terça-feira, 26 de junho de 2012

«Inventar o futuro» - Danilo Dolci (´A propósito da barragem de Assuã`)

Mais uma obra de autor célebre que passou sem que fosse notado
o habitual interesse. A obra quase parece não ter sido distribuída. 
O tema da barragem de Assuã, entre a Guerra dos Seis dias e a a
ameaça dum confronto iminente Israel - Egito, alarmou o autor
Passados dois anos
iria acontecer a Guerra do Yom Kippur. 
A questão da barragem era alarmante






«INVENTAR O FUTURO»
  DANILO DOLCI

Tradução: Maria Irene Frias e Gouveia
Capa: Mendes de Oliveira
MORAES EDITORES
LISBOA, 1971
Título original: «INVENTARE IL FUTURO»
Gius. Laterza & Figli, Bari, 1968


Quatro capítulos antecedem, outros três, incluindo o texto que dá o nome ao título da obra: «Inventar o Futuro»!
Lembrei-me deste livro que lera há já muitos anos (1971) a propósito da actual situação mundial e muito particularmente da chamada «Primavera Árabe» e, dentro desta denominação, das recentes eleições para a Presidência do Egipto! É um país que conheço, pois pela B.O.A.C. fiz escala no Cairo e quando em 1957 passei o Suez estive em Alexandria! Quem depois de 1970 teve o privilégio de sobrevoar o «açude» da «Barragem de Assuão» fica maravilhado!...
Então vou permitir-me dar espaço com a devida vénia a Danilo Dolci:

«O capítulo ´O que aprendi` foi publicado na revista americana ´Saturday Review` em Julho de 1967, numa série de artigos com o mesmo título, e reproduzido na ´Zanzara` de Milão. A ´Carta aos mais jovens`apareceu em Outubro de 1967, juntamente com outras páginas nos cadernos da Livraria Feltrinelli. Uma parte de ´Que é a a paz?` , apareceu em ´Saturday Review`em Abril de 1968, depois de ter circulado policopiado desde o Verão de 1967; discutimos também repetidas vezes o que vem contido em ´Das velhas às novas estruturas` , não só na América Latina, mas também com os participantes da Marcha da paz de Milão a Roma (Novembro de 1967). ...» D. D.

Seguem-se os seguintes capítulos:
- Para inventar o futuro
- Apontamentos (e variações) sobre a experiência da pressão de cinquenta dias
- A propósito da barragem de Assuão

Ora foi a memória da leitura desse último capítulo e a impressão que sobre mim causou, até porque o que neste livro vem escrito remonta a pouco depois da chamada «Guerra do Seis Dias»: «A propósito da barragem de Assuão»!

Mais uma vez peço vénia e licença e vou, de novo, dar a apalavra a D. D. :

pág. 193
«Chegou-me aos ouvidos que a barragem de Assuão pode ser atingida. Como a irracionalidade humana não tem limites, tendo sido convidado a ir ao Cairo como observador num congresso, aproveitei a oportunidade para ver o que isso significa.
....
pág. 194
«Uma guerra, hoje, seria diferente de tudo o que se entendia sobre guerra. Em várias partes do mundo, as grandes potências jogam o seu jogo: de fora vê-se alguma coisa, mas o resto não se vê. é um jogo de azar. Por vezes fazem ´bluff`. Os diversos povos são as cartas. Mas a coisa mais terrível é que os jogadores, muitas vezes, não sabem o que fazem.
...
A actual situação no Médio Oriente exemplifica, uma vez mais, como um complexo conflito - em que se fundem e chocam ideias e intrigas, velhos interesses e verdadeiras exigências, racismo confessional e desapiedado poder de destruição, má informação, espionagem e falsidade - não pode encontrar, decerto, a verdadeira solução na sanguinária violência.
....
pág. 196
«Que toda a vida do povo depende da água do rio (Nilo) é óbvio, sabendo que, se no Cairo chove cinco dias por ano, em Assuão podem conservar os tapetes sempre ao ar: nunca chove. Basta subir alguns metros acima do nível do Nilo para ver que a terra já não é terra mas sim rocha...
....
pág. 212
«Mas. para responder à pergunta essencial que, de início, pusera a mim próprio, se na verdade houvesse um bombardeamento das duas barragens o que aconteceria?

Destruídas as barragens, os (muitos) milhões de metros cúbicos de água (53 milhões) retidos destruiriam ou inundariam imediatamente toda a parte viva do país. ...Os sobreviventes da catástrofe, sabe-se lá em que condições e durante quanto tempo, voltariam a depender das secas e das inundações. E como reagiriam os sobreviventes de uma população que empenhou as suas melhores energias...?»

Todos nós que pertencemos ao chamado mundo Ocidental e nos reivindicamos da Democracia deveríamos estar atentos às advertências de um homem, que como D. D. , empenhou toda a sua vida ao serviço da Humanidade!

Confiemos no bom senso de todos e muito particularmente no responsável «Conselho Supremo das Forças Armadas do Egipto»!...






                                                           Barragem de  Assuão


                                                Foto da NASA: a bacia do Nilo e o Delta


                                                                          EGIPTO


                                                        Egipto e países limítrofes

                           
                                                        Os dois «SUDÕES»


http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Nilo
http://www.publico.pt/Mundo/conselho-militar-no-egipto-entrega-mais-poderes-a-si-proprio-1550865
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gamal_Abdel_Nasser
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mohamed_Hussein_Tantawi

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