«FÍSICA E METAFÍSICA DA VIDA»
REMY COLLIN
PRÓLOGO de J. A. PIRES DE LIMA
TRADUÇÃO de M. RADELET
LIVRARIA SIMÕES LOPES
PORTO - 1951
TÍTULO ORIGINAL:
´PHYSIQUE ET METAPHYSIQUE DE LA VIE`
DOIN
PARIS, 1925
PRÓLOGO
LIVRARIA SIMÕES LOPES
PORTO - 1951
TÍTULO ORIGINAL:
´PHYSIQUE ET METAPHYSIQUE DE LA VIE`
DOIN
PARIS, 1925
PRÓLOGO
Começo por apresentar as minhas respeitosas saudações à ilustre tradutora, que tão bem demonstrou os seus perfeitos conhecimentos da língua francesa e portuguesa assim como uma sólida preparação nos fundamentos das ciências biológicas.
Eu fui professor de Anatomia durante umas dezenas de anos. Julgando ser meu dever, preparava as minhas lições lendo diariamente muitas páginas dos compêndios e devorando constantemente livros sobre biologia. Conhecia, portanto, nas maiores minúcias, as obras de Lamarck, Darwin e Haeckel, de Büchner e Le Dantec, não esquecendo os portugueses Serrano e Bombarda. Era, portanto, um transformista completo e, nas minhas lições, mostrava-me sempre um perfeito materialista. Nunca ataquei, contudo, as ideias espiritualistas, mas, no meu ensino, bani completamente as ideias de Deus e da alma humana. Supunha, assim, realizar, com perfeição, os meus deveres de professor de biologia.
Em certa época, porém, senti perturbar-se a minha filosofia ateísta.
Fazia, quase todos os anos, uma viagem ao estrangeiro, para assistir às reuniões da Association des Anatomistes´. Por essa ocasião, verifiquei que não tinha obrigação de ser materialista, pois, entre os membros daquela notável Associação, havia alguns que se mostravam espiritualmente e até praticamente afectos à religião católica.
Entre eles, fez-me impressão pessoal o devotado secretário geral da Associação, o sábio Remy Collin, professor de Histologia da Faculdade de Medicina de Nancy. Com ele convivi pessoalmente algumas vezes e, de sua autoria, li alguns trabalhos que muito bem me fizeram, como a ´Physique et mataphysique de la vie`.
Depois de uma das minhas viagens de estudo, fiz várias conferências numa das quais, que foi presidida pelo Revmo. Bispo do Porto Castro Meireles, na Associação dos Estudantes Católicos, em 1935, fiz a minha profissão de fé, declarando-me convertido à religião dos meus antepassados. (J. A. Pires de Lima, ´Memórias`, Porto, 1937). Também concorreu para a minha reeducação filosófica a leitura do estudo ´A Metafísica perante a inquietação científica` publicada no mesmo ano por meu filho Fernando.
Pouco antes, o Revmo Bispo de Leiria Dom José Alves Correia da Silva, convidou-me para colaborar na ´Voz de Fátima` , excelente jornalzinho, onde já foram publicados mais de cento e cinquenta pequenos artigos meus sobre medicina preventiva, higiene e outros assuntos mais ou menos ligados à propaganda religiosa e cívica. Demonstrada ficou que a minha conversão foi completa e definitiva e que poderei estar certo de que morrerei bom cristão e bom português.
S. SIMÃO DE NOVAIS
12/X/50
J. A.Pires de Lima
A biologia de Laboratório, ou ´biologia concreta` , encara os seres vivos sob o aspecto da matéria e da forma (ou tipológico).
Cingindo-se ao ponto de vista material, o homem de ciência examina nos seres vivos o que eles têm de comum com os corpos brutos ... e conclui que os fenómenos vitais comportem uma explicação físico-química. ... os fenómenos físico-químicos ... são ordenados de uma maneira especial, por outras palavras, são organizados.
O ´princípio`desta organização é discutível mas a sua existência não pode ser ignorada. A biologia concreta comporta pois uma elucidação das leis de especificação ou tipológicas, as únicas que nos permitem distinguir os corpos brutos dos organizados.
Trata-se, em resumo, de examinar qual a configuração, a ´forma` que os fenómenos físico químicos tomam nos seres vivos e pode dizer-se que a biologia ´formal` justifica a noção de uma ´ciência` biológica independente.
...A biologia ´teórica` conjuga-se com os métodos materiais para fundar a ciência biológica.
Leva-nos também a exercitar uma outra faceta do espírito humano, a da Filosofia.
Pode por-se em dúvida a exactidão da expressão ´Biologia Filosófica`...Sem dúvida. é, porém cómodo na linguagem corrente, o emprego de um termo que traduz a ideia de que, partindo da contemplação dos fenómenos da vida, é possível elevar-mo-nos a considerações gerais sobre a natureza das coisas. ... uma vez satisfeitos os compromissos técnicos e profissionais, em nome de que princípio se lhe nega o direito de abrir os olhos para ver as implicações filosóficas que o seu trabalho concreto lhe parece comportar?
É preciso não esquecer que o espírito é uno e que se ele se submete voluntariamente à disciplina científica, esta que é uma limitação dos seus poderes, não acarreta a sua condenação ao agnosticismo ontológico.
ÍNDICE
Prólogo
Prefácio
Introdução
PRIMEIRA PARTE - A singularidade da vida
Capítulo I - A Assimilação
Capítulo II - A Geração
Capítulo III - A irritabilidade
Capítulo IV - A individualidade e a form específica
Conclusões da primeira parte
SEGUNDA PARTE - FÍSICA E METAFÌSICA DA VIDA
Capítulo I - Domínio incontestável da biologia
Procura de um determinismo
Capítulo II - Os confins da Biologia Positiva
- A finalidade
Capítulo III - O postulado da sensibilidade
Resumo e conconclusão dos capítulos precedentes
Capítulo IV - Natureza da sensibilidade
http://www.jstor.org/pss/40419400
http://skocky-alcyone.blogspot.com/2011/01/metafisica-perante-inquietacao.html
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