quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

«A Derrota do Pensamento» - Alain Finkielkraut







«A derrota do Pensamento»
   Alain Finkielkraut

Tradução de 
Ana Gama e Teresa Fonseca
1ª Edição: Novembro de 1988
Depósito legal n.º 23 650 / 88
Fotocomposição: Euro-Scanner
Publicações Dom Quixote

Título original: «La défaite de la Pensée»
1987. Éditions Gallimard - Paris


Esta obra descreve e discute a situação de crescente ambiguidade do conceito de cultura, que não tem com efeito cessado de transferir-se, ao longo do últimos dois séculos, do domínio do espírito para a zona bem mais difusa do universo quotidiano. A cultura acabou assim por adquirir dois significados antagónicos dos gestos elementares em termos de tradição local ou nacional.

Ora esta ambiguidade do conceito não corresponde exatamente às fronteiras que, durante o mesmo período, têm` distinguido ´esquerdas` e ´direitas`. Se, num primeiro tempo, o localismo foi conservador, servindo a reação alemã à humilhação que foi imposta à França napoleónica e revolucionária, no século XX, a defesa das independências dos países colonizados, tão reivindicada pelo progressismo, far-se-ia em nome do valor das tradições culturais desses países, contra o carácter falsamente universalista da civilização europeia.
Alain Finkielkraut, nascido em Paris em 1949, desenvolve neste seu livro um apaixonante debate sobra a subordinação do pensamento à barbárie generalizada, que acabou afinal por prevalecer, quer sob a forma do fanatismo, quer sob a capa mais insinuante do culto do espetáculo e da valorização da eterna adolescência.



À SOMBRA DE UMA GRANDE PALAVRA

Numa sequência do filme de Jean-Luc Godard, ´Vivre sa vie` , Brice Parain, que representa o papel do filósofo opõe a vida quotidiana à ´vida com o pensamento` , a que chama também vida superior. 
Fundadora do Ocidente, esta hierarquia sempre foi frágil e contestada. Mas só desde há pouco os seus adversários se reclamam da cultura, tal como militantes. O temo cultura tem hoje, com efeito, dois significados. O primeiro afirma a eminência da vida com o pensamento; o segundo rejeita-a: dos gestos elementares às grandes criações do espírito, não é tudo cultural? Por privilegiar então estas em detrimento daqueles, e a vida com o pensamento mais do que a arte de tricotar, o nascer do bétel ou o hábito ancestral de molhar o pão barrado de manteiga no café com o leite da manhã?
Mal-estar na cultura. Certamente, já ninguém vai puxar do revólver ao ouvir essa palavra. Mas são cada vez mais os que, ao ouvir a palavra ´pensamento` , puxam da sua cultura. Este livro é a narrativa da sua ascensão e do seu triunfo. (A.F.) .



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