terça-feira, 7 de dezembro de 2010

«Memórias da Minha Juventude» - Winston Churchil







«M  E  M  Ó  R  I  A  S 
  DA MINHA JUVENTUDE»
      WINSTON S. CHURCHILL

Tradução de Leopoldo Nunes
EDITORIAL- SÉCULO
LISBOA - s/d (1941?)
274 pags.

Título Original:
´MY EARLY LIFE`
Thornton Butterworth
London, 1930


PREFÁCIO DO AUTOR:


Tendo aparecido já, várias vezes, diversas narrativas sobre as minhas aventuras de mocidade e tendo eu próprio publicado, há trinta anos, vários relatos das numerosas expedições em que tomei parte e das quais, de resto, descrevi mais tarde certos episódios, pensei reunir tudo, desde o início da minha vida, numa obra única. Em obediência a este critério, apelei para a minha memória e verifiquei, cuidadosamente, todos os factos a que me refiro em documentos que possuo. Tentei, além disso, durante o quarto de século que corresponde a esta narrativa, mostrar sucessivamente os pontos de vista relativos primeiro ao garoto que eu era então; e, mais tarde, ao estudante, ao aluno da Escola Militar, ao oficial subalterno, ao correspondente de guerra e, finalmente, ao jovem político. Se estas opiniões diferem daquelas que hoje são geralmente aceites, devem ser consideradas apenas como a expressão de um período da minha juventude e nunca, a menos que o contexto o indique, como profissões de fé com carácter de atualidade. 
Ao reler, de novo, esta obra, apercebi-me de que pintei, de facto, o quadro duma época desaparecida.
A sociedade, as bases da política e os métodos da guerra tudo mudou de tal modo que eu antes nunca teria julgado possível essa transformação sem sentir uma violenta revolta íntima. Não quero, no entanto, ter pretensão de afirmar que essa transformação foi para melhor. Eu era um produto da era vitoriana quando os alicerces do nosso país pareciam firmemente assentes, quando a sua situação no comércio e nos mares não tinha rival e quando se consolidava, todos os dias, a grandeza do nosso Império e se afirmava o dever de a salvaguardar.
Nesse tempo as forças predominantes na Grã-Bretanha sabiam o que queriam e tinham a sua doutrina. Pensavam que podiam ensinar ao Mundo a arte de governar e a ciência da economia. Estavam convencidas da sua supremacia nos mares e, por consequência, sentiam-se tranquilas em sua casa. Repousavam, pois, na certeza do seu poder e da sua segurança. Os tempos ansiosos e perturbados em que vivemos são muito diferentes. O leitor benévolo deve ter em conta esta diferença.
Parecendo-me que podia ter interesse para as novas gerações conhecer a história da mocidade dum homem que pertence ao passado, por isso contei co a maior simplicidade as minhas aventuras pessoais.


                                                                Winston Spencer Churchill


´A necessidade de se exprimir pela palavra - escreveu um dia a mais categorizada biógrafa de Winston Churchill (à época da edição portuguesa) - corresponde a um imperativo invencível da sua própria natureza física. As impressões que agem sobre o aparelho ultra sensível do seu cérebro, desencadeiam forças e reações que movimentam a palavra ´churchiliana`. Só depois dessas forçasse terem descarregado na ordenação dos seus pensamentos, formulados por escrito, ele regressa à paz e ao equilíbrio interiores indispensáveis à meditação e à ação. Por isso os seus discursos e os seus livros surgem esmaltados de análises das próprias sensações e dos sentimentos excitados do seu espírito privilegiado como pela ação de um aguilhão`.

´Falando ou escrevendo - diz Lewis Broad - é sempre de maneira épica que ele se exprime. A palavra é para Winston Churchill a expressão mais animada e calorosa da vida. Pode dizer-se mesmo que é a própria vida`.

Esta verdade pode ser constatada mesmo num exame superficial da obra vastíssima que lega à posteridade. A variedade e a multiplicidade dessa obra literária, o romance, o ensaio, a história, a sátira, o panfleto, não exclui, de maneira nenhuma, a unidade de pensamento e a harmonia incomparável que constituem o seu traço predominante.
Se fosse legítimo escolher nessa obra um exemplo típico e definitivo do génio pessoalíssimo do homem que, mais do que qualquer outro, soube simbolizar e valorizar a época em que viveu, a escolha recairia, nestas ´Memórias da minha Juventude`, de uma frescura, de uma ternura e de um poder de comunicação para que dificilmente se encontrará paralelo em qualquer outra literatura do Mundo. De todas as revelações auto biográficas que Churchill lega aos vindouros, e algumas revestem-se do valor de um testemunho histórico e humano de incomparável significação, estas são, certamente as mais entusiásticas, as mais francas e as mais sinceras.





                             O ´SÉCULO ILUSTRADO` 
                  anuncia o lançamento da presente obra






                                                         Capa da edição original




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