«Santo Antão do Deserto»
Henri Quefflélec
Tradução: Nuno Santos
Coleção «Homens de Deus»
Editorial Aster
Lisboa - 1961
176 pags.
Distribuidor exclusivo desta obra no Brasil:
Editora Herder
Título original: «Saint Antoine du Désert»
Librairie Hachette
Paris- 1950
À primeira vista pouco se pode dizer de Santo Antão do Deserto Os elementos que dele nos ficaram através da tradição e dos escritos de Atanásio andam de tal modo misturados com a lenda, que parece difícil, senão impossível, fazer-se um estudo sério e acabado sobre o fundador do monaquismo oriental, que é também uma das mais interessantes figuras da hagiografia cristã.
E, no entanto, a escassez de fontes não impediu o eminente homem de letras francês, Henri Queffélec, de nos dar uma biografia viva e real do grande, do terrível Antão de Koman.
Recorrendo às melhores fontes históricas, separando a lenda poética da prosaica realidade, recriando o ambiente em que teve lugar uma das mais fascinantes aventuras humanas de todos os tempos, Queffélec soube transmitir-nos o retrato integral do Mestre espiritual de Atanásio, enquadrando-o nas lutas que a Igreja Egípcia do século IV teve de travar contra pagãos e hereges, na pérfida Alexandria ou nas pequenas aldeias do Nilo Inferior.
Só assim, na verdade, nós poderíamos compreender os apelos de Antão, as suas terrível lutas contra os poderes inferiores, o seu desprezo absoluto e total por tudo o que representasse um compromisso com o mundo, a sua contínua necessidade de isolamento, a sua nunca desmentida resolução de conciliar todo o mundo de desolação em que vivia - com o Senhor que decidia a sorte das batalhas. Antão aparece-nos nesta excelente biografia como um lutador, sempre intemerato mas nunca imprudente, contra o poder das trevas. Onde quer que fosse necessário o seu auxílio, em Alexandria, contra Ario, no baixo Nilo, contra Noviciano, nas cidades e aldeias do Vale, contra o Imperador, Antão de Koman estava presente com o seu testemunho de Pai dos Monges, sempre a favor da Verdade.
Já passou o tempo em que um homem para se isolar precisava de se esconder num velho fortim romano ou num túmulo em ruínas, no deserto. Novas fórmulas de vida substituíram a ascese a que Antão e outros antes e depois dele, se dedicaram. Satanás deixou talvez de impor a sua figura com tanto à-vontade como o fazia naquele mundo que mal acabava de sair das trevas de quarenta séculos de paganismo. Mas nem isto torna menos interessante a figura do anacoreta.
Ao pô-la de novo diante dos nossos olhos, com toda a sua imensa rudeza e virilidade, com todo o vigor do seu terrível desafio ao nosso mundo burguês , Henri Queffélec pretestou-nos um inestimável serviço fazendo-nos regressar a um mundo que já não volta, mas que representou uma etapa essencial no desenvolvimento do cristianismo. A todos quantos se interessam por conhecer de perto o cristianismo dos primeiros séculos, aconselha-se se lhes for possível a leitura pausada desta aventura fascinante de Santo Antão do Deserto
Henri Queffélec, autor de ´Santo Antão do Deserto` , não é um nome desconhecido para o leitor de língua portuguesa. Os seus dotes literários, o vigor da sua extensa obra artística impuseram-no há muito à crítica e ao público como um escritor que à beleza da forma sabia aliar a profundidade dos conceitos, que era capaz de escrever com o mesmo à-vontade um romance, uma novela, um ensaio ou uma biografia.
Não admira portanto, que a um personagem assim vigoroso e inquieto tivesse despertado interesse a vida e as obras de um homem duro, obstinado e forte como Antão de Koman.
O ambiente em que nasceu, o deserto que constituiu o pano de fundo da sua vida, as batalhas que travou contra Ario e Noviciano são, na verdade, tentadores para um artista. Tentadores e perigosos. Porque é tudo tão subtil, anda tudo tão envolto na lenda, o natural toca tão perto o sobrenatural, que é fácil deslizar e dar-nos uma imagem falsa de Aantão.
ÍNDICE
O NASCIMENTO DE ANTÃO
A INFÂNCIA
SE QUERES SER PERFEITO
O INÍCIO DA ASCESE E AS
PRIMEIRAS TENTAÇÕES
NUM TÚMULO
O FORTIM ABANDONADO
O PAI DOS MONGES
ALEXANDRIA
MAIS MONGE DO QUE NUNCA
DE NOVO EM ALEXANDRIA
A CALMA DOS VELHOS SOLDADOS
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