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domingo, 29 de maio de 2011

«A Religião Como Teoria da Reprodução Social» - Raul Iturra

       
                                Para todos os que trabalham comigo em equipa, aos
                                quais gostava explicar o título deste volume com um
                                ditado que um vizinho de uma aldeia de Trá-os-Montes
                                me ensinou: «Nacasa onde não há pão, todos ralham e
                                ninguém tem razão.»








        «A RELIGIÃO 
          COMO TEORIA DA 
         REPRODUÇÃO SOCIAL»

'Ensaios de antropologia soial sobre religião,
               pecado, celibato e casamento

Raul Iturra

Revisão:
Álvaro Antunes
Capa:
João Frade
Sobre ilustração de El Greco,
´O Enterro do Conde de Orgaz`
O Saber da Antropologia - 1
Escher
Lisboa
Outubro de 1991
199 pags




A cultura cristã, descendente de Judeus e Gregos, conserva por escrito a memória da construção das relações sociais e com o resto da natureza. Esta memória escrita é derivada da prática de existência histórica das pessoas e é normalmente transmitida de forma oral, dada a falta de treino da população nas técnicas letradas.
Factos sociais tais como, casamento, celibato, organização do ciclo doméstico, controlo ético da conduta por meio do conceito de pecado estão processualmente consignados nas formas não escritas da História, que nós chamamos Religião.

As ideias aí teorizadas pelas pessoas exprimem-se quer em normas conjunturais e manipuláveis, quer em formas imaginárias de hierarquizar pessoas, decidir o seu objetivo na vida, bem como de criar um prolongamento da mesma que venha a aliviar a dor que a finitude e a fragilidade do tecido social e histórico criam na mente humana.
Os dados que este livro apresenta, recolhidos através de anos de trabalho em aldeias rurais, galegas e portuguesas, são confrontados com as formas escritas do comportamento, cuja prática, modifica sistematicamente a rigidez da norma.

No fim, a cultura cristã, apocalíptica e messiânica, imagina todo o indivíduo como um penitente que deve dar conta dos seus atos à vontade externa que inventou através do tempo para definir o seu agir histórico; penitente que antes de o ser vive com certa culpa a construção de uma vida que se caracteriza pela transgressão ao que diz praticar!


                                                ÍNDICE

Nota introdutória
Prefácio
A religião como teoria da reprodução social
Práticas religiosas em Portugal
Fatores de reprodução sicial em sistemas rurais: trabalho, produção e pecado em
     aldeias camponesas
O pecado através dos tempos
Economia e religião nas culturas letradas: o pecado como conceito de reprodução
       social
Estratégias de reprodução: direito canónico e casamento numa aldeia portuguesa
      (1862-1983)
Casamento, rirual e lucro: a produção dos produtos numa aldeia portuguesa (1862-
         -1983)
A reprodução no celibato
O não casamento como estratégia de reprodução numa aldeoa portuguesa (1864-
     -1983)
O celibato como sistema reprodutivo de pessoas, bens e saberes em aldeias cam-
      ponesas
O grupo doméstico ou a construção da reprodução social

      




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