«CARTAS AOS HOMENS
DO PAPA CELESTINO VI»
GIOVANNI PAPINI
GIOVANNI PAPINI
´PELA PRIMEIRA VEZ
TRADUZIDAS E PUBLICADAS`
VERSÃO PORTUGUESA
DE VINCENZO SPINNELI E
A. GONÇALVES RODRIGUES
EDIÇÕES QUADRANTE, LDA
A. GONÇALVES RODRIGUES
EDIÇÕES QUADRANTE, LDA
LISBOA. s/d
Distribuidora Geral:
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´AGÊNCIA NACIONAL DO LIVRO, Lda.`
COIMBRA - Praça 8 de Maio, 21
Para o BRASIL: ´
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DISTRIBUIDORA CLÁSSICA LATINA`
RIO DE JANEIRO -
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Avenida Churchill
ESTA PRIMEIRA VERSÃO
Dos profundos abismos de uma Europa que tem fome de pão e de justiça. ergue-se a voz clamorosa e ardente de um ´clérigo` que não traiu a sua missão, de um homem quase cego dos olhos do corpo mas cuja visão interior se ilumina de relâmpagos que não parecem já vir deste mundo. Papini torna-se - literariamente a voz augusta da Igreja imperecível pela boca de um grande Papa imaginário, Celestino VI, cujas cartas latinas finge ter descoberto e traduzido.
Vivendo em época semelhante à nossa, depois da «Grande Perseguição», quando a humanidade, mergulhada no erro e no vício, parecia incapaz de retomar as veredas tradicionais do Cristianismo, o Papa dirige a todos, padres e leigos, ricos e pobres, governantes e governados, homens e mulheres, poetas, historiadores e cientistas, protestantes e judeus, até aos sem-Cristo, até aos sem-Deus, palavras de exprobação e amor, de exortação e esperança, de fortaleza e fé, com eloquência que nunca é retórica banal e por vezes se incendeia da mais veemente e bela inspiração poética.
Nenhum homem do nosso tempo deixará de encontrar nestas páginas uma palavra, uma frase portadora de uma mensagem direta, pessoal. Com efeito estas Cartas distinguem-se tanto pela sua ´catolicidade`, como pelo vigor dramático com que exprimem o terrível dilema do homem atual: ou a recristianização imediata e integral ou o desespero que conduz ao suicídio.
O livro termina com uma admirável ´Oração a Deus` - o coral desta magnífica sinfonia!...
ESTA PRIMEIRA VERSÃO
DAS
CARTAS AOS HOMENS
DO
PAPA CELESTINO SEXTO
É DEDICADA
AOS ÚLTIMOS
COM DESESPERADA ESPERANÇA
PREFÁCIO
É inútil, neste momento, contar de novo a vida do Papa Celestino VI. As páginas que a história lhe dedicou são páginas de luz fulgurante sobre o fundo de trevas do seu tempo. Ele foi no juízo dos contemporâneos e dos pósteros, um dos maiores pontífices que jamais colocaram na cabeça a coroa dos três reinos. Deixou memória de papa amoroso e sábio, firmíssimo na fé, tão intrépido que aos olhos dos pusilânimes parecia até, por vezes temerário, na defesa da verdade. Foi ardente, eloquente, transbordante, sempre esbraseado no fogo de oiro de Cristo. A única culpa que, com singular unanimidade, lhe reconheceram adversários e conselheiros, foi a sua excessiva ingenuidade e candura de ânimo. Morreu mártir, como todos sabem, nos últimos dias da Grande Perseguição.
Estas suas cartas, agora pela primeira vez traduzidas e publicadas, vieram-me à mão por estranho acaso, num pequeno códice sepultado no fundo dos manuscritos de um antigo convento suprimido que escapou ás pesquisas dos historiadores. Trabalhei a versão italiana, quase literal, com toda a diligência, embora o texto latino apresente não poucas lacunas, devidas aos estragos sofridos pelo papel, e contenha palavras quase ilegíveis.
Celestino VI viveu numa terrível idade de procelas e de sangue...quando parecia que Satanás, «o príncipe deste mundo», fazia o derradeiro esforço para precipitar o género humano no desespero homicida e na destruição de tudo o que rege e gera a vida. Parecia então como hoje, que os homens sacudidos e perturbados por terríveis furores de tétrica demência, tinham esquecido ou renegado todo o sentido de justiça, todo o impulso de amor. Mas Celestino não se calou, nem se deixou vencer pelas tentações daquela cobardia que demasiadas vezes se mascara com o honesto nome de prudência. Falou abertamente. Falou a todos e não apenas a quem o reconhecia como Vigário de Cristo. Lançou as palavras do seu grande coração como raios de luz no coração de todos.
Por isso estas cartas, que revelam toda a alma generosa e impetuosa do Pontífice Confessor e Mártir, mesmo nos nossos dias poderão iluminar, consolar, guiar, sacudir, comover, reacender. Não são endereçadas apenas aos cristãos, mas a todos os homens, de todas as condições e de todas as nacionalidades, e particularmente àqueles que pensam e sofrem, a todos os que desejam a salvação por meio da sobre humanidade cristã.
GIOVANNI PAPINI
EDIÇÕES QUADRANTE - COIMBRA
SEGUNDA EDIÇÃO, s/d
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