«O COMUNISMO EUROPEU»
´O MITO DO EUROCOMUNISMO`
ENZO BETTIZA
´O MITO DO EUROCOMUNISMO`
ENZO BETTIZA
TRADUÇÃO: EDUARDO SALÓ
CAPA: PAULO DA CUNHA LEÃO
EDITORIAL FUTURA, 1979
CAPA: PAULO DA CUNHA LEÃO
EDITORIAL FUTURA, 1979
154 pags.
TÍTULO ORIGINAL:
«IL COMUNISMO EUROPEU.UNA VERIFICA
DELL'IPOTESI EUROCOMUNISTA»
RIZZOLI EDITORE
MILANO, 1978
DELL'IPOTESI EUROCOMUNISTA»
RIZZOLI EDITORE
MILANO, 1978
Basta uma olhadela, diz o Autor, aos manuais sobre a hipótese eurocomunista publicados sobretudo em Itália, ao longo de 1977, para verificar que essas compilações, embora diligentes e rigorosas, correspondem em muito pouco à realidade. É provável que figurem nas estantes dos estudiosos de amanhã, menos como interpretações ou crónicas de um facto ocorrido do que como expressões típicas de uma esperança destituída de objetivo real.
Verdadeiras e próprias antologias do ´wishful thinking`, fundadas, em última análise, na ausência de um sólido conhecimento do fenómeno comunista na sua totalidade.
Segundo o Autor, os pontos de partida dessas aventadas antecipações, quase sempre surdas às palavras dos próprios dirigentes comunistas latinos e aos profundos contrastes que os dividem, são geralmente dois - um histórico e o outro mais político.
Em conformidade com o primeiro, os traços de um pensamento eurocomunista primário já se encontrariam em Gramsci; no tocante ao segundo, seria em Berlinguer que se efetuaria o verdadeiro salto qualitativo do estalinismo ocidental, rodeado pelo invólucro flexível 'togliattiano', para uma conceção aberta da sociedade e uma práxis reformista leal e definitivamente respeitadora dos valores formais da democracia burguesa.
Defende o Autor, que sustentar que o eurocomunismo, dado adquirido, tem suas raízes em Gramsci, significa legitimar no sentido social-democrático, ou mesmo liberal-democrático uma visão política que foi penetrada, sobretudo. por uma obsessão sistemática pelo poder e pela maneira de o conquistar, totalmente e sem violência, num universo cultural complexo como a Itália.
Mais, se em vez de forçar a lição gramsciana, exprimindo aquilo que não pode proporcionar, se afirmasse que constituiu a tentativa mais culta e inteligente de enxerto do leninismo no Ocidente, estaríamos mais perto da verdade e, portanto, mais próximos de um diálogo franco, severo, exigente, sobre o comunismo ocidental num sentido amplo.
Atribuindo a Gramsci o que não era de Gramsci e a Berlinguer o que não é de Berlinguer, a análise e diagnóstico foram falseados na origem. Desviou-se a compreensão daquilo que na realidade é o comunismo italiano; do que procura intimamente para além do que afirma; do que historicamente ainda o impede de se tornar, na sua essência psicoideológica, o imaginário partido social-democrático do qual imita a tática, rejeitando a estratégia.
O Autor, neste seu ensaio, inicia a tentativa de incutir um mínimo de ordem linguística e conceptual na discussão então em curso! Não incluiu no título o vocábulo ´eurocomunismo` , atraente do ponto de vista editorial, mas sem dúvida inadequado para introduzir o leitor na presente obra.
Depois do Autor refletir escrevendo sobre muitos acontecimentos de 1977. as cimeiras de Madrid e Sófia, a crise Carrillo, a aquiescência do PCI à campanha anticarrillista de Moscovo, o robustecimento da campanha católica na linha de Berlinguer e as razões do malogro da união de esquerda em Paris, resolveu Enzo Bettiza proceder no sentido contrário: conservar algo do afortunado neologismo, mas decompondo-o e colocando os dois elementos que o formavam numa ordem de sucessão que se lhe afigura mais justa e neutra. De aí, «O Comunismo Europeu»!...
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