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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

«O Pentagonismo substituto do Imperialismo» - Juan Bosch




«O PENTAGONISMO, 
SUBSTITUTO  DO 
IMPERIALISMO»
              Juan Bosch

Tradução: Lúcio Gusmão Lôbo
Capa: Mendes de Oliveira
´Mundo Imediato` - 2
Moraes Editora
Lisboa - 1970
Nº de edição: 386
180 págs.

Título original:
«EL PENTAGONISMO, 
 SUSTITUTO DEL IMPERIALISMO»
 Juan Bosch - 1968


Esta obra premonitória, foi a tese que o Professor Juan Bosch apresentou à Terceira Conferência Latino-Americana de Ciências Política e Sociais, iniciada a 24 de Novembro e encerrada a 2 de Dezembro de 1967, na Universidade Autónoma de São Domingos.

Bosch, notável contista, político e ex-Presidente da República Dominicana, dirigiu a Revolução Constitucionalista de 24 de Abril de 1965, uma tentativa civil e militar para reassumir o seu Governo Constitucional derrubado em Setembro de 1963.


«O PENTAGONISMO»

-O capitalismo de hoje é capitalismo superdesenvolvido. Este novo tipo de capitalismo já não necessita de recorrer a territórios dependentes que produzam matéria-prima barata e consumam caros artigos manufaturados. O capitalismo superdesenvolvido achou em si mesmo a capacidade necessária para elevar ao cubo os dois termos do capitalismo que se punham em jogo na etapa imperialista. As suas formidáveis instalações industriais, operando sob condições criadas pela acumulação científica, podem produzir matérias-primas antes inimagináveis, a partir de matérias-primas básicas e a custos baixíssimos; essas novas matérias-primas, de qualidade, volume, consistência e calibre cientificamente garantidos, permitem ampliar para cifras fabulosas as linhas de produção, e assim o subproduto se tornou a chave do lucro mínimo indispensável, de maneira que os lucros obtidos com os produtos principais se acumulam para ampliar as instalações ou estabelecer outras novas, e o resultado final desse processo interminável é uma produtividade altíssima, jamais prevista na história do capitalismo. Graças a essa alta produtividade, o capitalismo superdesenvolvido pode pagar aos seus povos salários muito elevados, os quais proporcionaram, internamente, um poder de compra que cresce em ritmo galopante e que permite, por sua vez, capitalizar a um grau que não houvera sido capaz de supor o mais apaixonado promotor de expedições militares para conquistar colónias nos melhores dias de Vitória, rainha e imperatriz. 

-Sem dúvida, o 'pentagonismo' é uma ameaça para todos os povos do mundo: trata-se de uma máquina de guerra que necessita da guerra como os seres vivos necessitam de ar e alimento. Porém, representa uma ameaça igualmente grande para os norte-americanos. Se o poder do 'pentagonismo' continuar a expandir-se e passar a dominar a esfera do poder civil dos Estados Unidos, este país, no seu todo - e não apenas os políticos e os militares -, acabará por provocar a ira do mundo inteiro contra ele. E não nos enganemos: a arma mais poderosa que existe, contra ou a favor de uma nação, não é a bomba «H» nem o antimíssil orbital; é a opinião pública mundial. O 'pentagonismo' poderá ter consigo o interesse dos que acumulam poder e dinheiro, mas não terá a seu lado aqueles que aspiram a um reino de justiça sobre a terra.
A simples palavra de Jesus foi, no fim de contas, mais poderosa do que as arrogantes legiões de Roma.»

JUAN BOSCH

cf.  «A Crise da Economia Soviética» - João Bernardo


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