sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

«A UNIÃO CONJUGAL» - Mac Oraison




«A UNIÃO CONJUGAL»

       MARC ORAISON


Tradução: Maria Isabel Tamen
Círculo do Humanismo Cristão
Livraria Moraes Editora
Lisboa- 1962
Título Original: ´L'Union des époux`
Librairie Arthème Fayard
Paris, 1956


Como já foi referido, a Tese de Doutoramento em Teologia apresentada e defendida em 1951 por Marc Oraison no Instituo Católico de Paris tendo obtido a mais alta distinção, foi condenada pelo ´Santo Ofício`, ao ser publicada em 1952! Intitulava-se, ´Vida cristã e problemas da sexualidade`! Uma das razões da condenação que quase lhe acarretou a ´excomunhão` , residiu no facto de o autor mencionar duas vezes a famosa obra de Simone de Beauvoir: ´Le deuxième sexe`.

Marc Oraison ao apresentar a obra referida  afirma:

«O autor apresenta ao público esta obra, em grande parte para corrigir os erros que um anterior livro poderia conter, contra sua intenção. Esse livro foi objeto duma medida da 'Sagrada Congregação do Santo Ofício'.
Nele, o autor não tomara, com efeito, suficientemente em conta a doutrina tradicional a respeito dos actos humanos.
Certos leitores poderiam - aliás erradamente - ter tirado dele uma conclusão segundo a qual se poderia pecar formalmente por malícia, nunca por fraqueza. Esta conclusão é contrária ao pensamento do autor, e se ele pôde levar a essa interpretação errónea e contrária ao ensino tradicional, pede desculpa.
Espera ele que o presente livro irá acalmar as dúvidas que a sua outra obra poderia ter suscitado.»

E na introdução, continua a sua ´autocrítica` (estou a pensar na similitude com ´O zero e o infinito` de Arthur Koestler:

«Existe, em primeiro lugar, uma tomada de consciência, impulsionada pelo Magistério da Igreja, da importância moral de que o exercício da sexualidade se reveste. Parece, na verdade, que o fim do séc. XIX e o princípio do séc. XX tinham mais ou menos perdido de vista esta importância. Sob a capa da ´boa educação` e da ´reserva`, o pensamento médio vulgar evitava olhar de frente para certos problemas e não
refletia suficientemente sobre eles. Erros de juízo, por vezes grosseiros, tinham-se instalado como verdades indiscutíveis (´deve gozar-se a juventude`, ´o homem deve ter feito várias experiências antes de se casar`, etc.). De resto e simultaneamente, uma determinada conceção da mulher - contra a qual protesta muito mal, embora com razão, Simone de Beauvoir - dirigia, mais ou menos secretamente, as relações conjugais e sociais».

Sou de opinião que Marc Oraison agiu bem, tal como Galileu...desta vez frente a outros Cardeais, Ottaviani e Pizzardo, pois assim o médico, psicólogo, teólogo e padre, pôde continuar a sua obra e, finalmente, com a extinção do ´Index` pelo ´Concílio do Vaticano II` conseguir entrar num novo patamar do modo como a Igreja pensa as ´Realidades terrestres`!

http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,836269-1,00.html

Le deuxième sexe de Simone de Beauvoir - Resultado da pesquisa de livros do Google

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

«Jesus Cristo o Morto Vivo» - Marc Oraison






«JESUS CRISTO 
 O MORTO VIVO»
   Marc Oraison

Tradução de Armandina Puga,
revista pelos Serviços Editoriais Arcádia
Revisão Tipográfica: José Luis Torres
Colecão: Biblioteca Arcádia / Religião
Capa e Plano Gráfico: Manuel Dias / Atelier Arcádia
Editora Arcádia S. A. R. L.
Lisboa - 1975
178 págs.
Nº de edição - 620
Título original: 
´Jésus Christ, ce Mort Vivant
Éditions Grasset  & Fasquelle
Paris- 1973


Certos movimentos ´hippies` ,´Godspel` , ´Jesus Christ SuperStar` são algumas das manifestações de um fenómeno novo, inesperado: neste mundo em crise, que o homem tenta compreender fora dos quadros tradicionais das ´Igrejas` , ressuscita-se Jesus de Nazaré.
Mas será ainda possível libertar de superstruturas, mais ou menos míticas, essa figura histórica e o fundamental da sua mensagem?

Desde o início das manifestações juvenis de protesto, o que interessava nos protestos dos ´hippies` era a afirmação de um certo estilo. Cabelos compridos, barba, vestuário pobre e sujo, essa ´moda` ultrapassou as fronteiras da América. Os ´provos` da Holanda, levaram-na ao exagero. Qualquer que seja o aspeto utópico, ou até quimérico, destas atitudes, elas existiram e numa larga escala; o seu verdadeiro significado reside no facto mesmo de ter existido!

Marc Oraison - sacerdote, médico e psicólogo - tenta uma resposta. Numa perspetiva crítica, independente de ´teologias`, sem concessões a mitologias fáceis. Com clareza e vivacidade.

INTRODUÇÂO
I - O PROBLEMA DE «JESUS CRISTO»
     COMPARADO COM OS OUTROS
II - A IDEIA DA ESPERA: O «CHRESTOS»
III - A «INVENÇÃO» DO CRISTO
IV -ELE

          1. Um homem como os outros
          2. A continuidade do espírito
          3. Realidade deuma atitude
          4. O «para além» da «política»
          5. A ruptura dos limites
          6. A questão da morte
          7. Fundou ele alguma coisa?
          8. Asignificação específica
          9. «Quem dizeis vós que eu sou?»
        10. Ele fez milagres
        11. Os «sinais»
TERMINA AQUI O DISCURSO

     



https://skocky-alcyone.blogspot.com/2021/12/teologia-filosofia-da-historia-crise.html


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Marc Oraison, médico e padre católico - um Homem de grande coerência e coragem!





Autor de imensa e polémica obra, Marc Oraison, nascido em 1914 em Ambarès, doutorado em Medicina e antigo interno dos hospitais de Bordéus, decidiu  matricular-se no Instituto Católico de Paris, onde alcançou em 1951 o Doutoramento em Teologia, com uma ousada Tese!
Este francês foi ordenado Presbítero e a ele se aplica a célebre frase de G. K. Chesterton: ´A Igreja pede-me para tirar o chapéu à entrada do Templo, mas posso manter a cabeça'!
Teólogo interessado pelas questões que dizem respeito ao homem e à sociedade, por pouco conseguiu não ser ´excomungado` por Pio XII, em virtude das suas posições arrojadas; conseguiu escapar devido à intervenção de muitos teólogos de nomeada que acorreram em sua defesa!
A quando da promulgação da Encíclica ´Humanae Vitae` , em 1968, pelo eminente Papa Paulo VI e dado se querer dar ao seu conteúdo contra a contracepção um carácter de ´Infalibilidade` , opôs-se com tenacidade ao que seria um ´Dogma`, defendendo o direito à prevenção da natalidade através do uso da pílula!
Deixou imensa obra, alguma em colaboração com outros autores e faleceu em 1979, vitimado por um cancro!
Quer em Portugal, quer no Brasil, muitos dos seus livros foram traduzidos e publicados!


Obra no original (Sem levar em conta obras em colaboração):



L'union des époux / Marc Oraison / Paris : Arthème Fayard - 1956 (Édition postérieur corrigé)
Une morale pour notre temps / Marc Oraison / Paris : Arthème Fayard - 1964
Savoir aimer : pour une claire information sexuelle / Marc Oraison / Paris : Arthème Fayard - 1964
 Le célibat : aspect négatif, réalités positives / Marc Oraison / Paris : Ed. du Centurion - 1966
 Le Mystère humain de la sexualité / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1966
Etre avec... La relation à autrui / Marc Oraison / Paris : Ed. du Centurion - 1968
La mort... et puis après? / Marc Oraison / Paris : Arthème Fayard - 1968
 Psychologie et sens du péché / Marc Oraison / Paris : Desclée de Brouwer - 1968
Actualités : Vietnam, Israël, Prague, l'argent, les greffes, l'amour, les groupes / Marc Oraison / Paris : 
Arthème Fayard - 1969
Tête dure / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1969
Une morale pour notre temps / Marc Oraison / Paris : Arthème Fayard - 1970
 Pour une éducation morale dynamique : changement d'optique nécessaire / Marc Oraison / Paris : 
Arthème Fayard - 1970  
La transhumance / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1970
 ocation : phénomène humain / Marc Oraison / Paris : Desclée de Brouwer – 1970
Le hasard et la vie / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1971
Dépasser la peur / Marc Oraison / Paris : Desclée De Bouwer - 1972
Vie chrétienne et problèmes de la sexualité / Marc Oraison / Paris : Lethielleux - 1972
Jésus-Christ ce mort vivant / Marc Oraison / Paris : Grasset - 1973
Le temps des alibis / Marc Oraison / Paris : Seuil - 1973
La culpabilité / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1974
 La question homosexuelle / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1975
Au point où j'en suis... / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1978
La prostitution... et alors? / Marc Oraison / Paris : Ed. du Seuil - 1979
Ce qu'un homme a cru voir, mémoires posthumes / Marc Oraison / Paris : Robert Laffont - 1980

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

«O tempo dos alibis» - Marc Oraison




«O TEMPO DOS ALIBIS»
  MARC ORAISON

TRADUÇÃO:
ANTÓNIO CARLOS MURTEIRA
ORIENTAÇÃO GRÁFICA:
JOÃO MACHADO

LIVRARIA TELOS
PORTO-1973
TÍTULO ORIGINAL:
´LE TEMPS DES ALIBIS`
SEUIL - PARIS - 1973
Composto e impresso na
Tipografia Nunes, Lda.
Porto, Novembro de 1973



Uma lenda - persistente como todas as lendas - diz que o avestruz esconde a cabeça na areia para não ver o perigo. É uma ilusão. Mas chama-se a isto a ´política de avestruz`...
O autor pergunta-se, neste ensaio sobre a sociedade moderna, se o homem de hoje não estará iludido na sua política de avestruz: iludido com as suas lendas, antigas ou modernas.
Chegou o momento em que os alibis se desfazem um  após outro. Já não se pode fugir à realidade. O homem vê-se confrontado com a sua nudez essencial. Tem de aceitar a sua condição de fragilidade. Os alibis, sejam eles os do progresso, da política ou outros, cada vez se mostram menos seguros como refúgio da ´boa consciência` .





                                                                  Capa da edição original



- Não, senhor Juiz, não fui eu que matei. O crime foi cometido na noite de 16 para 17; ora, nesse dia, eu estava em casa duns amigos dos quais vos participei o endereço. Não podeis acusar-me do assassínio: eu estava ´noutro lado`.
          
                     'Alibi'

Na realidade o alibi é isto: estar noutro lado. E está relacionado, duma maneira ou doutra com uma culpabilidade; é a fuga precipitada. O que se teme essencialmente é ser acusado de alguma coisa que se fez. Foge-se; procura-se uma justificação. Busca-se exorcizar a todo o custo essa angústia fundamental e sempre a despontar que caracteriza o mais profundo da interrogação humana: a culpabilidade. Há momentos em que se impõe a necessidade de de fazer acreditar, ou de se acreditar que se está noutro lado, e não ´aí onde a questão se põe.`

Mas é insuportável que não haja culpado quando se dá um drama! É a contradição mais insuportável!...

Mas chega o momento em que a segurança do alibi se quebra. Apertando o inquérito, o juiz de instrução demonstra ao réu que ele cometeu na realidade o crime de que se suspeita, conseguindo que a morte se desse no momento em que ele podia provar que estava noutro lado.
Se tentarmos tomar consciência de como vive a sociedade do nosso tempo, podemos perguntar se não se tratará do momento dramático em que o alibi de toda uma civilização está prestes a ruir, provocando a busca desesperada e incoerente de tudo que possa enganar, camuflar, ignorar esse abismo que se abre sob os seus passos.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

«TAMBÉM EU VI»

TAMBEM EU VI! "Uma Morte no Deserto", poema de Robert Browning: 

Quando as minhas cinzas se espalharem, diz João, "não ficará sobre a face da Terra, nenhuma pessoa viva que tenha conhecido (considera bem isso!) -Visto com os seus olhos e tocado com as suas mãos -­Aquele que foi desde o princípio a Palavra da Vida. Como será quando mais ninguém disser: EU VI?"

Muitas vezes ficamos assustados com as nossas próprias dúvidas. O que fazer como Cristãos com as dúvidas? As dúvidas podem paralisar-nos, com medo de nos entregarmos ao Senhor. Podemos racionalizar a nossa fé de tal modo que não deixamos espaço para viver o Dens-Vivo, para reconhecer a verdade com o coração, não deixamos espaço para encontrar a luz. José Luís Martín Descalzo, em "Vida e Mistério de Jesus de Nazaré" diz nos o seguinte: E nós, nós pobres e pequenos homens que ainda mal conseguimos vislumbrar a sua grandeza? Que nos falta senão voltarmo-nos para Ele, para Lhe pedir que nos permita ver o seu rosto, vê-Lo, conhecê-Lo, amá-Lo e segui-Lo? Passaram vinte séculos desde que se retirou do nosso lado. E nós, como a antiga dama, cujo marido partiu para as Cruzadas, perguntamos às vezes se de facto voltará ou se morreu talvez por lá, em qualquer beco da história. Às vezes chegam-nos notícias dele. Notícias confusas. Alguém que diz que O viu. Mas não sabe muito bem onde. Nem sequer chega a saber com certeza se Aquele que viu era Ele mesmo ou outro parecido. E, entretanto, os cavaleiros deste mundo - o poder, o dinheiro, o egoísmo, o prazer - riem-se de nós, esposa abandonada, ... , Como Ter a coragem de continuar a esperar-Te? Ai quantos pedaços de fé e de esperança nós perdemos ao longo dos caminhos da vida' No entanto uma fé de certezas pode não levar a um caminho de Luz. As dúvidas ao gerarem uma crise geram também uma necessidade de resolução, esta pode ser aproveitada como uma oportunidade de progredirmos na fé e nos aproximarmos de Deus. Para os Cristãos é difícil "provar" a existência de um Deus-Vivo, e ainda mais de um Deus- Vivo que interfere na história. Uma teologia racional não convence ninguém, apenas uma teologia vivêncial, experiencial. Darmos testemunho de Cristo é a única maneira possível de ser Cristão. Mais do que saber explicar a nossa fé, somos todos convidados a vivê-la. Romano Guardini, um teólogo do nosso século diz assim: "Não há Doutrina nem sistema de valores nem atitude religiosa nem programa de vida susceptíveis de serem desligados da pessoa de Cristo e dos quais se possa dizer: aqui está o Cristianismo. O Cristianismo é Ele mesmo. A pessoa de Cristo é que faz o Cristianismo. E se alguém perguntasse o que há de certo na vida e na morte, tão certo que tudo o mais se possa fundamentar aí, a resposta é: o Amor de Cristo." A nossa única certeza é o Amor de Cristo; Deixarmo-nos amar por Cristo é então resposta para todas as nossas dúvidas. É essa certeza que nos faz perder o medo de arriscar e viver a aventura da entrega radical ao amor de Deus. Com esta certeza no coração não passamos a ser Senhores da verdade, com explicações racionais para tudo, apenas sabemos e sentimos Cristo de tal modo no meio de nós, que mesmo frágeis, cheios de dúvidas e crises sabemos que ele não nos abandona. Cristo, o verbo que se fez homem também duvidou, também vacilou, também ele teve medo. Do Evangelho segundo S. Mateus (Mt 26,36-39) Então, Jesus chegou com eles a um lugar chamado Getsemani e disse aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar». E levando consigo Pedro e dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo». E adiantando-se um pouco mais caiu com a face por terra, orando e dizendo: «Meu Pai se é possível passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas, como Tu queres.» Assim se Cristo aceitou e viveu as suas dúvidas e medos também nós podemos aceitar as nossas. Os Cristãos não têm que ser super-homens, com fé inabalável, a santidade tem muito pouco a ver com heroísmo. Os Santos são homens que com todos as suas fraquezas se entregaram ao Pai, tal como Jesus eles são capazes de orar e confiar. Face à dúvida não há outra resposta senão a oração. Só quando a palavra e a oração têm influência sobre a acção, é que somos fiéis testemunhas de Cristo. Esta é a nossa verdadeira vocação, darmos testemunho de Cristo. E quando Jesus passa a fazer parte da nossa vida, apenas damos testemunho daquilo que somos. E como é que nós Cristãos, podemos dar testemunho deste Cristo? o Primeiro Cântico do Servo, do Livro do Profeta Isaías (Is 42,1-4) Eis o meu servo, que eu amparo, o meu eleito, no qual a minha alma se deleita; fiz repousar sobre ele o meu espírito, para que leve às nações a verdadeira Justiça. Ele não gritará, não levantará a voz, não clamará nas ruas. Não quebrará a cana rachada, não apagará a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a fidelidade a verdadeira Justiça. Não desanimará nem desfalecerá, até que tenha estabelecido a verdadeira Justiça sobre a terra. Viver o Amor de Cristo com simplicidade e humildade de coração. Este amor de Cristo cativa-nos e compromete-nos. E leva-nos a anunciarmos às nações a verdadeira justiça. Um Cristão tem que saber propor com toda a humildade a sua fé e nunca impô-la. Temos que nos manter abertos ao diálogo com outros povos, outras religiões, com crentes e não crentes. Este diálogo com os outros tem que ser fruto de um forte diálogo pessoal, de um grande discernimento interior, só porque aceito as minhas dúvidas, consigo aceitar e compreender as dúvidas ou certezas dos outros. Às dúvidas dos outros, posso apenas responder com a minha certeza do amor do Senhor. Só a vivência do Espírito poderá permitir dar testemunho aos que não o conheceram na carne, só Ele nos permite também dizer EU VI. Leitura do Livro do Profeta Isaías (Is 25,6-7) o Senhor dos Exércitos prepara para todos os povos sobre este monte um banquete de manjares suculentos, ... , Sobre este monte arrancará o véu que cobre todos os povos o pano que cobre todas as nações.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

«A Democracia Americana» - ´Teoria e Prática`





    A 
Democracia 
Ame
   ricana»
´Teoria e Prática`
  Arthur A. Ekirch Jr. 
        (1915-2000)

       Tradução de 
     Álvaro Cabral 
               e 
Constantino Paleólogo
da 1ª edição, 1963.
Zahar Editores
Rio de Janeiro - 1965
325 pags.

Título original:
´The American Democratic Tradition`: A History'The Macmillan Company
New York
USA (1963)



O credo democrático, formulado pela primeira vez em Atenas, há quase três mil anos, continua sendo um artigo de fé moderno, constantemente revitalizado por novas interpretações, redefinições e críticas.

Não é necessário salientar a importância da democracia americana no mundo actual, havendo a respeito uma extensa literatura publicada, que vai dos manuais escolares às eruditas indagações sobre teoria e filosofia política.

Contudo até à publicação da presente obra, nenhuma outra havia ainda tentado investigar e analisar tanto a ideia quanto a prática da democracia em toda a  extensão da história americana. Destinou-se esta obra a satisfazer a necessidade de uma história da democracia americana considerada em termos de teoria e ideias sociais bem como de prática e realidade políticas.

A despeito das suas limitadas proporções, este livro apresenta  um sumário razoavelmente completo (e por que não ´premonitório` ?) da história da tradição democrática americana. Essa tradição não tem sido estática, mas, antes, dinâmica, afirmação que talvez seja ainda mais verdadeira no que concerne à relação com os anos recentes, com o realce crescente dado até há poucos anos à democracia social e económica.

Apesar do indiscutível progresso da democracia, muitos problemas - alguns já seculares - permanecem sem solução. A dificuldade de realizar a democracia na prática em sua plenitude não deve, contudo, implicar a nossa renúncia quer no que respeita ao passado, quer às esperanças no futuro.


Arthur A. Ekirch Jr. , escreveu dez livros, dezenas de artigos, e mais de cem resenhas de livros!

http://skocky-alcyone.blogspot.com/2010/07/reflexoes-sobre-revolucao-de-nossa.html

http://www.independent.org/aboutus/person_detail.asp?id=1373
http://www.historians.org/perspectives/issues/2000/0005/0005mem1.cfm

«A República Americana» - Raymond Léopold Bruckeberger






A REPÚBLICA 
AMERICANA»
R. L. BRUCKBERGER

Tradução de 
Mercedes Zilda Cobas Felgueiras
Editora Fundo de Cultura
Rio de Janeiro - 1960
350 pags.


Traduzido do original francês:
´La Republique Américaine
Col. Problèmes et Documents
Gallimard
Paris- 1958


O Autor é um Padre Dominicano que é um ícone da cultura e da ´Resistência`, ocupando um lugar único na História da França do século XX (viveu entre 1907 e 1998). Condecorado com as mais altas distinções devido à sua luta contra o invasor nazi, arrostando com a  prisão pela ´Gestapo` e os sacrifícios da luta como um dos dirigentes do ´Maquis`!

O padre R. L. Bruckenberger foi cossignatário do saneamento dos homens de letras colaboracionistas, ao lado de Albert Camus, Michel Leiris, Gabriel Marcel, François Mauriac, Jean-Paul Sartre, Paul Valéry, entre outros!

Dado o facto do Cardel Suhard, Arcebispo de Paris, ter recebido na Catedral de Nossa Senhora de Paris, o Marechal Pétain, o Comandante alemão de Paris, o autor desta obra opôs-se veementemente ao desejo do General De Gaulle na escolha da referida Catedral para celebrar em  26 de Agosto de 1944, a Libertação de França do jugo Nazi-Fascista! Achava que a celebração deveria ter lugar na Catedral de Nossa Senhora das Vitórias. Porém a sua vontade não foi respeitada!


A presente obra foi dividida pelo Autor em duas partes, ambas sob o tema da Revolução Política americana, quando da sua independência. O autor compara-a à Revolução Francesa, quase contemporânea. A segunda parte dedica-a à Revolução Industrial e Social, iniciada fazia 50 anos na América e que modificou profundamente toda a estrutura da sociedade. O Autor mantém na análise o seu método analógico e na segunda parte intenta uma comparação entre a Revolução Americana e a Revolução Bolchevista, no que concerne aos aspetos industrial e social.

Este alto dirigente da Resistência Francesa, distinguiu-se como homem de letras e pensador vigoroso da França do século XX. Podemos estar certos que a obra aqui apresentada não é, decididamente uma obra comum. Bruckenberger mantém-se fiel a uma tradição que vem de longe, a de Alexis De Toqueville e de James Bryce. Este livro é a análise da civilização norte-americana, no que tem de original e no que tem em comum com a Europa.

A obra é fruto de muitas viagens e leituras, de encontros e estudos pessoais através do continente americano.

Na introdução afirma o Autor: ´Estou convencido que os Estados Unidos resolveram, na essência, alguns dos problemas que mais atormentam a consciência europeia. A essa herança ocidental trazem eles uma contribuição positiva, a sua fecunda diferença, como, em outras épocas, a Inglaterra, a França ou a Espanha trouxeram suas contribuições e suas diferenças. Essa contribuição americana, como todas as outras, só difere porque é viva, e se não vemos desde logo como fazer concordar essa contribuição com a herança comum, é porque ainda não desenvolvemos suficientes esforços nesse sentido. Parecendo-me a descoberta desse país infinito ser de importância, tentei pelo menos compreendê-lo`.







´Images of America`Tradução em língua inglesa de 
C. G. Paulding e Virgilia Peterson
Introdução de Daniel Mahoney
1960


                                      PADRE RAYMOND LÉOPLD BRUCKBERG (1907-1998)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

´PRISIONEIRO` - ´CORRENTES`


 PRISIONEIRO

O prisioneiro é como o navio
preso ao cais, amarras desterro
com ferrugem de noites a fio
e redes de ferro,
Do casco que um vento negro impele
caiu-lhe a pintura, o próprio nome.
Mas o mar está dentro dele
e não há força que o dome.

LUIS VEIGA LEITÃO





                                                                     CORRENTES
                                                             ( Por  RUTE  SARAIVA)

                                                   http://rsrolhasabordacorrente.blogspot.com/

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

«Memórias da Minha Juventude» - Winston Churchil







«M  E  M  Ó  R  I  A  S 
  DA MINHA JUVENTUDE»
      WINSTON S. CHURCHILL

Tradução de Leopoldo Nunes
EDITORIAL- SÉCULO
LISBOA - s/d (1941?)
274 pags.

Título Original:
´MY EARLY LIFE`
Thornton Butterworth
London, 1930


PREFÁCIO DO AUTOR:


Tendo aparecido já, várias vezes, diversas narrativas sobre as minhas aventuras de mocidade e tendo eu próprio publicado, há trinta anos, vários relatos das numerosas expedições em que tomei parte e das quais, de resto, descrevi mais tarde certos episódios, pensei reunir tudo, desde o início da minha vida, numa obra única. Em obediência a este critério, apelei para a minha memória e verifiquei, cuidadosamente, todos os factos a que me refiro em documentos que possuo. Tentei, além disso, durante o quarto de século que corresponde a esta narrativa, mostrar sucessivamente os pontos de vista relativos primeiro ao garoto que eu era então; e, mais tarde, ao estudante, ao aluno da Escola Militar, ao oficial subalterno, ao correspondente de guerra e, finalmente, ao jovem político. Se estas opiniões diferem daquelas que hoje são geralmente aceites, devem ser consideradas apenas como a expressão de um período da minha juventude e nunca, a menos que o contexto o indique, como profissões de fé com carácter de atualidade. 
Ao reler, de novo, esta obra, apercebi-me de que pintei, de facto, o quadro duma época desaparecida.
A sociedade, as bases da política e os métodos da guerra tudo mudou de tal modo que eu antes nunca teria julgado possível essa transformação sem sentir uma violenta revolta íntima. Não quero, no entanto, ter pretensão de afirmar que essa transformação foi para melhor. Eu era um produto da era vitoriana quando os alicerces do nosso país pareciam firmemente assentes, quando a sua situação no comércio e nos mares não tinha rival e quando se consolidava, todos os dias, a grandeza do nosso Império e se afirmava o dever de a salvaguardar.
Nesse tempo as forças predominantes na Grã-Bretanha sabiam o que queriam e tinham a sua doutrina. Pensavam que podiam ensinar ao Mundo a arte de governar e a ciência da economia. Estavam convencidas da sua supremacia nos mares e, por consequência, sentiam-se tranquilas em sua casa. Repousavam, pois, na certeza do seu poder e da sua segurança. Os tempos ansiosos e perturbados em que vivemos são muito diferentes. O leitor benévolo deve ter em conta esta diferença.
Parecendo-me que podia ter interesse para as novas gerações conhecer a história da mocidade dum homem que pertence ao passado, por isso contei co a maior simplicidade as minhas aventuras pessoais.


                                                                Winston Spencer Churchill


´A necessidade de se exprimir pela palavra - escreveu um dia a mais categorizada biógrafa de Winston Churchill (à época da edição portuguesa) - corresponde a um imperativo invencível da sua própria natureza física. As impressões que agem sobre o aparelho ultra sensível do seu cérebro, desencadeiam forças e reações que movimentam a palavra ´churchiliana`. Só depois dessas forçasse terem descarregado na ordenação dos seus pensamentos, formulados por escrito, ele regressa à paz e ao equilíbrio interiores indispensáveis à meditação e à ação. Por isso os seus discursos e os seus livros surgem esmaltados de análises das próprias sensações e dos sentimentos excitados do seu espírito privilegiado como pela ação de um aguilhão`.

´Falando ou escrevendo - diz Lewis Broad - é sempre de maneira épica que ele se exprime. A palavra é para Winston Churchill a expressão mais animada e calorosa da vida. Pode dizer-se mesmo que é a própria vida`.

Esta verdade pode ser constatada mesmo num exame superficial da obra vastíssima que lega à posteridade. A variedade e a multiplicidade dessa obra literária, o romance, o ensaio, a história, a sátira, o panfleto, não exclui, de maneira nenhuma, a unidade de pensamento e a harmonia incomparável que constituem o seu traço predominante.
Se fosse legítimo escolher nessa obra um exemplo típico e definitivo do génio pessoalíssimo do homem que, mais do que qualquer outro, soube simbolizar e valorizar a época em que viveu, a escolha recairia, nestas ´Memórias da minha Juventude`, de uma frescura, de uma ternura e de um poder de comunicação para que dificilmente se encontrará paralelo em qualquer outra literatura do Mundo. De todas as revelações auto biográficas que Churchill lega aos vindouros, e algumas revestem-se do valor de um testemunho histórico e humano de incomparável significação, estas são, certamente as mais entusiásticas, as mais francas e as mais sinceras.





                             O ´SÉCULO ILUSTRADO` 
                  anuncia o lançamento da presente obra






                                                         Capa da edição original




domingo, 28 de novembro de 2010

«O Processo das Três Marias» - ´Defesa de Maria Isabel Barreno` - Duarte Vidal




«O PROCESSO DAS TRÊS MARIAS» 

´DEFESA DE MARIA ISABEL BARRENO`

DUARTE VIDAL

FUTURA 
PANFLETO
Panfleto nº 1
1974

«Não, a mulher não é nosso irmão; pela preguiça e pela corrupção fizemos dela um ser à parte, desconhecido, tendo somente o sexo como arma, o que não é apenas a guerra perpétua mas ainda uma arma que não é de guerra leal - adorando ou odiando, mas não companheiro franco, um ser que forma legião com
espírito de corporação, de maçonaria - mas de desconfiança de eterno pequeno escravo.»

Muitos homens subscreveriam ainda essas palavras de Jules Laforgue; muitos pensam que entre os dois sexos haverá sempre ´briga` e ´disputa` e jamais a fraternidade será possível entre ambos. O facto é que nem  
os homens nem as mulheres se acham hoje satisfeitos uns com os outros. Mas a questão é saber se há uma maldição original que os condena a entredilacerar ou se os conflitos que os opõem exprimem apenas um momento transitório da história humana».

Simone de Beauvoir, ´O Segundo Sexo`,
2º volume, edição brasileira, pág. 485.

«Vous avez raison Françoise, il ne faut pas écouter les faux prophètes qui disent aux femmes: ´Attention! Le jour où vous aurez les mêmes prérogatives que les hommes, vous déviendrez la femme-à-barbe.`
Ceux.lá ne savent pas que, pour aimer vraiment une femme, láimer dans tous les sens du terme, il faut la respecter et la tenir pour égale à soi.»

James de Coquet, in Figaro Litéraire, 13 Avril 1974

 -«E o que faremos, Madre Abadessa, que faremos?
-«Não houve pão para nós à mesa dos homens.»

Novas Cartas Portuguesas, 1ª edição, pág 80


                    A perseguição criminal das três autoras e do pretenso responsável pela edição de ´Novas Cartas Portuguesas` foi uma das últimas e das mais ridículas manifestações do espírito obscurantista que sempre caracterizou, em termos de feroz intransigência, o regime ditatorial derrubado a 25 de Abril de 1974!

A presente obra referente à defesa de Maria Isabel Barrento, além das alegações, é enriquecida com os depoimentos de Maria Lamas, José Gomes Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Augusto Abelaira, NatáliaCorreia, Natália Nunes, José Manuel Tengarrinha, de entre outros! 



                                                        Da esquerda para a direita:
                                         Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa





...Os censores portugueses, com o maquiavelismo próprio das suas sinistras consciências,        remeteram as três escritoras, como autoras de um livro pornográfico, ´Novas Cartas Portuguesas`, para a Polícia encarregada da averiguação, dos delitos comuns.


Tal acusação por pornografia e ofensa à moral pública, não foi mais do que um pretexto  que escondia as verdadeiras causas da perseguição criminal promovida, que eram, essencialmente, de natureza política.

sábado, 13 de novembro de 2010

«ESOTERISMO, PARAPSICOLOGIA, PSICOLOGIA»






  «ESOTERISMO, PARAPSICOLOGIA, 
                   PSICOLOGIA»
´Novo Enfoque da Ciência e da Psicologia
Para os Camados Fenómenos Paranormais


Newton Milhomens
Capa:
 Mário Dinis da Silva Filho
Factash Fotocomposição
Ibrasa
Instituição Brasileira de Difusão Cultural, Lda
1994
318 PGS 


Neste livro o Autor aborda o conhecimento de maneira totalmente diferente, introduzindo o leitor no mundo esotérico ou místico e abordando os factos fora do comum e aparentemente inexplicáveis, estudados pela Parapsicologia, segundo uma nova abordagem: mostra que os fenómenos chamados paranormais começam a despertar a atenção dos homens de ciência e dos psicólogos, especialmente dos adeptos da Psicologia Junguiana. Este livro convida o leitor à reflexão e a considerações de extrema importância, que se relacionam com o desenvolvimento pessoal. Mostra seguramente que a ´Árvore da Vida` (Kabalah) pode ser usada como um mapa a ser revisitado constantemente de maneira reflexiva, proporcionando magníficas ´introjeções` , tanto como para as pessoas não especializadas como para psicólogos de diversas linhas (Freudianos, Comportamentistas, Junguianos, Transpessoais, etc.) , parapsicólogos, antropólogos, sociólogos e de outras áreas.


Uma cuidadosa análise da ´Árvore da Vida`,  feita pelo Autor, revela que os supostos ´insights` inovadores da moderna Psicologia Junguiana - que nos leva a compreender a importância do ´Arquétipos` e do ´Inconsciente coletivo` da força dos Mitos na história da Humanidade, que nos chama a atenção para a ocorrência de fenómenos psíquicos que parecem transcender os limites do ´Ego` - já foram sugeridos há muito tempo pelo ´Misticismo`, mas só agora começam a ganhar notoriedade pelo facto de estarem a causar interesse na comunidade científica.


Esta obra é especialmente enriquecida pela contribuição de outros pensadores e pesquisadores que o Autor desejou fossem abrangidos por este espantoso trabalho!



«Os 60 Dias Trágicos da França» - Richard Lewinsohn







«OS 60 DIAS TRÁGICOS DA FRANÇA»
RICHARD LEWINSOHN
2ª Edição
PARCERIA ANTÓNIO MARIA PEREIRA
LISBOA-1941


Os 60 dias trágicos da França não é um relatório nem um folhetim: é uma bela narrativa, um estudo objetivo dos factos, vistos, efetivamente, de um dos lados da refrega, mas apresentados com toda a serenidade por quem tudo observou e compreendeu e deles nos dá uma interpretação em que o maior mérito, evidentemente  o interesse não deixa que toda a verdade seja mais do que meia verdade, este livro é o primeiro que se publica, em qualquer língua, descrevendo-nos a impressionante série de factos que decorreram desde a invasão da Bélgica e da Holanda até à sessão extraordinária do Parlamento francês, em Vichy, durante a qual o marechal Pétain recebeu o encargo de operar a reforma constitucional da França. O ambiente político e social, o aparelho militar dos beligerantes, o esboço geral da ação diplomática, os homens e os factos são apresentados em termos tais e com um paralelismo tão metódico e inteligente que o leitor formará sem dificuldade o seu próprio juízo, sem ter sido massacrado pela hecatombe dos documentos ou pretensamente influenciado pela retórica do autor.

Richard Lewinsohn, que assina este trabalho e que foi colaborador técnico de Paul Reynaud, foi um nome internacionalmente conhecido e consagrado, autor de obras disputadas pelos melhores editores de todo o mundo. As suas obras, quase todas escritas em francês, estão traduzidas em quinze línguas, destacando-se entre elas, ´L'histoire de la crise` e a sua famosa biografia do rei dos armamentos, ´Zahrof, l'européen mistérieux` . Não estamos, por certo na presença de um romancista - nem de um historiador no conceito em que quase sempre se toma esta palavra, Mas estamos, por certo, em presença de um extraordinário e lúcido intérprete dos grandes fenómenos sociais, homem viajado e culto - porventura um verdadeiro polígrafo. No entanto, a sua predileção pelos temas de natureza económica revela-se no último capítulo desta obra, em que o dr. Richard Lewinsohn nos traça  a sua curiosa tese sobre a primeira lição a extrair da guerra que se prolongava ainda - mas cuja primeira fase se encerra com a queda militar e política da França.




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

«O DRAMA DE NUREMBERG» - CARLOS FERRÃO






«O DRAMA 
        DE 
NUREMBERG»
Carlos Ferrão (1898-1979)
Editorial Século
Lisboa - 1946
327 pags.


´Enquanto estivemos a ser julgados,
pairaram na sala deste Tribunal os 
espectros de milhões de inocentes
sacrificados à nossa loucura e à
nossa ambição. Hão-de passar
milhares de anos até que se des-
vaneça, na memória dos homens,
a lembrança dos crimes que pra-
ticamos.`
                 
                        Hans Frank


Durante mais de dez meses, na sala das sessões do Tribunal de Nuremberg foram julgados vinte e quatro indivíduos que o mundo se habituou a conhecer pela designação de ´grandes criminosos de guerra` . Esta era a aparência por detrás da qual se ocultava uma realidade profunda de cujo verdadeiro significado nem todos se aperceberam de imediato. Mais do que os crimes praticados por duas dúzias de responsáveis foi o próprio crime de guerra que esteve a ser julgado e foi condenado em Nurmberg.
Autores conscientes da morte de milhões de inocentes, esses homens foram os comparsas de um drama a cuja representação a humanidade apavorada assistiu durante seis anos. A condenação dos comparsas foi o primeiro passo para a condenação do crime.
Tal é a lição de Nuremberg, que este livro de Carlos Ferrão se propôs divulgar entre o público português.
Com os vinte e quatro réus de Nuremberg foram julgadas as seis organizações consideradas criminosas que contribuiram decisivamente para que o nazismo pudesse impor-se no Reich e alargar depois, através da guerra, a sua influência e o seu predomínio à quase totalidade da Europa. Essas organizações constituiam
o coração e o cérebro do regime que durante doze anos, encheu o mundo de terror e de espanto. Quem leu este livro encontrou a descrição da sua actividade e a prova objectiva feita contra elas a qual conduziu à condenação de algumas e levará depois ao julgamento dos seus filiados. Ler esta obra permitiu conhecer um dos aspectos mais impressionantes e esclarecedores da vida do Reich hitleriano e compreender as verdadeiras causa da 2ª Guerra Mundial.


Nota: Pela primeira vez constituiu-se um Tribunal de Justiça Internacional para julgar actos deste tipo. O julgamento de Nuremberg teve uma importância e uma significação que excederam os limites do episódio sangrento que liquidou e transcendem os limites da época histórica em que se localizou. O jornalista americano Walter Lippman afirmou que os princípios jurídicos e morais que o regeram ficarão na linha ascencional do esforço humano para submeter o instinto às regras do Direito, como um complemento indispensável da Magna Carta, do Habeas Corpus e da Decaração do Direitos do Homem. A semente lançada em Nuremberg vai afectar profundamente a resolução do problema crucial dos direitos e da paz.
Mais profundas do que as que resultaram do Pacto da Sociedade das Nações. Abrem caminho à Carta das Nações Unidas!...
Doravante impõe-se uma regra que liga indistintamente todos os seres humanos! Essa regra constitui o fundamento indispensável do novo Direito Penal Internacional!...