«-Porque estou aqui? digo, dirigindo as palavras lentamente para Hermann Hesse. Porque tenho a felicidade de encontrar-me em sua casa, comendo em sua companhia, vindo de tão longe?
Hesse conserva seu semblante hierático e sem sair da luz invernal que o envolve, responde:
-Nada sucede por casualidade; aqui só se encontram os convidados certos: este é o - 'Círculo Hermético - .«O Círculo Hermético» - Miguel Serrano, - «Hermann Hesse a Carl Gustav Jung).
'Até hoje o operário de destinos chega a nós e diz: «Sou Fédor Mikhailovitch Dostoievsky. Permita-me entrar e mostrar-lhe as muitas vidas que arranquei da minha vida. Seremos um, nos porões da inquietude.»
Na Psicologia Complexa, designação que C. G. Jung escolheu para a sua explicação do homem na fase em que o seu sistema se tornou mais teórico,
«Les dieux des anciens ne sont pas morts,/Au fond de toi-même ils sommeillent/Et en tes rèves ils s éveillent. (Os deuses dos antigos não estão mortos,/No fundo ti mesmo estão adormecidos,/E nos teus sonhos despertam).
Deuses = a Arquétipos do inconsciente, dominantes psíquicos ; no fundo de ti = inconsciente coletivo, separado do Eu pela Sombra; Despertam, acordam = confronto com os Arquétipos.---'É uma experiência inquietante'!
A angústia não é nada de supérfluo no drama da existência. Pertence às mais profundas estruturas do eu dinâmico e é um dos fatores essenciais da realização da nossa vocação de seres comprometidos no tempo. É o estímulo que nos impede de parar no meio do caminho e de nos satisfazermos com qualquer êxito obtido!
Para sair da tal duração inexorável teremos de abandonar explicações demasiado redutoras, porque dando quase só importância à causa eficiente, o que leva a tudo encarar num nexo causa-efeito (Freud) é necessário, antes, afirmar com Jung (e também Adler) que a perturbação psíquica é um acto positivo e criador, que a sua motivação diretora...não pode ser senão a marcha para a auto-realização a 'Individuação»).
Quando Jung se refere, algures na obra «Dialética do Eu e do Inconsciente», ao problema da 'Individuação, isto é, o esforço do homem para se tornar ele próprio, para se tornar o que é, ou melhor o que poderia ser, diz que é a realização da ideia vital (enteléquia) que não pode existir em cada um de nós senão uma só vez!...
1 comentário:
eu ainda estou na fase «retrógada» de todo esse complexo. Eu não sou literato nem nunca o fui, pelo que essa coisa toda deve ter um fim; às vezes penso na resignação... Bem, eu queria dizer que toda essa coisa (a metafísica assim ou assado) tem um aspirante comum: o que é de histórico. É verdade que me quero libertar do estado psicológico da individuação - isso chega a ser «ridículo» -, mas primeiro terei de encontrar a ciência própria.
Enviar um comentário