sexta-feira, 9 de novembro de 2012

«Guerra Junqueiro Falso Poeta» -´Análise à «Velhice»` - Arthur Botelho




«GUERRA JUNQUEIRO FALSO POETA»
        ´ANÁLISE À «VELHICE»`
                Arthur Botelho 
               (Artur Botelho)
1º Milhar
1923
Editores: António Marques
              Salvado Pinto
Depósito: Rua do Correio, 46
Porto
526 págs.


Depois de referir a «Europíada» - ´Poema épico sobre a Grande Guerra` , de Artur Botelho, pessoa de quem ouvi a meu Pai os maiores encómios, pois o conhecera de perto quando em serviço na CP, ainda antes da 2ª Guerra Mundial. O exemplar da «Europíada» que possuo e referi no ´post` anterior, leva o autógrafo de meu Pai, datado de 1938! 
Tendo Artur Botelho falecido em 1940, ano em que a França se rendeu a Hitler, sendo um homem de esquerda moderada, velho republicano com bigode e barbicha ao jeito de Afonso Costa, imagino  a amargura que este Democrata sentiria à data!...
Meu Pai era homem de esquerda, de ´ideias avançadas` como então se intitulavam os defensores de ideias socialistas, tendo estabelecido relações de funda amizade com Artur Botelho devido às ligações de ambos ao ´Movimento Mutualista` que os animava!
Nasci em 1941 e já não o conheci, mas a  memória e o respeito que meu Pai lhe devotava calaram sempre no meu coração e ainda sem conhecer os «Lusíadas` , já lia com entusiasmo a «Europíada»...
Sendo a minha família, da parte materna, do Concelho de Freixo-de-Espada-à-Cinta, minha mãe falava-me desde tenra idade de Guerra Junqueiro que várias vezes a ajudou, quando ainda adolescente, a subir para montar o cavalo! Assim, Guerra Junqueiro tornou-se um Poeta que me deliciava e cuja obra li com muito prazer! A sua introdução à «Velhice de Padre Eterno», intitulada «Aos Simples», que muitos confundem com a obra «Os Simples», do mesmo Autor, comovia-me até às lágrimas...
Então qual a razão e convicção que terá levado Artur Botelho a escrever «Guerra Junqueiro Falso Profeta», indo ao arrepio de quase todos os críticos e mesmo de Sampaio Bruno, falecido em 1915, e que prefacia a sua primeira obra «Alma Lusitana», verso, datada de 1914?! (Ora, ser prefaciado por Sampaio Bruno é  indica-nos estima pela pessoa de Artur Botelho e isso vindo de uma das maiores figuras do Pensamento Português!...) ...Remar contra-corrente exige coragem e determinação, sendo que encontrei uma referência na Internet acerca da obra de Junqueiro, de elogio rasgado ao Autor da «Velhice» e que refere a unanimidade das opiniões, acrescentando: «excepto Artur Botelho e seus discípulos»!...Então Botelho tinha discípulos?! É coisa que nunca saberei, pois as referências à sua pessoa e obra são, na prática, inexistentes! Contudo, é de crer que o menosprezo de Junqueiro por Artur Botelho, referido na página 8 desta obra, o levasse a passar de uma reverência a Junqueiro  a uma ´re--leitura` da sua obra que lhe vai permitir uma acerrada e verrinosa crítica...
«Press-net do Douro», transcrevendo a nota referida no ´post` anterior  inserta em «Notícias do Douro», baseada no «Dicionário dos mais Ilustres Transmontanos e Alto-Durienses», refere uma obra que não me foi possível encontrar e que provavelmente nunca terá sido editada, como aconteceu a duas obras anunciadas: «O Mártir». poema e «Mãe Sacrificada», drama religioso, em 3 actos, de que também não encontro rasto...

«Guerra Junqueiro Falso Poeta» - ´Análise à «Velhice»`, livro com 526 págs. e índice, contém LXI capítulos, escritos em modo e estilo densos e que obrigam a uma constante atenção, quer às críticas à substância, quer à forma pelas quais Junqueiro se exprime, indicando, alternativas, correcções, referências a autores clássicos, e isto em modo muito irreverente...
O ataque mais feroz dirige.se a Agostinho de Campos, autor da «Antologia» sobre Junqueiro! Até ao capítulo XXVII - «Fantasmas», a crítica assenta apenas na «Velhice», após o que surgem criticas às outras obras ou esboços de obras, incluindo a tão estimada por Fernando Pessoa: «PÁTRIA»!...

Não me conferindo a minha formação ser crítico literário, longe disso, limito-me a transcrever algumas linhas do início do Capítulo I , sabendo desde já que não tenho veleidades a que alguém nisso repare, se bem que sempre aqui afirmei ser meu único propósito divulgar obras e autores que li e também as mais variadas ideias, procurando manter a imparcialidade ... possível! Uma coisa desde já afirmo, só falo do que sei e, quando quero informar-me na Internet sobre algo, evito sempre a consulta da ´versão portuguesa` de um ´site` muito prestigiado, pois contém muitas de lacunas e erros!...

Segue uma breve transcrição das primeiras linhas:

«De todos os nossos literatos contemporâneos, é Guerra Junqueiro, o que goza de maior renome. Não há homem ilustre que não se curve e sinta pequenino em frente do gigante de pensamento, cognominado o ´maior génio da raça latina`. Mas outros, achando ainda pouco, chamam-lhe o ´maior poeta da humanidade, em todos os tempos`, como o grande tribuno Alexandre Braga, em um dos seus formidáveis discursos parlamentares.
Quer dizer: O Ramayana, a Ilíada, a Eneida, a Bíblia, a Divina Comédia, a Jerusalém Libertada, o Paraíso Perdido e os Lusíadas são inferiores à obra divina de Guerra Junqueiro.
Os críticos mais ilustres quedam-se, extáticos, ante esta rara divindade, e dizem de joelhos, que os seus versos são tudo o há de mais belo e perfeito, acrescentando não existir ninguém que seja capaz de lhe fazer a mais ligeira correcção.
....
Há muitos homens de letras e ciências que se enganam em seus juízos.
Eu também sou homem e penso; portanto, não abdico dos ditames da minha razão diante de ninguém.
No pleno gozo das minhas faculdades mentais, julgo-me no direito de dizer o que sinto, embora isso vá de encontro ao que já é considerado por todos como um dogma.
Vou pois, olhar para os versos de de Junqueiro ´com olhos penetrantes, com olhos de ver`. Pode ser que o ´telescópio`da minha razão consiga descobrir algumas manchas nesse astro brilhante.»

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