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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

«Espinosa, o primeiro a duvidar e pôr em causa a origem 'mosaica' da «Torah» (Pentateuco)»


«Tratado Político»
     Espinosa
Tradução :
Manuel de Castro
Cocepção gráfica:
Manuel Simões 
Estampa
Junho, 1970
153 pags.
Título original:
«Tractatus Politicus»



«Tratado Teológico
   Político»
Bento Espinosa
Introdução à Edição
Castelhana:
Angel Enciso Bergé
Tradução:
Emilio Reus Bahamonte
Edicionnes Sígueme
1976
366 pags.
ISBN 84-301-0421-6
Depósito legal: S. 336-1976
Título origina:
«Tractatus thelogicus-politicus»
 




                                      Um estudo de análise e síntese para a 'hermenêutica'
                                               do conjunto de obra de Bento Espinosa,
                                                                  por Sylvain ZAC





Bento (Baruch) Espinosa (1632-1677), nasceu 14 anos antes de Leibniz e morreu 39 anos antes. Judeu Sefardita, descendente de judeus portugueses, daqueles que aqui em Portugal tinham encontrado a 'Nova Terra da Promessa, que falavam o Ladino, língua ainda hoje oficial da Liturgia dos judeus que oram nas Sinagogas dos filhos de Sião provenientes de 'Sefarad', a terra que fica situada junto às 'Colunas de Hércules', para além das quais se situava o 'Indefinido', o 'Apeirôn' dos pré-socráticos!

Nasceu e viveu na Holanda tendo, como mandava a tradição, uma profissão que o ajudaria a sobreviver no caso de ter de fugir perseguido pela sanha dos que pretendem que o semelhante não tem direito à diferença!...

Foi o primeiro pensador judeu a pôr em dúvida a origem Mosaica da 'Torah' (ensinamento), designado na 'Bíblia de Alexandria' («Septuaginta»), por Pentateuco. É uma ironia, que o motivo principal que levou a Sinagoga, na pessoa do Rabino e dos restantes membros da comunidade, a excluir (excomungar: tirá-lo da comunhão com os outros membros) Espinosa, seja hoje irrisório face aos estudos de exegese, de hermenêutica, de arqueologia, de crítica histórica, etc. Quando um estudioso das escrituras, de nível superior, ouve ou lê certos comentários, feitos sem intenção de ferir, fica espantado com o abismo que se abriu entre as pessoas de ciência e a religião (quanta culpa cabe aos que sendo autoridade na religião institucional, andaram a confundir as pessoas, levando muita gente a posições extremadas; quando certas pessoas me dizem que são ateias, e sabendo eu de que deus falam...logo adianto: desse deus também sou ateu!)!


«AUTO DE EXCOMUNHÃO DE BENTO ESPINOSA»

Perante o fracasso em calar a poderosa voz de Espinosa, chegou-se enfim à ruptura e de seguida à «excomunhão», pronunciada a 27 de Julho de 1656, cujo teor se pode ver no seguinte texto:

«Os dirigentes da comunidade levam ao conhecimento desta, que desde há muito tempo tinha notícias das equivocadas opiniões e errada conduta de Baruch de Espinosa, tendo por diversos meios e advertências procurado afastá-lo do mau caminho! Como não obtiveram nenhum resultado e, bem pelo contrário, foram aumentando as horríveis heresias que o mesmo pregava e ensinava, bem como a sua conduta inaudita, resolveram as referidas autoridades de acordo com o Rabino, na presença de testemunhas fidedignas e do próprio Espinosa, que este fosse excomungado e expulso do Povo de Israel, segundo os termos do seguinte Decreto de Excomunhão: Por decisão dos Anjos e o juízo dos Santos, excomungamos, expulsamos, execramos e maldizemos a Baruch de Espinosa, com a aprovação do Santo Deus e de toda a sua Santa Comunidade, ante os Santos Livros da Lei com as suas 613 prescrições; com a excomunhão com que Josué excomungou Jericó, com a maldição com que Eliseu maldisse seus filhos e com todas as execrações escritas na Lei. Maldito seja de dia e maldito seja de noite; maldito seja quando se deite e maldito quando se levante; maldito seja quando saia e maldito quando regresse. Que o Senhor não o perdoe. Que a cólera e a repulsa do Senhor caiam sobre este homem e lancem sobre si todas as maldições escritas no livro da Lei. O Senhor apagará o seu nome sob os céus e o expulsará de todas as Tribos de Israel, abandonando-o e entregando-o ao poder do Maligno com todas as maldições do céu escritas no livro da Lei. Mas, quanto a vós, que sois fieis ao Senhor vosso Deus vivei em paz. Ordenamos que ninguém mantenha com ele laços de comunhão oral ou escrita, que ninguém lhe preste nenhum favor, que ninguém permaneça com ele sob o mesmo teto, e mantenha com ele uma distância nunca inferior a quatro jardas e que não leia nada escrito ou transcrito por ele»





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