«A Crise da Europa»
Abel Salazar (1889-1946)
Abel Salazar (1889-1946)
Nº 31 - 4ª Secção-
Nº 2 - Povos e Civilizações -
d) Idade Moderna e Idade Contemporânea
Cosmos- Lisboa, 1942
Cosmos- Lisboa, 1942
142 pgs
Sumário:
Condições limitantes da História como Ciência
* Sistemas históricos* Idade da Europa
* Regressão económica*Dissolução mística do pensamento
* O Dilema da Europa
Não pode deduzir-se das teorias expostas neste trabalho que o homem tem de entregar-se, de braços cruzados, a um fluir fatal da história: e isto precisamente porque a vontade , a razão, a emoção, são forças integradas no mecanismo da história, sem as quais mesmo o seu movimento seria impossível. Por forma que, ao mesmo tempo, reconhecemos a impotência e a utopia das ideias, e a sua eficácia como forças.
Simplesmente, a par e passo que o homem se vai erguendo à consciência da mecânica da história, a sua posição modifica-se: e tende naturalmente - ou tenderá um dia - a utilizar em seu benefício o conhecimento dessas forças e as suas leis, em vez de lhe opor um imperativo ideológico ´a priori` - como tem feito até aqui e continua fazendo.
É esta a meu ver, a grande translação histórica que se nota, no fluxo do tempo, pelo que diz respeito às relações do homem com o mundo histórico.
Notemos ainda que o conhecimento da mecânica da história, longe de de ´mecanizar` o homem, o coloca numa posição que transcende essa mecânica, por conhecimento dela: como o homem transcende o mundo físico por conhecimento dele.
A verdadeira ´mecanização` do homem reside, pelo contrário, neste desconhecimento: porque então o homem é joguete ´inconsciente` das forças da História.
Desta forma - e ao contrário da maneira de ver geral - a ciência, e neste particular, a ciência da História, longe de ´mecanizar` o Homem, é a única forma deste se erguer acima dessa mecânica: pela ´consciência` que ele toma dela.
Até ao momento atual - e ainda no momento atual - o homem tem estado na posição - um tanto burlesca, forçoso é dizê-lo - de alguém que, junto dum regato que inunda o campo, tentasse desviá-lo de seus malefícios por apóstrofes religiosas, políticas ou sociais: em vez de, como faz o camponês, utilizar para esse fim a força da gravidade.
No fundo, a humanidade está hoje ainda num período primitivo de «magias»; onde apenas as magias do tipo primitivo foram substituídas pelas ideologias, utopias, místicas e outros imperativos análogos, em que reina ainda a fantasmagoria do mágico.
Por outra palavras, o período científico da História está ainda longe; a época atual, com seus conflitos, é talvez desse período o prelúdio.
Sendo assim, a evolução histórica será definida principalmente por esta translação do espírito humano da fase não científica para a fase científica: translação esta conduzindo o homem da inconsciência para a consciência da sua história. E como o conhecimento científico da história significa a possibilidade de utilizar as suas forças em benefício da humanidade, dentro pelo menos de certos limites, é de prever que a humanidade possa elevar-se, de futuro, a um nível social e moral incomparavelmente mais elevado do que o atual - tão elevado, relativamente, que ao Homem dessa época a história atual aparecerá como um conjunto de singulares paradoxos e de chocantes absurdos.
Por outro lado, como as Artes, em sentido largo, não são mais do que a expressão da Emoção ante o Mistério do Mundo, e que, assim, dependem de uma visão do Mundo, é de prever que, ante um novo panorama desse Mundo - o panorama da futura Ciência - terá lugar um renovamento da Emoção, e, portanto, um Renascimento das Artes: pois que esse novo panorama do Mundo terá igualmente, como o antigo, ou mais ainda do que o antigo, a sua carga emotiva de Mistério. E o Homem, avançando no Desconhecido, e dominando cada vez mais o Mundo e a História, verá assim aumentar essa carga emotiva, e será cada vez mais, no futuro, artista e poeta.
E, nestes diferentes sentidos, as possibilidades não têm limites nem fim.
A. S.
Prefáco
Introdução
Primeira Parte
CAPÍTULO I - Os sistemas históricos
II - Os sitemas históricos; suas curvas e ca-
deias; seus processos de articuçação -
Lei da formação das curvas
Segunda Parte
CAPÍTULO I - A regressão económica
II - A dissolução mística do pensamento
III - O Dilema da Europa
Nota:
Seria falta de amor à verdade se não acrescentasse que este génio foi perseguido pelo Estado Novo, sendo vítima de expulsão do Ensino Superior!
Tendo falecido em Lisboa em casa de sua irmã Dulce Salazar, devido a cancro, os seus restos mortais seguiram para o Porto, onde foi sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, mesmo ao lado da Sede da PIDE!
Durante o velório, aquele que mais o perseguira, António de Almeida Garrett, teve a ousadia de entrar e dirigir-se à irmã de Abel Salazar para apresentar os pêsames!
Meu pai que estava presente foi tetemunha da indignação de Dulce Salazar, que levatando-se esbofeteou o perseguidor de seu irmão!
http://en.wikipedia.org/wiki/Abel_Salazar
http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/12/crise-da-europa.html

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