sexta-feira, 2 de novembro de 2012

«A Revolução Cultural Chinesa» - Alberto Moravia







«A REVOLUÇÃO CULTURAL CHINESA»
    Alberto Moravia

Tradução: Fernando Moreira Ferreira
Colecção ´Estudos e Documentos` - 58
Publicações Europa-América
Liboa - 1970
228 págs.
Edição: 4058/1517
Impresso em Braga em Julho de 1970
 
Título original:
«La Revoluzione Culturale in Cina»
Casa editrice Valentino Bompiani


O talentoso e conhecido escritor, Alberto Moravia, homem de esquerda e que nos últimos anos de vida foi deputado do PCI ao Parlamento Europeu, decidiu no verão de 1967 fazer uma visita ao extremo oriente e deteve-se algum tempo na República Popular da China, onde no ano anterior se iniciara a tão famosa «Revolução Cultural»!...

Das impressões que colheu nessa visita surgiu esta obra que, analisada com o recuo que nos proporcionam quatro décadas, se afigura hoje deveras uma obra ´impressiva` e que denota como que a narração do que Moravia queria ´ver`!... 

Porém, quem como eu, a leu logo em 1970 ficou encantado pela descrição que Moravia nos faz, ajudado sem dúvida pelo seu talento de grande escritor! Não fora isso e dado o recuo que nos proporcionou a História, poderíamos pensar que para lá de se tratar de um livro apologético, quase se poderia enquadrar no fenómeno que à época os soviéticos denominavam;  «As Raízes da Sinofilia Ocidental»...

Penso que por isso o título da versão em língua inglesa é mais apropriado ao que aqui se escreve: «The Red Book and the Great Wall.  An impression of Mao's China»!
Contudo ainda hoje a obra tem uma grande utilidade e interesse, não só pelo que aí é narrado como pelo ´pathos` que a informa.

Afirma Moravia, a 'Revolução Cultural' procura diminuir as pessoas de Estaline e Kruchev ao fazer a comparação com Mao! Mao, o educador, Mao, o dialeca, pretende o poder ideológico através da persuasão e da educação. Assim, ele não deseja que Liu Chao-Chi seja morto, mas sim que ele mude de ideias, ou seja, que se reconheça herético e abjure a heresia. 

Ora o que se passou já a partir de 1969, vem deitar por terra estas afirmações, sendo Liu Chao-chi afastado de modo brutal, bem como outros dirigentes, abrindo-se assim um maior fosso em relação à URSS e nos outros países, com a formação de Partidos ditos m-l, a perturbação no movimento comunista que, a prazo, se irá desmoronar!...

A editora assim apresenta o livro:

«A Revolução Cultural chinesa é o mais importante acontecimento que ocorreu no mundo comunista depois da destalinização. Foi assunto do dia-a-dia, tratado em todos os jornais; fez correr a tinta nas revistas; deu origem a uma avalancha de confusos noticiários; irrompeu nas mãos de toda a gente sob a capa vermelha do ´pequeno livro de Mao`. Convém sublinhar, no entanto, que se trata de um dos fenómenos contemporâneos mais obscuros, mais distantes da nossa sensibilidade e até incompreensível para os próprios peritos em assuntos políticos.

Tudo neste fenómeno foi tratado, desde as tentativas de interpretação dos seus pormenores doutrinários até aos seus aspecos ideológicos - mas poucos comentadores ´presenciaram` a Revolução Cultural chinesa.

Foi esta a principal preocupação de Alberto Moravia na sua mais que memorável visita à China: ´ver` a Revolução, interpretá-la. decifrar o enigma das enormes estátuas de Mao, de gesso branco, rodeadas de flores, como se fossem estranhos altares de uma estranha religião.
Eis aqui a China de hoje, essa esfíngica e colossal realidade que parece desafiar o Ocidente para lhe dizer que o bem-estar, afinal, não basta.»




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