«D.
QUICHOTE - REI DE PORTUGAL»
Obra com quatro prefácios,
Três capítulos,
Numerosas notas e
Muitas mais virtudes
Thomaz Ribeiro Colaço
Edições SIT Lisboa
367 págs.
s/d
Composto e impresso na
Sociedade Industrial de Tipografia Limitada
R. Almirante Pessanha, 3 e 5 (ao Carmo) / Lisboa
Do Prefácio Subjectivo
«Não sei bem se a imparcialidade existe; espero que não.
Acredito mais no amor, em todos os seus desdobramentos e ramificações, mesmo os
intelectuais.
Quando em nome da justiça, ou do dever, ou da obediência a
uma regra aceite, a consciência de um homem decide contra ele ou contra um
amigo dele, todos lhe louvam a imparcialidade; e a mim parece-me que ele antes
obedece ao amor humano pela justiça, pelo dever, pela objectividade da regra;
um amor espiritual mas vivo que ele sobrepõe a interesses ou preferências,
precisamente porque é amor.
Seremos todos, sempre, a resultante de subjectivismos em
acção. Imparcialidade é um verbo sem sujeito.
Este livro não aspira portanto a ser uma obra imparcial; nem
sequer possuir nenhuma das virtudes, como essas atribuídas costumeiramente aos
medonhos ensaios de « crítica literária », de « crítica histórica », de «
filosofia política », que sei eu.
Ele não é nem quer ser mais nada senão uma obra de amor,
ardentemente raciocinado.
Um dos resultados deste empenho é ter eu de escrever um livro
com bastantes prefácios. Quatro, se não forem precisos mais.
O motivo permissível do prefácio escrito pelo autor reside na
definição condensada do pensamento ou da posição mental que a obra reflecte. O
prefácio marca assim o ângulo espiritual em que o autor se colocou para
escrever a obra: ângulo a que conduz o leitor, para esta a apreender de uma
determinada perspectiva e nesta se manter durante a leitura.
Os ângulos, as perspectivas, são neste caso numerosos,
aparentemente desconexos. Pertencem à construção da obra várias coisas que não
fazem parte dela, mas que a alimentam e a explicam; não ficariam certas se
amontoadas num prefácio apenas.
Usarei pois o direito que me assiste, penso eu, de escrever
quantos prefácios se me afigurem convenientes; para marcar outros tantos
ângulos, para definir outras tantas perspectivas, para montar as várias
ribaltas e gambiarras criadoras da iluminação a que obra deve ser vista.
Este é o «Prefácio Subjectivo».
Se penso que todos somos subjectivismo em acção, haverei de
pensar que em mim mesmo, como num qualquer pedaço de terra humana, serpenteiam
raízes na busca de seivas para o que escrevo.
Encontro algumas, ou muitas.
Aparecem no que vai ser afinal uma breve página de memórias
íntimas.»
(págs. 9 e 10)
INDÍCE
1º Prefácio - Prefácio Subjectivo
2º Prefácio - O Complexo da Omissão
3º Prefácio - A Propaganda
4º Prefácio - D. Sebastião e Camões
Notas Biográficas de Miguel de Cervantes Saavedra
Capítulo I - A Tese Espanhola
Capítulo II - A Denúncia Política
Parte I - A Sentença de Byron
Parte II - A Presença no Espírito
Parte III - A Presença na Obra
Capítulo III - A Filha de Cervantes
Notas