quarta-feira, 24 de outubro de 2012

«Socialismo sem rosto» - Thomas Molnar









«Socialismo sem rosto»
 Thomas Molnar 
   (1921-2010)

Tradução: Álvaro Figueiredo
Capa: José Antunes
Colecção ´Alternativas e Experiências` nº 6
Editora Ulisseia s/d (1976?)
203 págs.

Título original:
«Le Socialisme sans Visage: l'avènement du tiers modèle`
(a versão portuguesa não refere 
 a segunda parte do título original)
Presses Universitaires de France
Paris - 1976
187 págs.


Thomas Molnar, húngaro de nascimento e que, após prisão nazi e posterior ocupação da Hungria pela URSS, decidiu fugir para o que habitualmente se designa por Ocidente e assim passar a chamada ´Cortina de Ferro` ! 

Em Bruxelas conclui a sua preparação académica e parte para os EUA, onde se vai doutorar! Aí acaba por morrer. Sendo que que depois da libertação e autonomia das chamadas ´Democracias Populares`,viesse a receber uma alta condecoração da Hungria!

O autor de «A Contra-Revolução» era um intelectual de grande erudição, católico integrista e adversário do Concílio Vaticano II e muito particularmente do Papa Paulo VI, que acusava de simpatia pela URSS (tenha-se em conta a política de apaziguamento a Leste conduzida pelo Cardeal Casaroli!). Em suma, um contrarevolucionario assumido e muito bem preparado!

Para Thomas Molnar, à época em que escreveu «Socialismo sem rosto», ao contrário do que tinha sido dito por muitos pensadores, o mundo não evoluía para a convergência dos sistemas liberal capitalista e marxista. A evolução para o «socialismo de rosto humano», era um logro e o que seria de esperar era a monolotização do Estado, que tem por componentes o exército, um nacionalismo cioso e um socialismo sem teoria precisa, até sem ideologia. 

É de ter em conta que numa época em que a maioria dos pensadores censurava o Estado tentacular, Thomas Molnar via a raiz do mal político no enfraquecimento do Estado e das instituições, gerado pela ideologia liberal; pois não se assistia nos regimes comunistas à conquista do Estado por um partido, processo paralelo ao domínio exercido pelos grupos de pressão (ao quais o autor chama «feudalidades») sobre os Estados democráticos do Ocidente?!

Os então regimes nascentes (muito particularmente os do ´Terceiro Mundo`) rejeitavam simultaneamente as conceções liberal ´e` marxista, dois modelos ultrapassados, e procuravam construir um Estado forte.

Thomas Molnar interroga-se aqui, será que o «terceiro modelo» irá acabar por aclimatar-se nos países ocidentais (convém aqui chamar a atenção para a enorme diferença entre «terceiro modelo», aqui referido e «terceira via», designação forjada pelo ex-ministro das Finanças da Primavera de Praga, Ota Sik!)

T.M. estava atento ao que se passara na Bolívia com o General Torres e no Peru com o General Alvarado, e claro com o 25 de Abril de 1974 em Portugal, que para ele se contava entre os diversos casos que ilustram a sua perspetiva!...



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