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sábado, 15 de novembro de 2008

«A mistificação das massas pela propaganda política» - Serge Tchakhotine







    «A Mistificação das massas 
       pela propaganda política»
       Serge  Tchakhotine


Tradução: Miguel Arraes
Capa: Marius Lauritzen Bern
Perspectivas do Homem - 15
Direcção de Moacyr  Felix
Civilização Brasileira
Rio de Janeiro - 1967
609 pags.
Título do original francês:
«Le viol des foules par la propagande politique»
Editions Gallimard, 1952


Dedicatória feita pelo Professor  Serge Tchakhotine, no frontespício da sua obra:

Dedico esta obra à memória de dois homens que me inspiraram na sua execução:
Meu grande mestre I. P. Pavlov, o genial pesquisador dos mecanismos sublimes do pensamento, e meu grande amigo H. G. Wells, o genial pensador do futuro.

PROPÓSITO

«A aliança entre a ciência e os trabalhadores, esses dois polos extremos da sociedade, que por sua união podem libertar de todo o entrave a civilização - eis o fim a que decidi votar a minha vida, até ao meu último suspiro!»
(Discours sur «La science et le travail», de Ferdinand Lassalle)

«Deve ser necessariamente a obra, em primeira lugar, de uma ordem de homens e mulheres, animados de espírito combativo, religiosamente devotados, que se esforçarão para estabelecer e impor uma nova forma de vida à raça humana.»
Frase final do livro de H.G. Wells, 
«The Shape of  Things to Come, the Ultimate Revolution»)

DO PREFÁCIO DO AUTOR À 2ª EDIÇÃO

Este livro tem uma história bastante movimentada. Já a sua 1ª edição, em 1939, na França, dois meses antes da guerra, não se fez sem incidentes. Depois de todas as correções, o autor recebeu as últimas provas - para autorizar a impressão - sem que viessem acompanhadas das anteriormente corrigidas. Para sua grande surpresa, verificou que o livro tinha sido censurado (na França! onde a censura não existe!): todas as passagens desagradáveis a Hitler e Mussolini estavam suprimidas (e isso dois meses antes da guerra), da mesma forma que a dedicatória, assim redigida: «Dedico este livro ao génio da França, por ocasião do 150º aniversário da sua Grande Revolução.». Soube-se, em seguida, que a censura havia sido feita pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, então o Sr. Georges Bonnet, no que respeita à dedicatória. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Terceira República achou que «estava fora de moda»! E isso no ano em que o mundo inteiro festejava esse aniversário!

Mediante protesto do autor que, firmado na lei francesa, reagiu, as frases e as ideias suprimidas foram recolocadas e o livro apareceu na forma original. Dois meses depois da sua aparição, quando a guerra já estava declarada, a polícia de Paris apreendeu-o nas livrarias. Finalmente, em 1940, tendo os alemães ocupado Paris, confiscaram-no e destruíram-no.

Nesse ínterim edições inglesas (entre outras, uma popular feita pela secção editorial do 'Partido Trabalhista'), americanas e canadianas, difundiram as ideias enunciadas e, depois da guerra, uma nova tiragem francesa se impôs. Aparece esta edição, totalmente revista e ampliada, uma vez que a ciência da psicologia objetiva, base deste livro, havia acumulado um grande número de novos factos de primeira importância e os acontecimentos políticos tinham mudado consideravelmente a face do mundo. O autor achou útil ilustrar esta nova edição com uma vasta bibliografia, com gráficos, que facilitam a compreensão dos factos e das leis científicas enunciadas, além de um copioso índice que permita melhor consulta dos nomes dos autores e sobre os problemas ventilados.

Poder-se-ia talvez reprovar o autor, por não se ter limitado a expor as ideias e as demonstrações científicas essenciais do principio da « violação psíquica das multidões», bem como por se haver arriscado a fazer referências à atualidade política do momento histórico em que vivemos e, até mesmo, por tomar posição (um critico, aliás benevolente, acusou-o de ser 'sistemático'). Justificando-se, o autor desejaria dizer que, na sua opinião, a melhor demonstração da justeza das ideias enunciadas, que transforma a «hipótese» em «teoria», é precisamente a possibilidade de fornecer provas extraídas do passado (nesse caso, por exemplo; a história da luta de 1932, na Alemanha) e esboços do futuro, corroborando essas ideias, seguindo logicamente a aplicação das leis enunciadas, nas realizações pressupostas, pode verificar-se o valor das primeiras.

Por outro lado, a análise da existência possibilitada atualmente, por meio das novas normas, dá a impressão da «tomada ao vivo» da realidade concreta. Além disso, parece-nos que, fazendo uma crítica puramente abstrata, teórica, abandonamos o leitor a meio caminho, insatisfeito, pensativo. A crítica deve vir sempre acompanhada de propostas de soluções práticas, para ser construtiva. Enfim, cada acto humano deve ter, em nosso entender, um elemento social, um incitamento à acção, dirigido a outrem - se quisermos - um pouco de psicologia, que promova, que crie o ´Élan` otimista, fonte do progresso.

Ah!, o mundo está hoje dividido em dois campos hostis, que têm mútua desconfiança, que se preparam para se arrojar um sobre o outro e transformar esta terra maravilhosa que viu a aventura humana e onde tantos milagres do pensamento, da arte, da bondade se transformarem em um braseiro que só deixará ruínas fumegantes.

Ah!, tudo se polariza hoje em uma ou outra direção. Este livro procura ser obetivo, imparcial, e denunciar aos dois campos os factos sem escapatórias, perseguindo dois únicos objetivos: a verdade científica e a felicidade de todo o género humano. Pode-se, deve-se alcançar isso!

O autor sente-se feliz em agradecer cordialmente aos seus amigos M. Ch. Abdullah, M. St. Jean Vitus, que o ajudaram a rever o manuscrito, no que respeita à redação em língua francesa.

Paris, 1º de Setembro de 1952. Serge  Tchakhotine


1 comentário:

Jorge Ramiro disse...

É interessante analisar as produções discursivas medida que o tempo avança. Nós sempre vamos ao discutir ao ums restaurantes em moema... também comemos :)

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