"In Memoriam" de José Régio |
Escrito por Henrique Veiga de Macedo | |
homenagem que se segue, prestada ao "Poeta da Encarnação" (assim o escrevera num dos seus livros Álvaro Ribeiro), teve lugar na Assembleia Nacional, em 29 de Janeiro de 1970. Do seu autor, H. Veiga de Macedo, há que não esquecer quão ligado esteve a uma obra multifacetada e vastíssima em prol do povo português. Assim, por exemplo, enquanto Subsecretário de Estado da Educação Nacional (entre 23 de Julho de 1949 e 8 de Julho de 1955), altura em elaborou e executou o Plano de Educação de Adultos, no qual se integrou a Campanha Nacional de Adultos. Ou ainda, enquanto Ministro das Corporações e da Previdência Social, entre 8 de Julho de 1955 a 4 de Maio de 1961. Em suma: um homem de "alma lavada e fronte erguida", cuja autenticidade se espelha no vivo e intenso testemunho que dera do Poeta das Encruzilhadas de Deus.
Palavras proferidas na sessão da Assembleia Nacional, de 29.1.1970.
Deixai-me ler, de modo a ficarem bem registadas, como merecem, na nossa inteligência e na nossa sensibilidade, estas afirmações da carta que acompanhou esse livro admirável, intitulado precisamente A Literatura de José Régio:
Na verdade, «de braços abertos para os seus contemporâneos que se dedicaram a estudos especulativos» – atrevo-me a reproduzir outra afirmação de Álvaro Ribeiro – inscrita no prefácio do livro que o mesmo me ofertou –, na verdade, «de braços abertos para os seus contemporâneos que se dedicaram a estudos especulativos, e de inteligência compreensiva para os seus ensaios mais tímidos ou mais ousados, José Régio mereceu de todos os pensadores sérios a bendição que lhe tem sido recusada por aqueles que se ocupam apenas de literatura. A obra de José Régio anuncia o advento de uma nova arte poética, tal como significou em notável e brunino opúsculo o novel filósofo António Telmo. Mestre de uma geração ingrata, avançado precursor de uma literatura que ascende para tributos divinos, José Régio contribuiu para o entendimento final de que a palavra vive da sua relação com o pensamento». Até por isto, numa Assembleia como esta em que a palavra só se legitimará se servir um pensamento e se este servir a vida portuguesa e a dignidade do homem nos seus mais profundos e permanentes anseios e direitos, seria imperdoável não se exaltasse, como está a fazer o Deputado Manuel de Jesus Silva Mendes, o glorioso poeta que foi José Régio. Que foi e que é, pois o seu grito de beleza e de bondade há-de repercutir-se pelos tempos fora, a despertar nos homens de boa vontade aqueles sentimentos puros e aquelas ideias nobres sem as quais não haverá no Mundo nem compreensão, nem paz… nem poesia. |
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