Na capa fotos de Enrico Berlinguer (Compromisso histórico),
Santiago Carrillo (Eurocomunismo) e
Georges Marchais (União da Esquerda).
Os comunistas mudaram? O Partido reputado de secreto, intransigente, exilado do interior, reveste-se agora de novos atrativos. Em Roma, Madrid e Paris, comunistas sorridentes estendem a mão a quem a quiser apertar. Estaline foi enterrado. a ditadura do proletariado está morta, a estrela do Kremlin empalideceu. Viva o eurocomunismo! Mas não representará o eurocomunismo simplesmente o preço que os Partidos Comunistas terão de pagar para continuarem a merecer credibilidade?
Segundo Annie Kriegel, à pergunta: «Que farão os partidos comunistas se ...», não corremos qualquer risco em responder: «o que sempre fizeram...»
Segundo Annie Kriegel, à pergunta: «Que farão os partidos comunistas se ...», não corremos qualquer risco em responder: «o que sempre fizeram...»
«Um comunismo diferente?»
Annie Kriegel (1926-1995)
Tradução de António Mega Ferreira
Capa de José Cândido
Coleção ´Arquivos de Sempre`
Edições António Ramos
Lisboa-1978
Coleção ´Arquivos de Sempre`
Edições António Ramos
Lisboa-1978
188 pags.
Título da edição original: «Un autre communisme?»
Librairie Hachette, 1977
Título da edição original: «Un autre communisme?»
Librairie Hachette, 1977
187 pags.
Prefácio da Autora à edição portuguesa
Reconhecida especialista da história do socialismo e do movimento operário, assuntos a que dedicou várias obras, Annie Kriegel debruça-se nesta obra sobre o tema. à época, perturbante que consistia no que é o eurocomunismo. Desse ´comunismo diferente`, a antiga militante do Partido Comunista Francês tenta três definições:
Será o eurocomunismo uma variedade nova da família comunista, tendo como preocupação maior reconciliar socialismo com liberdade? Será uma estratégia revolucionária de conquista do poder, à escala regional? Ou representará uma tentação comum - tentação de rever o conceito de ´internacionalismo proletário`, a caminho do ´nacional-comunismo`?
Com a mordacidade que lhe é particular, mas sobretudo como profunda conhecedora de toda a organização de um partido em que militou até 1956, Kriegel analisa cada uma destas três possíveis vias do eurocomunismo. Examina em seguida os seus obstáculos e as suas ameaças para, numa atitude lucidamente cética, concluir que o «eurocomunismo é. por enquanto, um processo de diferenciação no seio do movimento comunista internacional, que, por si próprio, não modifica ainda o dispositivo das forças à escala internacional».
Concorde-se ou não com as teses então defendidas por Annie Kriegel, condenemos ou não a sua manifesta intolerância, «Um comunismo diferente?» impõe-se como ensaio metódico e exaustivo que era um dos mais controversos temas dessa época. Recorde-se que no seu IX Congresso de Abril de 1978 - o primeiro na legalidade desde 1932 ., o Partido Comunista Espanhol renuncia ao ´leninismo`, declarando-se simplesmente ´marxista, democrático e revolucionário`.
Lembremos ainda que os dois outros grandes partidos comunistas da Europa Ocidental - o PCI e o PCF - acompanhavam atentamente essa ´oficialização do eurocomunismo`.