domingo, 7 de novembro de 2021

O Espião que salvou a União Soviética - Richard Sorge

                                          O Espião que salvou a União Soviética 

                                                              Richard Sorge

                                                            Camarada Sorge


Camarade Sorge                                                          Sorge l'Espion du Siècle
Nicole Chatel                                                                   Hans Hellmut Kirst
Alain Guérin                                                                   Tradução: Henri Thies
Com a colaboração                                                             Robert Laffont
de Keiko Kishi   
Posfácio de Yves Ciampi                                                               Paris, 1960
Juillard                                                                              383 pags
Paris 1965   
380 pags                                                                      (Die letzte Karte spielt der Tod)




Depois de variadas tentativas de assinar, à revelia dos «Acordos de Yalta», um convénio de rendição condicional entre o III Reich e os aliados ocidentais da URSS, podendo até almejar conseguir uma ofensiva conjunta entre estes e o que restava do Nazismo contra Estaline; depois de o sucessor de Hitler, Grande Almirante Doenitz, ter enviado Friedeburg e até o General Jodl, ao Quartel-General de Eisenhower a fim de assinar o acto de cessação de hostilidades na frente ocidental; a 7 de Maio de 1945 foi assinado em Reims, no Quartel-General do comando anglo-americano, o protocolo preliminar da capitulação das tropas alemãs perante os representantes do comando militar dos EUA, da Inglaterra e da URSS.

A 8 de Maio de 1945, em Karlshorst, situado nos arredores de Berlim, perante os representantes da URSS, EUA, Inglaterra e França, o antigo Chefe do Estado Maior do Alto Comando alemão, um dos principais criminosos de guerra, Marechal Keitel, firmou o acto definitivo da capitulação sem condições da Alemanha.

Um homem extraordinário, pela coragem, inteligência e capacidade de decisão não só não pôde estar presente, como não pôde saber nada sobre este acontecimento, para o qual tanto contribuiu: Richard Sorge! Aquele que Hans Helmut Kirst imortalizou num romance 'Sorge, o espião do século' tinha sido enforcado a «7 de Novembro» de 1944, acusado de espionagem a favor da URSS, depois de ter sido detido em 18 de Outubro de 1941, ter sido julgado e ter ficado prisioneiro na Embaixada da Alemanha, em Tóquio.

Sorge, admirador de Rosa Luxemburgo, membro do K.P.D. (Partido Comunista da Alemanha), militante do Partido Comunista da URSS, destacado militante do Komintern (Internacional Comunista), foi encarregado, pelo seu 'Centro' de espionagem, de criar um núcleo (a que se chamou Ramsay) destinado a obter informações úteis à segurança da União Soviética.

Em 1939, informou sobre a intenção de Hitler em esmagar a Polónia; em 1940 as intenções em relação à França; a 2 de Maio desse ano informou que Hitler decidira invadir a URSS.

A 15 de Maio de 1941, anunciou que a ofensiva se daria a 20 ou 22 de junho; a 22 de Junho a Alemanha invadiu a URSS. Em 26 desse mês enviou uma mensagem por rádio dizendo que se dedicaria ainda com mais afinco ao seu trabalho.

Informou Estaline da intenção do Japão em não invadir a URSS, o que permitiu a transferência das tropas do extremo-oriente soviético, para a defesa de Moscovo. Informou sobre o ataque a Pearl Harbour.

Sorge, finalmente detido, defendeu-se corajosamente, alegando lutar por uma causa de defesa de um ideal humanitário, contra a barbárie racista, nazi e do Japão.

Ainda viveu tempo suficiente para saber da vitória de Estalinegrado, da reconquista das Filipinas, em suma, de que a vitória final era certa! Só não estava vivo a 8 de Maio de 1945!...Foi conduzido ao suplício e executado a 7 de NOVEMBRO de 1944, dia da celebração da Revolução Soviética: foi uma vingança refinada!!! Sorge encarou a morte com grande calma; antes da abertura do estrado do alçapão onde o colocaram para ser enforcado e sobre o qual se mantinha de pé, com a corda no pescoço, ainda teve tempo de dizer distintamente:

 «Viva o Partido Comunista! Viva a União Soviética! Viva o Exército Vermelho! »