«SOBRE
O ANTIMARXISMO
CONTESTATÁRIO»
ou as infidelidades de um jdanovista
ofuscado pelo neocapitalismo
Revisão de
José de Azevedo
Capa de
Acácio Santos
Dezembro de 1972
190 páginas
Em «Textos Polémicos», entre várias personagens, afectas ao «Partido Comunista Português» (PCP), destacava-se a posição de Mário Sottomayor-Cardia, mais agressivamente dogmática e com o desejo de vir à liça com uma obra onde poderia explanar com maior orgânica e 'dogmática' marxista-leninista, atacar e por a ridículo as posições recentemente dadas a conhecer por António José Saraiva, em «Maio e a Crise da Civilização Burguesa».
Dado AJS ser uma personalidade muito conhecida do público português e mesmo estrangeiro, tendo sido militante destacado do PCP, que abandonou!
António José Saraiva sai de Portugal e faz uma estadia de dez anos em Paris, tendo também leccionado dois anos na Holanda!
Nesses países teve contacto com modos diferentes de ver e analisar outros pontos de vista. Daí a surpresa com os acontecimentos do Maio de 68, se contudo estivesse melhor preparado para os analisar e entender que estávamos numa mudança de paradigma. Isso não aconteceria se tivesse ficado ligado a ideias e actos do tempo em que militou no PCP e acreditou no chamado 'socialismo real'!
Sottomayor Cardia nesta obra procura, por um lado elogiar o enorme investigador e por outro lado atacar as posições exposta na obra acima referida! Foi um detractor!
Que conhecer a fundo o movimento comunista internacional, logo se dá conta de sobressair de imediato um insulto a mestre António José Saraiva. Antes de mais chamar-lhe 'jadnovista' e ser a foto da capa do livro aqui apresentado, tudo menos tratar-se de 'antimarxistas'! Trata-se de uma manisfestação da «Liga Comunista Revolucionária», organização política ligada à IV Internacional. Dado haver diferenças entre os trotskistas, indico que esse grupo estava lidado ao «Sectretariado Unificado» de tendência 'pablista', cuja figura mais destacada era Ernest Mandel! Então, Sottomayor-Cardia insinuava que AJS era um admirador da extrema-esquerda inimiga do estalinismo e portanto a prova de que passou a posições anticomunistas!
O que mais irritou esse grupo 'crítico' foi a afirmação deAJS, dizendo que os comunistas franceses compravam 'ritualmente' o Jornal «L'Humanité» e lia o jornal «Le Monde» para saber da realidade dos acontecimentos!
Um insulto maior foi chamar à colação o ditador da arte, nomeadamente da literatura, Andrei Jdanov, muito apreciado por Estaline e Kruchev, afirmando que o antigo defensor do «Realismo Socialista», no caso vertente AJS, que acusava de «literatura burguesa» aqueles que tomavam posições apodadas de «idealismo«, logo anti marxistas-leninistas e reaccinárias!
Sotto-Mayor Cardia, leitor compulsivo, inteligente e de rara erudição, resistente antifascista que muito 'sofreu' nas várias prisões da PIDE, acabou a vida com graves perturbações mentais e hoje a sua obra não interessa ninguém!
António José Saraiva foi um investigador, com erudição de alto nível e qualidade! Deixa «Obra», ainda hoje apreciada e deu mostras de mostrar que sabia estar o mundo em mutação! Uma enorme «aceleração da história» era imparável!
AJS morre inopinadamente na 'Associação Portuguesa de Escritores', quando da atribuição do prémio 'Jacinto Prado Colho'! Ao agradecer, evocou a figura do pai, tendo caído redondo desmaiado, entrando já morto no hospital! (18 de Março de 1993)!
Ficará na História da Literatura e da Investigação científica!
Índice
Explicação prévia
I Novamente o mito do bom selvagem
II Aburguesamento do proletariado ou fracasso do
miserabilismo
IV Pode um proletário usar colarinhos brancos?
V Uma realidade despicienda: o capiatalismo
VI Sobre o que a luta de classes não é
VII Tecnologia científica, serpente dos tempos mo-
dernos
VIII Socialismo, mercadoria e apoteose burguesa
IX Socialismo e controlo do poder
X Uma subjectividade tristemente descarnada
Apêdice
IIIA instrução
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