sexta-feira, 23 de junho de 2023

«Sobre o Antimarxismo Contestatário» - Sottomayor Cardia


A bondade da miséria e a maldade da riqueza 
segundo um doutrinário da contestação
Sottomayor Cardia
                                                          'Textos Polémicos'


 



              «SOBRE

       O ANTIMARXISMO

        CONTESTATÁRIO»

ou as infidelidades de um jdanovista 

   ofuscado pelo neocapitalismo

Revisão de

José de Azevedo

Capa de 

Acácio Santos

Dezembro de 1972

190 páginas

Em «Textos Polémicos», entre várias personagens, afectas ao «Partido Comunista Português» (PCP), destacava-se a posição de Mário Sottomayor-Cardia, mais agressivamente dogmática e com o desejo de vir à liça com uma obra onde poderia explanar com maior orgânica e 'dogmática' marxista-leninista, atacar e por a ridículo as posições recentemente dadas a conhecer por António José Saraiva, em «Maio  e a Crise da Civilização Burguesa».

Dado AJS ser uma personalidade muito conhecida do público português e mesmo estrangeiro, tendo sido militante destacado do PCP, que abandonou!

António José Saraiva sai de Portugal e faz uma estadia de dez anos em Paris, tendo também leccionado dois anos na Holanda!

Nesses países teve contacto com modos diferentes de ver e analisar outros pontos de vista. Daí a surpresa com os acontecimentos do Maio de 68, se contudo estivesse melhor preparado para os analisar e entender que estávamos numa mudança de paradigma. Isso não aconteceria se tivesse ficado ligado a ideias e actos do tempo em que militou no PCP e acreditou no chamado 'socialismo real'!

Sottomayor Cardia nesta obra procura, por um lado elogiar o enorme investigador e por outro lado atacar as posições exposta na obra acima referida! Foi um detractor!

Que conhecer a fundo o movimento comunista internacional, logo se dá conta de sobressair de imediato um insulto a mestre António José Saraiva. Antes de mais chamar-lhe 'jadnovista' e ser a foto da capa do livro aqui apresentado, tudo menos tratar-se de 'antimarxistas'! Trata-se de uma manisfestação da «Liga Comunista Revolucionária», organização política ligada à IV Internacional. Dado haver diferenças entre os trotskistas, indico que esse grupo estava lidado ao «Sectretariado Unificado» de tendência 'pablista', cuja figura mais destacada era Ernest Mandel! Então, Sottomayor-Cardia insinuava que AJS era um admirador da extrema-esquerda inimiga do estalinismo e portanto a prova de que passou a posições anticomunistas!

O que mais irritou esse grupo 'crítico' foi a afirmação deAJS, dizendo que os comunistas franceses compravam 'ritualmente' o Jornal «L'Humanité» e lia o jornal «Le Monde» para saber da realidade dos acontecimentos!

Um insulto maior foi chamar à colação o ditador da arte, nomeadamente da literatura, Andrei Jdanov, muito apreciado por Estaline e Kruchev, afirmando que o antigo defensor do «Realismo Socialista», no caso vertente AJS, que acusava de «literatura burguesa» aqueles que tomavam posições apodadas de «idealismo«, logo anti marxistas-leninistas e reaccinárias!

Sotto-Mayor Cardia, leitor compulsivo, inteligente e de rara erudição, resistente antifascista que muito 'sofreu' nas várias prisões da PIDE, acabou a vida com graves perturbações mentais e hoje a sua obra não interessa ninguém!

António José Saraiva foi um investigador, com erudição de alto nível e qualidade! Deixa «Obra», ainda hoje apreciada e deu mostras de mostrar que sabia estar o mundo em mutação! Uma enorme «aceleração da história» era imparável!

AJS morre inopinadamente na 'Associação Portuguesa de Escritores', quando da atribuição do prémio 'Jacinto Prado Colho'! Ao agradecer, evocou a figura do pai, tendo caído redondo desmaiado, entrando já morto no hospital! (18 de Março de 1993)!

Ficará na História da Literatura e da Investigação científica!

Índice

Explicação prévia

  I   Novamente o mito do bom selvagem

II   Aburguesamento do proletariado ou fracasso do

      miserabilismo

IV Pode um proletário usar colarinhos brancos?

V  Uma realidade despicienda: o capiatalismo

VI Sobre o que a luta de classes não é

VII Tecnologia científica, serpente dos tempos mo-

       dernos

VIII Socialismo, mercadoria e apoteose burguesa

IX   Socialismo e controlo do poder

X   Uma subjectividade tristemente descarnada

      Apêdice

IIIA instrução


https://arquivos.rtp.pt/conteudos/morte-de-antonio-jose-saraiva/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Andrei_Jdanov

segunda-feira, 5 de junho de 2023

«TEXTOS POLÉMICOS»


 



«MAIO E A CRISE DA CIVILIZAÇÃO BURGUESA»

                 de António José Saraiva

                'TEXTOS POLÈMICOS'

                                   de

                     DANIEL G. PAULO

        JOFFRE DO AMARAL NOGUEIRA

            JOSÈ PACHECO PEREIRA

        MÁRIO SOTTOMAYOR CARDIA

                 ZEFERINO COELHO

                      Outubro de 1971

                          133 páginas


     

    Organização e prefácio de Zeferino Coelho

    Nota: Pela capa e apresentador  fica-se

            com a impressão de ter a ver com 

                    Editorial INOVA


Há quem afirme ter António José Saraiva renegado teses fundamentais por ele outrora defendidas, nomeadamente em alguns artigos que esta colecção incluiu.

O autor nega-o, e nós não temos que dar aqui a nossa opinião. Queremos apenas apontar que António José Saraiva empreendeu um processo de substituição dos seus tempos centrais de análise, transformando aquilo que dantes era clarificação, afinação das armas próprias pela correcção dos disparos contra o inimigo, num processo prévio de revisão das armas em sim mesmas, o que o levou, como no próprio livro em causa se afirma, a declarar tais armas imprestáveis e à consequente escolha de outras, que bem entendido, António José Saraiva considera mais certeiras.

Estamos em crer que foram estas as razões do vivissímo interesse polémico que Maio e a Crise da Civilização Burguesa provocou entre nós.

Se de facto o foram, tudo o que se disse e escreveu não terá sido pura perda de tempo.

(Do prefácio)


ÍNDICE

Daniel G. Paulo

«Dicionário Crítico do 'Fabuloso' País de Maio.


Joffre do Amaral Nogueira

'Maio e a Crise da Civilização Burguesa'

- o último livro de António José Saraiva.


José Pacheco Pereira

Um livro para queimar.


Mário Sotto-Mayor Cardia

A bondade da Miséria e a maldade da riqueza

segundo um doutrinário da contestação.


Zeferino Coelho

Como sair indemne da refrega ou o idealismo

revolucionário de António José Saraiva.


Nota: Sem margem a dúvidas é Mario Cardia quem

           desenvolve a mais acutilante crítica a AJS, quer 

          do ponto de vista da ironia, quer da solidez da

          'dogmática', 'marxista-leninista'!

          Não ficando satisfeito, o autor escreverá uma

          crítica mais aprofundade e circunstanciada que

          irá ser publicada no ano seguinte - 1972 - no

         livro 'Sobre o Antimarxismo Contetatário', editado

         pela 'Seara Nova' !