olhos, exactamente como, na caverna de Platão, os homens contemplavam as sombras. O capital tornou-se a representação absoluta. Estão reunidos todos os elementos para que haja uma revolução. O que inibe os homens, o que os impede de utilizar todas estas crises para transformar os distúrbios devidos à nova mutação do capital em catástrofe para este? A domesticação que se realizou quando o capital se constituiu em comunidade material recompôs o homem, que no início do processo, tinha destruído-parcelado. Recompô-lo à sua imagem, como ser capitalizado; o que constitui o complemento do seu processo de antropomorfose. Um outro fenómeno intimamente ligado ao precedente vem acentuar a passividade dos homens: o escape do capital. Há perda de controle dos fenómenos económicos, e aqueles que estão colocados de modo a ter uma influência sobre eles dão-se conta de que são impotentes, que são completamente ultrapassados. À escala mundial, isso traduz-se pela crise monetária, a sobrepopulação, a poluição, o esgotamento dos recursos naturais. Estes dois fenómenos explicam que aqueles que professam a revolução e crêem poder intervir para acelerar o seu curso recitem, na realidade, papeis dos séculos passados (nomeadamente até 1956); a revolução escapa-lhes. Quando há um abalo, faz-se fora deles. Os seres humanos estão no sentido estrito, ultrapassados pelo movimento do capital, sobre o qual há já muito tempo não têm qualquer mão (daí em parte o sucesso do que se chama «New Age»)... »

Jacques Camatte (in «Invariance»)

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